Capítulo 1 (único)

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  Dia dos Namorados, magnífico e poético para os amantes, porém a desgraça para os solteiros. Kageyama não tinha nada contra a ideia de tirar um dia para presentear seu, ou sua, amada. Afinal ele não era um velho carrancudo de coração frio, apesar de parecer, ele apenas detestava a melosidade em excesso. É sério que é tão difícil de comemorarem o amor cada um em seu canto? Ele não precisava de homenagens em lugares públicos ou de casais se beijando apaixonadamente em cada lugar que ele visita, (nada contra os casais mais velhos, esta é uma crítica a casais de adolescentes emocionados) não é tão difícil demonstrar seu amor apenas para a pessoa a quem ele é destinado.

  Apesar de estar na pior data de todas, Kageyama não detestava tanto assim o dia que estava fazendo. Era uma tarde úmida, daquelas em que se sente o cheiro de chuva apesar da própria não se fazer presente, as preferidas do garoto.

  Perdido em seus pensamentos, ou melhor dizendo: xingamentos, muito especificamente direcionados. O garoto sequer notou quando tocaram sua campainha pela primeira vez, e só foi realmente perceber quando começaram a esmurrar sua porta com fúria, fazendo assim com que ele derrubasse metade de seu café no próprio peito. Resmungando maldições a seja lá quem for o filho da puta que está na sua porta, ele se locomoveu até a origem do barulho girando a maçaneta e logo dando de cara com uma cabeleira ruiva muito conhecida.

  — Boa tarde, Bakageyama! — Foi a primeira coisa dita por Hinata, com um tom irônico enquanto brincava com seu sobrenome.

  — Boa tarde o caralho, precisava espancar minha porta? Eu não sou surdo!

  O dono dos cabelos ruivos esvoaçantes o encarou com um beiço digno de uma criança emburrada.

  — Eu esperei, mas você não apareceu! O que queria que eu fizesse? — Kageyama o encarava com um beiço ainda maior, como a boa "criança emburrada" que é.

  — Quem sabe, você não poderia ter tocado a campainha de novo e esperado mais um pouco talvez? — O outro o encarava com intensidade suficiente para queimá-lo vivo, como quem diz: 'não queria fazer isso'.

  Sinceramente? Kageyama não se importava. Ele estala a língua no fundo da garganta com um semblante não muito amigável.

  — Não faz mais diferença de qualquer forma. Agora, o que faz aqui perturbando minha paz?

  Como se fosse um passe mágica, o semblante de Hinata muda, dando espaço a olhos brilhantes e um sorriso em formação.

  — Vim passar o dia contigo, — ele diz alegremente enquanto encara o mais alto, — pensei que poderíamos ir a algum lugar. Quem sabe não passamos o dia na quadra de vôlei? Você pode me fazer alguns levantamentos!

  Conforme falava, a voz do mais baixo se tornava cada vez mais alta, sinal que indicava uma real animação com a ideia que estava propondo. Kageyama ouviu tudo em silêncio ponderando, ele já havia se decidido, mas resolveu tirar uma dúvida antes.

  — Hoje é Dia dos Namorados, você não deveria estar passando o dia com sua namorada ou sei lá... — O garoto disse em um tom desinteressado, apesar de estar curioso.

  Não que ele achasse que o alaranjado realmente possuía uma namorada, afinal estamos falando de Hinata Shoyo, lerdo demais para perceber que alguém nutre sentimentos por ele. Mas talvez o garoto gostasse de alguém? Datas comemorativas, como o Dia dos Namorados, são grandes oportunidades para pedir alguém em namoro.

  "Acho que até o idiota do Hinata consegue pensar nisso."

  Kageyama disse mentalmente.

  — Kageyama. — Hinata disse com uma expressão séria, o que fez o mais alto enrijecer da cabeça aos pés, já que não estava acostumado a presenciar o ruivo com tal semblante estampado no rosto. — Você está me zoando? Você sabe muito bem que eu não tenho namorada! Não é justo esfregar isso na minha cara quando nem você tem uma! — Hinata dizia com as bochechas infladas, coisa que o deixava estranho na visão de Kageyama, logo finalizou chamando Kageyama de idiota mais três vezes.

Feliz Dia dos Namorados - OneshotOnde histórias criam vida. Descubra agora