Capítulo 6 - Feridas De Amor

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"O Pesadelo"

Em 1776...

Há mágoa em sua voz. Ela faz menção de partir, mas não posso deixá-la ir, não assim. Eu atravesso o espaço que nos separa e a abraço pelas costas.

— Não posso te deixar ir... — Declaro desesperado.
— Você tem que me deixar ir Louis.  — Ela rebate tentando puxar a minha mão que a abraça pela cintura.

— Por Deus, Melanie! — Eu a viro para mim e a beijo com paixão.

Ela se abandona nos meus braços e me beija com a mesma paixão. Minhas mãos deslizam por suas costas e aperto contra mim.
O beijo tem gosto de desejo, de vida.
Não tenho dúvida do que quero, o problema é o preço a pagar, mas quando ela está nos meus braços, tudo parece mais fácil.

Lutei tanto contra isso, e agora não quero ficar sem. Não posso mais me afastar dela.

Christos Karamanlis acorda angustiado mais uma vez. Desde que ele pisou nas terras da família Reviello, os sonhos e pesadelos agora tinham nome e rosto, Allegra Reviello.

O que ele não compreendia era como uma esnobe mulher poderia virar a sua vida de cabeça para baixo.
— Maldição! Resmungou perdendo o sono mais uma vez. —Por que eu estou tendo esses malditos sonhos? Por que essa  maldita mulher não sai um minuto da minha cabeça? Ele virou de lado e a única imagem que vinha diante de seus olhos eram a de Allegra.

Bufou mais irritado, saltando da cama.
Ficou diante da janela e tocou a sua estranha marca de nascença. Era uma marca escura um pouco abaixo de seu ventre, uma marca que lembrava um tiro em seu abdômen, bem em cima do seu intestino.

Aquela estranha marca de nascença nunca havia lhe dado nenhum problema. Mas assim que viu Allegra Reviello, instantemente a marca começar a queimar e doer.

Por coincidência estava perambulando pela propriedade Reviello quando esbarrou com alguns ciganos.

E uma cigana surgiu de repente na sua frente.

— Marcas de nascença podem mostrar como você morreu na vida passada! Sua afirmação o pegou de surpresa, pois apenas pessoas íntimas sabiam de sua existência.

— Como disse? A indaguei desconfiado.

— Você tem alguma marca de nascença? Geralmente, elas são pequenos sinais espalhados pelo corpo, como machinhas ou pintas, que estão lá desde que você era beeeem pequenininho. Até aí, sem muitas novidades, certo? Mas existe uma crença muito forte de que esses sinaizinhos mostram acidentes que você sofreu em vidas passadas e até mesmo como você morreu.

— Eu não acredito nisso!

— É claro que isso é algo totalmente ligados ao espiritismo e, se você seguir outra religião, pode duvidar. Mas tudo não deixa de ser bastante curioso meu jovem! Meu povo acredita que as marcas de nascença (pintas, manchas ou até mesmo alguma deformidade congênita) são influências que outras vidas exercem sob a sua atual. Calma, não precisa me olhar assim jovem. Eu vou lhe explicar melhor!

A cigana de idade avançada, munida de sua experiência e saberia conquistadas através da observação e do tempo sorriu.

— Se você tiver uma manchinha nas costelas, por exemplo, pode ser que tenha levado uma facada ou um tiro nessa parte do corpo em outra vida. Pessoas que sofrem de gastrite e problemas estomacais têm grandes chances de terem sido mortas por envenenamento. Os que sofrem de algum problema crônico respiratório? Bem, podem ter sido mortos por sufocamento.

— E como pode afirmar algo tão sério assim? Questionei tentando encontrar outra explicação plausível.

— Como lhe disse, meu povo... Bem, não para por aí! Meu povo ainda hoje têm o costume de fazer pequenas marquinhas com cinzas em ciganos que acabaram de morrer, justamente para acompanhar o processo de reencarnação da alma. Sei que tem muitas perguntas. Mas elas não estão aqui. Meu povo só pode observar o desenrolar do tempo e dos fatos. Sabe, anos atrás um garoto que morava do outro lado do mundo nasceu com um mancha de nascença no mesmo local em que seu avô havia sido marcado quando morto. Ao completar 2 anos, ele começou a chamar a avó pelo apelido que somente o marido chamava, assustando a todos.

Feridas De Amor - Série Pecados Capitais - Livro VOnde histórias criam vida. Descubra agora