Capítulo 1: Barulhos noturnos e um inesperado encontro.

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Mais um dia de trabalho se conclui... Hoje eu realmente estou cansado. Muito CANSADO. Dormi mais de 5 vezes no meu turno. No entanto, consegui ser forte o suficiente para aguentar e ficar acordado até esse momento.

Acerca de umas 22:30, eu já tinha saído do expediente e estava indo até o estacionamento subterrâneo do local, onde encontrava-se o meu carro. Estava andando em passos apressados, até tirei o jaleco, porque, de certa forma, ele era um incômodo, devido ao calor que fazia naquela noite calorenta de janeiro.

Quando cheguei em meu carro, senti-me aliviado. "Estou quase chegando em casa", foi o que eu pensei, ao abrir a porta do veículo. No momento em que entrei, escutei barulhos estranhos vindos do carro ao lado... Parecia alguém passando a mão na lataria, enquanto andava. Honestamente, apavorou-me! Porém, sendo um homem cético e racional, pensei em possíveis causas desse barulho repentino, uma delas foi animais, pois sempre tivera gatos de rua no estacionamento do meu trabalho... Um deles até entrou no meu carro, uma vez.

Com essa hipótese em mente, saio do carro e vou até ao local do barulho, totalmente despreparado para um possível ataque - eu reconheço que foi um erro -. Quando chego na parte da frente do veículo vizinho, avisto uma criança... que no momento, não dava para ver o seu rosto, certamente a iluminação do estacionamento do hospital não era uma das melhores.

— Eh... O que você está fazendo aqui, pequeno? — digo, aproximando-me dele.A pequena criança, ao notar a minha presença, se assusta. A sua aparência não era muito boa, o seu corpo estava com muitos machucados e esparadrapos. Suas roupas eram sujas e maltrapilhas, (se isso dava para chamar de "roupas") e estava carregando uma mochila bem imunda e rasgada.

— Ah... Oi? — falo, franzindo as sobrancelhas.A criança esfarrapada apenas encarava-me, sem expressar nenhuma reação. Ficamos em silêncio por algum tempinho, não sei quanto, mas tenho certeza que durou pouco.- Hmm, certo... Qual é o seu nome, pequenino? - tentei comunicar-me com ela, mas não teve sucesso.Ela apenas olhou-me de uma forma séria, me julgando.

Eu lembro que ela fez um gesto involuntário com a mão direita, no qual eu notei. Na verdade, não apenas isso, também avistei uma pulseira em seu braço, a qual estava muito limpa e nova.Era uma pulseira vermelha que tinha uma parte metálica acoplada e possuía alguns "sinais"... Não observei se eram letras, números ou apenas desenhos. Entretanto, queria vê-la melhor, afinal, poderia ter algo útil escrito.

— Eu posso ver a sua pulseira? Ela é bem bonita. Gosto de vermelho — comento docemente, tentando passar um ar de confiança.A criança calada franziu o cenho, por estranhar a minha pergunta, mas ela concede que eu possa ver a sua pulseira e estende o braço direito para mim.

"Nome: Benjamin.

**** (ano de nascimento)

Emergência: (**) ****-****

Emergência (2): (**) ****-****

Local: Orfanato Rosa Branca.

"Segurança (nível): Vermelho.

Após analisá-la, logo compreendo o que está acontecendo: provavelmente Benjamin, o garotinho órfão, fugiu ou se perdeu do orfanato. E o único amparo que conseguira encontrar foi o estacionamento do subsolo.

— Hmm... O seu nome é Benjamin, certo? — Pela primeira vez, ele consegue se comunicar, assentindo com a cabeça.

— Muito bem... Me chamo Eduardo, mas pode me chamar de tio Edu... — dei uma pequena pausa, antes de completar a frase — ...Você consegue me escutar e entender, Benjamin? Novamente, o garotinho concorda com a cabeça, duas vezes seguidas.

— Muito bom. Você consegue se comunicar comigo verbalmente? O garoto nega com a cabeça e gesticula em libras, felizmente eu sei o básico e compreendo o que ele disse: "eu sou mudo, mas não sou surdo".

— Hmm, okay. - faço um joinha com a mão - Bom agora eu vou ter que te levar para esse orfanato da sua pulseira, pois não há outra forma de ajudar-lhe além disso. E óbvio, se ele estiver aberto.

Benjamin olha para mim assustado e com os olhos arregalados. Entretanto, ignorei a sua reação atípica.- Bom, vamos. Eu liguei o carro e preparei o assento do menininho, que ficava nos bancos de trás do carro. Ele estava demonstrando ansiedade, mordendo os lábios com força e estralando os dedos.

- Pode entrar, Ben - falo, abrindo a porta do carro. Benjamin fica me encarando, desconfiado da minha atitude... É plausível o porquê, afinal, sou um completo desconhecido para ele. Mas ele entra no carro, depois eu também.

Sem demora, saio do estacionamento e sigo o trajeto até ao orfanato de Ben, usando o GPS. E lugar o qual não era longe dali, felizmente.

Em algum momento do percurso, o garotinho sai do seu assento e vai para o banco do passageiro, que ficava ao lado do banco do motorista, o meu. Tomo um susto com a sua presença aleatória. Após alguns minutos dessa aparição repentina, chegamos em seu lar "provisório". Estacionei na frente do local, no qual estava aberto, o que me surpreendeu de certa forma, pois já era 22h48min.

— Chegamos, Benjamin — O menininho olhou para mim com os olhos marejados.

"Homem mau", era o que ele falava em libras, apontando para um homem gordo e barbudo que aparentava ser o porteiro.

— "Homem mau"? - questiono, olhando para o homem, que estava cochilando tranquilamente. Ben concorda com a cabeça e, esconde-se, no intuito inocente de não ser visto pelo "homem mau".

— Está tudo bem, ele não vai te fazer mal. Eu vou lhe entregar para os responsáveis do lugar. Está tudo bem! Mesmo falando aquilo para passar-lhe segurança, o garotinho começou a chorar e, de repente, agarrou-se comigo com muita força.

— Calma! — eu tentei acalmá-lo, mas foi em vão. Ele realmente não queria voltar para aquele lugar novamente.

— Eu realmente não sei o que fazer contigo... O meu marido não ficará muito feliz em ver-te, pequeno. — digo em um tom melancólico, acariciando os cabelos ásperos e sem vida da cabeça do pequeno menino, tentando cessar o seu choro.

Meu esposo, Marcos, não iria gostar de ver uma criança desconhecida em nossa casa, principalmente nesse estado que encontra-se... Entretanto, eu vou ter que levá-lo e tentar convencê-lo de que o menino órfão deverá uma noite conosco.

Enfim, partimos daquele lugar simples e hostil para Benjamin, e seguimos rumo em direção a minha casa. Demoramos apenas 20 minutos. Quando chegamos, fui recepcionado por Marcos, que já estava na porta de casa, esperando-me, como um cão que anseia a chegada do seu dono após um dia inteiro sozinho em casa.

— Chegou tão tarde... Eu pensei que poderia ter acontecido algo sério. — ele fala de forma monótona, sonolento.

— Não aconteceu, não. Eu estou bem... Apenas tenho que te mostrar algo — estava com pico de adrelina atingido e os batimentos cardíacos acelerados porque eu não sabia como seria a reação do meu esposo, poderia ser muito boa ou muito negativa.

— O que foi, amor?

— Espero que não surte, mas esse é o problema... — Mostro o órfão, Benjamin, que estava escondido atrás de mim.

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⏰ Last updated: Oct 16, 2023 ⏰

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Meu EXTRAORDINÁRIO BenWhere stories live. Discover now