2|Revelação

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ㅤㅤCaminhando pelas ruas serenas da Itália, os pensamentos e as preocupações no meu coração me deixavam ansiosa. Ainda perto de casa, eu tinha a opção de voltar, caso eu me arrependesse, mas entrar lá , voltar para o quarto e dormir pra esquecer da frustração que passei, não era uma das minhas opções agora, minha mente rodava em conflito com tudo, trabalhando em extrema constância como uma máquina.

ㅤㅤEu queria ter as respostas para tudo, mas sempre que tentava questionar Ginevra sobre o meu passado, ela mudava de assunto ou me dava seu tratamento de silêncio, e durantes seus treinos rigorosos de autodefesa, eu descontava nela, mas isso mal a afetava, os muros em torno dela eram altos, minhas investidas de tentar quebrar sua frieza eram inúteis.

E a luta sempre terminava em fracasso.

Todas vezes que o horário do treinamento terminava, lá estava eu, no chão do tatame, ofegante, impotente e cansada. O corpo dolorido pelos golpes dela.

— Vamos, Yasu, levante-se. O treinamento ainda não acabou. - Ela me despertou do meu subconsciente, enquanto segurava meu abdome na mão, de bruços no chão, na tentativa de amenizar a dor.

ㅤㅤEu me levantei com dificuldade, me apoiando nos joelhos para recuperar meu fôlego, ajeitei minha postura logo depois. Não importava o quanto eu choraria depois disso, para Ginevra era um aprendizado, o mundo não vai pegar leve com você o dia que você estiver sozinha, acorde pra vida, garota. Não é um conto de fadas, Ginevra sempre falava isso.

Mas eu queria do meu jeito, queria receber atenção e carinho do que um treinamento tão cruel. Eu ainda sou muito nova, mal tive minha infância, agora teria que aprender a ser um adulto ainda com pleno 13 anos de idade.

— Foco! - Ginevra me alertou, mas foi tarde demais para que eu percebesse.

ㅤㅤEla me derrubou no chão de novo e pela primera vez, eu cedi, permaneci deitada sobre o piso. Senti minha visão se dissociar da realidade, o som agudo no ouvido ficava mais forte, mas logo fui despertada pela minha mentora, me puxou pelo braço, me sentando no tatame.

ㅤㅤEu não fiquei ali sentada por muito tempo. A dor no meu corpo era uma sombra diante da tempestade que fervilhava na minha mente. Aquela tensão constante, o vazio que parecia crescer cada vez mais dentro de mim... Eu não podia mais ignorar.

ㅤㅤLevantei-me com dificuldade, ainda sentindo o peso do treinamento, e caminhei até Ginevra, que estava de costas, organizando algumas armas no canto da sala. Parei a poucos metros dela e inspirei profundamente, tentando reunir coragem.

— Ginevra, eu preciso saber — minha voz saiu hesitante, mas firme o suficiente para que ela se virasse, a expressão séria como sempre. — Sobre o meu passado. Sobre quem eu sou... e sobre... Camila.

ㅤㅤO nome pareceu congelar o ar entre nós. Ginevra ficou imóvel, como se tivesse levado um golpe invisível. Seus olhos, que sempre pareciam tão impenetráveis, demonstraram uma fração de algo... dor? Medo? Culpa? Não conseguia identificar. Mas, ao invés de responder, ela voltou a organizar as armas, como se eu não tivesse falado nada.

— Não faça isso comigo! — Minha voz se elevou sem que eu percebesse. — Não me ignore como sempre faz! Você acha que me proteger desse jeito vai funcionar? Você acha que esconder as coisas de mim vai mudar o que aconteceu?

Ela parou novamente, mas dessa vez não se virou. Eu podia ver a rigidez em seus ombros, como se estivesse travando uma batalha interna.

— Você não sabe o que está pedindo, Yasu. — Sua voz era baixa, mas carregava um peso que me fez estremecer.

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⏰ Última atualização: Nov 16 ⏰

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