Pound the alarm (Wen Junhui) 🍓🍓🍓

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"Onde Jun ajuda Rita a emagrecer"

"Duvido que vai ser algo bom de se ver. Ela é uma baleia."

"A bicha só não é maior que a Thais Carla."

"Vai tropeçar nas banhas KKKKKKK"

"Saudades da época que colocavam mulher bonita como rainha da bateria."

Rita era forte o suficiente para não deixar os comentários fazerem ela desmoronar. Mas não era forte o suficiente para não deixar que eles a irritassem.

Rita Albuquerque tinha 23 anos, belos cabelos escuros, a pele clara e lisa como porcelana e traços finos. Um rosto em formato de coração e bochechas naturalmente coradas. Seria deslumbrante se não fosse seu maldito peso.

Ela suspirou e caiu sobre os travesseiros de penas caríssimos, pensando se valia mesmo a pena ganhar dinheiro às custas da Internet. Na Internet o ser humano assume sua face mais podre e primitiva. Na Internet, o anonimato permite atrocidades. Permite que tudo seja dito sem o filtro social. E ver o que pessoas que deveriam ser suas fãs comentando aquelas coisas sobre ela a machucava mais do que gostaria. Mesmo que fosse admirada por suas falas desinibidas e pela pose de mulher que não se importa com a opinião alheia, a verdade era que Rita se importava demais.

Ela era uma influencer de moda e maquiagem. Uma influencer gorda. E, de alguma forma, ela inspirava mulheres comuns a querer se maquiar mais e se vestir melhor. Rita tinha uma profissão, claro. Já tinha terminado a faculdade de Farmácias, depois de seu crescimento viral no tiktok, YouTube e até na Twitch, ela abandonou a carreira.

Era nessas horas que ela se arrependia mais.

- Eu nem sou gorda. Sou midsize. - ela resmungou.

Mas sabia que não era verdade. Tinha 1.68 e 90 kg. Era gorda sim. As vezes achava o corpo bonito. Ainda tinha curvas. Mas as pessoas falavam. Não se importavam com essas curvas, na verdade. Alguns elogiavam, mas sempre vinha algum comentário maldoso no meio.

E agora que tinham convidado ela para ser a rainha da bateria na Sapucaí no Carnaval que seria em 6 meses, isso tinha aumentado em dez vezes mais.

- Nem gosto de Carnaval. Nossa família é crente.

- Então não vai, merda.

Rita olhou para Jun estirado no tapete rosa dela, em uma pose folgada e pensou o que as pessoas diriam se soubessem a frequência com que ele visitava a casa.

- Eu tenho vergonha!

- Você posta foto de biquíni fio dental o tempo todo. - Jun acusou.

- Não é a mesma coisa.

- É você pelada do mesmo jeito.

Rita bufou e se levantou. Caminhou até seu espelho fixo na parede. Encarou a si mesma. As coxas grossas na bermuda do pijama, os peitos grandes e aquela barriga terrível. Nunca odiou tanto o reflexo.

- Como vou desfilar com esse corpo de cinquentona? - Ela lamentou.

- A Alessandra Negrini é cinquentona e é uma gostosa.

- Já falei que te odeio?

- Bom você tem seis meses. Se odeia tanto seu corpo, vai malhar.

Rita se virou, com um sorriso maior do que o do coringa.

- Tem uma ideia surgindo na minha mente agora.

- Lá vem. - Jun suspirou.

- Você vai me ajudar. Você me deve.

Night Ways [One Shots]Onde histórias criam vida. Descubra agora