- 𝐒𝐢𝐥𝐞𝐧𝐭 𝐎𝐛𝐞𝐝𝐢𝐞𝐧𝐜𝐞 -

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A porta do meu quarto foi aberta bruscamente. O som da porta batendo na parede me despertou do meu sono profundo e eu me sentei na cama. Eu não conseguia acreditar no meu azar. Era tarde da noite e meu pai estava chegando em casa, o que provavelmente significa que ele tinha um caso difícil a resolver.

Ouvi a voz do meu pai, John, na porta, dizendo o meu nome. Ele era um detetive da polícia e sua rotina sempre era muito ocupada. Ele parecia muito estressado, o que, para ser honesta, não era uma surpresa, já que a vida de um policial não é nada fácil. "Stella!" Ele diz, como um pedido de licença para entrar, já que havia se esquecido de bater.

Eu tiro meus fones e respondo:"Sim?" Estou preocupada com o meu pai, ele parece tão estressado.

"Não quero mais você perambulando por aí! Dá escola para a casa, imediatamente! Se necessário eu mesmo irei busca-la todos os dias." Ele diz, parecendo preocupado e ao mesmo tempo me acusando de algo. Eu não posso dizer nada, já que ele me conhece muito bem. Ele já sabe que sou o tipo que adora discutir.

"Não discuta!" Ele manda com uma voz forte e impondo. Como se eu fosse um cão. Eu odeio essa casa. A escola e meus amigos são minha única escapatória desse lugar. É claro que ele só quer o meu bem, mas às vezes sinto que ele passa dos limites.

"O que aconteceu? Conhece todos os meus amigos, o que tem eu ficar com eles depois da escola?" Eu pergunto, sabendo muito bem que ele não vai gostar da minha resposta.

"Estou tendo problemas com uma gangue da cidade. Isso está prestes a se tornar uma guerra. Então quero você aqui assim que a aula acabar!" Ele disse saindo e fechando a porta.

TOM POV:

"Que merda, Gustav! Saia da minha frente antes que eu acabe com você!" Eu disse, batendo o punho na mesa com força. O estrondo fez Gustav se assustar e ele saiu, já que sabia que eu não fazia ameaças em vão.

Então eu escuto Bill se aproximando de mim por trás. Ele é meu irmão e tudo o que eu tenho, mas isso não significa que eu não pudesse cuidar dele, caso necessário, e ele sabia disso.

Então, ele nunca me desafiava.

"O que vamos fazer?" Bill pergunta, parece preocupado.

"Merda! Eu não sei. Preciso pensar." Agarro um vaso que estava na mesa e o lanço na parede. Bill se assusta com o som alto do vidro se quebrando. Ele coloca as mãos nos meus ombros tentando me acalmar. Eu me levanto bruscamente e olho para ele. Pela expressão de terror que tomou conta do seu rosto acredito que ele tenha pensado que eu iria atacá-lo.

"A garota!" Eu digo, com um sorriso brilhando em meu rosto. Eu tenho um plano.

"Garota?" Ele diz, confuso.

"Sim! Descubra onde encontrá-la e a traga até mim." Eu digo, firmemente e com confiança.

"A filha dele?" Ele pergunta, ainda mais confuso.

Eu não preciso responder, ele já sabe do que eu estou falando. Eu apenas espero que ele encontre a garota e a traga até mim o mais rápido possível, para que eu possa começar meu plano.

"Exatamente! Ela é a solução. A ponta solta." Eu digo, dando um estalo.

"Faça isso o mais rápido possível." Eu digo antes de sair, me dirigindo ao meu quarto. Havia uma mulher em minha cama, o que não é incomum.

"Saia." Eu digo para ela e ela sai sem dizer uma palavra ou me olhar nos olhos.

Este é o tratamento que exijo dessas vadias. Obediência em silêncio. Eu odeio ser contrariado. Não é de se admirar que nenhuma mulher possa aguentar ficar comigo por muito tempo. Mas isso não me importa, pois nunca me senti confortável com a presença das mesmas mulheres em minha casa de qualquer maneira.

Me deito em minha grande, macia e confortável cama, mas minha mente está em algum lugar diferente. Pois meus lençóis estão cheios de lembranças de uma noite que nem foram tão agradáveis quanto eu queria que fossem.

Eu sinto um cheiro fétido de sexo e isso me irrita. Não estava no clima para isso hoje. Isso me lembra da garota que conheci. Ela tem olhos de esmeralda e não tinha medo de mim. Mas parece que ela era uma ingrata, ela nem me agradeceu por nada. Talvez eu precise fazer algo a respeito disso.

Eu tenho uma mente que dificilmente me deixa esquecer das coisas. Mas às vezes eu sinto que isso é mais uma maldição do que uma benção. Porque os pensamentos insistem em voltar à minha mente sem qualquer aviso prévio. É como se fosse uma voz interna que grita de desespero quando estou em silêncio e não tem mais o que pensar. Dessa vez, o pensamento que me assalta é daquela noite.

Eu estava dirigindo pelo que parecia uma das pequenas ruas de pedra naquela cidade. Tive que diminuir a velocidade consideravelmente, considerando o quanto aquela rua era apertada de fato. Então, ao passar por um beco, não pude evitar de vê-la sendo cercada por dois homens. Parei o carro, olhando para o beco, tentando ver o que estava acontecendo, eu não deveria me importar mas não pude evitar.

Eu nunca esqueci daquele dia. Quando olhei para ela, seus olhos eram como um mar de esmeraldas. Por um momento, pensei que seus olhos eram o mundo que eu sempre quis conhecer. Mas eles também eram tristes e marejados.

Ela olhou para mim, implorando por ajuda com sua expressão. Hoje ainda penso sobre ela, sobre a forma como seus cabelos caíam sobre seu rosto, sobre a forma como ela me olhava com toda a esperança de um mundo melhor. Isso me afetou por algum motivo que não consigo compreender;

Ainda.


Oblívio - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora