projeto vinte e dois

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"Jisoo "

Acordei meio tonta de um sono quase perfeito, dês que cheguei ali, aquela havia sido a primeira vez que havia dormindo tão bem, minhas lembranças eram quase nítidas, algumas vagas, mas sei que dormi nos braços de Rosé . Me sentei na cama, olhando o sol forte vindo do lado de fora, acho que havia dormido demais.

Ouvi o barulho da chave ser passado pela a minha porta, meu coração disparando esperando ver Rosé , mas não era ela, e sim um enfermeiro. Ele continha em suas mãos um saco preto, saco esse na qual ele jogou em minha direção logo em seguida cuspiu no chão do meu quarto como se tivesse nojo de estar ali, nojo de mim.

-Ande logo com isso, já dormiu mais que as outras, não faça eu ter que parar o meu trabalho para te esperar - remexo no saco vendo um uniforme azul, uma camiseta e uma calça comprida no tom azul claro, lembrei que no dia anterior quando dei aquela breve passada no jardim, todas as pacientes vestiam aquilo, com diferencial nos números, o meu estava destacado no bolso da camiseta que ficava um pouco abaixo do colo "1996" em preto - Anda logo, garota, se vista! Eu não tenho o dia inteiro!

- Não irei me vestir com você me olhando - respondi ainda de costas para ele, o homem apenas gargalhou.

-Se vestir na frente minha frente não é nada comparado ao que você ainda irá passar, lindinha.

Tremi dos pés a cabeça após escutar aquilo. Aonde estava Rosé ? Eu queria ela e não ele. Foi humilhante ter que me despir na frente daquele cara, eu sentia o seu olhar me queimando quando retirei a minha calça, até escutei um assovio saindo dele, fazendo assim o meu estômago embrulhar de uma forma sinistra. Finalmente eu me virei vendo que os seus olhos ainda varriam o meu corpo, eu só queria Rosé ali.

- Nada mal, lindinha - ele sorriu de canto - Vamos.

O segui de cabeça baixa até um lugar, era o refeitório, tão silencioso que não parecia ter várias mulheres ali, elas me encararam todas elas ao mesmo tempo, me deixando tão desconfortável e envergonhada, fui guiada até uma fila aonde me entregaram uma bandeja com mais daquela porcaria que um dia Rosé trouxe para mim. Me sentei em um lugar vago entre aquelas mulheres, o único som transmitido era dos talheres e das mastigadas que davam nada além daquilo.

- Não coma isso - a mulher que estava a minha direita sussurrou olhando para a colher que eu levaria a boca -Se você quer ficar viva... não coma isso...

- Porque?

- A substâncias nessa comida, estão nos matando pouco a pouco aqui - ela se afastou no mesmo segundo que um enfermeiro passou ao nosso lado, vi por debaixo da mesa que ela tinha uma sacola, a qual ela colocou no nosso meio e ali ela me mostrou que jogava sua comida fora - Apenas faça o que eu faço...

Observei quando ela levava a colher até a boca e depois jogava tudo na sacola, eu a imitei o mais sútil possível e quando dei por mim, não havia mais nada no prato. A mulher se levantou me olhou e fez um aceno com a cabeça para que eu a seguisse, paramos na frente de dois enfermeiros que bloqueavam uma porta, a mulher mostrou a sua bandeja vazia e logo eles deixaram ela passar, eu fiz o mesmo e lá estávamos nós no jardim. Não havia muitas mulheres lá, então por fim ela se virou para mim e deu um meio sorriso.

- Yeh shuhua - estendeu a mão, olhei o seu gesto por um segundo, não a deixando no vácuo porém.

- Kim jisoo .

- Eu sei quem você é, todas aqui sabem. A primogênita de Cristopher Kim, todos sabem quem você é.

- O seu sobrenome não me é estranho... - murmurei tentando lembrar da onde escutei aquele sobrenome, mas desisti assim que ela chamou a minha atenção.

- Está aqui a quantos dias?

- Quatro...

- Ah certo... você... você ainda não passou pelo o projeto vinte e dois...

- O que é esse projeto? - ela trancou a mandíbula, apertou as mãos e ficou tão tensa que me assustou um pouco, seus olhos se fecharam com tanta força que poderiam até machucá-la daquela forma.

- Você precisa sair daqui, Jisoo. Você não pode passar por esse tratamento, e nem deve perguntar sobre ele para qualquer enfermeiro ou enfermeira me entendeu? - eu balancei que sim com a cabeça - Eu estou criando uma plano de fuga a um tempo, mas não achava ninguém confiável para exercê-lo comigo. Nenhuma mulher tem coragem de fugir e eu já quase fui entregue por uma delas, você não irá me entregar certo?

- N-não... não! Eu quero sair daqui também! Me leve junto com você por favor! Por favor!

-Acalme-se, o plano ainda está pela metade, você precisa ter paciência e principalmente me ajudar com isso.

- Ok! Eu te ajudo com tudo que for necessário mas por favor, me tire desse lugar!

Então eu tapei os meus ouvidos assim que uma sirene ensurdecedora tocou, vi enfermeiros correndo em nossa direção, nos agarrando pelo o braço e correndo pelo o longo corredor, fui separada de Shuhua e jogada em meu quarto novamente, sendo trancada sem ao menos ter entendido o que estava acontecendo, além de claro estar com fome.

Senti algo estranho no bolso da minha calça, era uma barrinha de cereal, com o número "1994 Shuhua", eu sorri abrindo aquilo com tanta velocidade que poderia até derrubar o alimento. Fechei os meus olhos em deleite ao sentir as proteínas em minha língua, aquilo bastava por enquanto. Quando tudo pareceu calmo, a porta se abriu, dessa vez me mostrando rosé , com uma feição exausta, enjoada, apavorada, mas que tentava ser suave ao mesmo tempo, ela me olhou se virado de costas e pelo os seus movimentos ela estava chorando, tive a certeza disso quando ela soluçou baixo. Eu me levantei, nas pontas dos pés me coloquei atrás dela e toquei suas costas, tirando a mão logo em seguida quando ela se remexeu.

- O que foi...? - ela negou - O que foi? - insisti na pergunta, esperando que ela me respondesse, eu queria ouvir a sua voz.

-Eu tenho que te tirar daqui, Jisoo, eu preciso te tirar daqui - ela sussurrou se virando para mim - Projeto vinte e dois... esse é o problema...

1996 - chaesoo Ver. ( g!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora