Promessa

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- Ninguém viu a gente entrar aqui juntos, né? - perguntei, tentando controlar o misto de tesão e nervoso que eu estava sentindo com toda aquela situação.

- Shhh - ele sussurrou em resposta, baixinho, no meu ouvido, fechando a porta do quarto e me empurrando por trás contra a parede, segurando meus dois braços - você tá segura aqui comigo. Como nos velhos tempos. Não confia mais em mim?

Dei uma risadinha baixa, jogando a cabeça para trás, na tentativa de encará-lo nos olhos. Mas, antes que eu pudesse terminar o movimento, ele aproveitou que o meu pescoço ficou completamente exposto e deixou um beijo demorado ali, fazendo meu corpo todo estremecer.

Eu tinha uma resposta pronta e provocativa para dar, mas, naquele segundo, eu esqueci até como se respirava. E, pelo som abafado da risada dele, o rosto ainda enfiado no meu pescoço, ficou claro que ele percebeu.

- Você não era assim - ele disse, me virando de frente e me apertando de volta contra a parede, uma das mãos passeando pelo meu pescoço e baixando, devagar, em direção aos meus seios. Me esforcei para segurar um gemido, antes dos nossos olhos se cruzarem pela primeira vez desde que ele fechara a porta do quarto.

Apesar do ambiente escuro, consegui reparar que os olhos negros dele brilhavam de prazer, me encarando como se eu fosse a mulher mais desejada da face da terra.

- Assim como? - consegui perguntar, sustentando o olhar.

- Tão medrosa. Nem parece a mulher cheia de marra de cabelo escorrido, usando uma blusa transparente e uma calça branca brilhosa justíssima que eu vi sair do elevador antes do show - o cheiro do hálito doce dele tão perto da minha boca estava me deixando maluca.

Dei um sorriso, antes de ele afastar seu rosto do meu. Tentei disfarçar a pontada de frustração que invadiu meu peito, ao não ter mais a boca dele perto da minha.

Enquanto ele me puxava pela mão até o centro do quarto, pensei o quão inusitado era tudo aquilo. Eu desejava a boca dele como se nunca o houvesse beijado antes. Como se não houvéssemos trocados juras de amor antes. Como se nós nunca tivéssemos dividido a mesma cama.

Ele me levantou com uma facilidade surpreendente, me colocando sentada em cima da cômoda do quarto, jogando alguns papeis que estavam ali em cima diretamente no chão. Para meu alívio, ele voltou a colar meu corpo no dele, fazendo desaparecer os poucos centímetros que estavam nos separando e já estavam me deixando incomodada.

- Por onde você andou nos últimos vinte anos? - perguntei, sem pensar, enquanto ele passava o dedo, devagar, pelos meus lábios, contornando-os sem pressa nenhuma.

- Por aí - ele respondeu, baixando a alça direita do meu cropped branco e mordendo meu ombro. Senti minhas pernas estremecerem um pouco, fazendo com que eu escorregasse alguns centímetros, enquanto ele me segurava em cima da cômoda - esperando você lembrar da promessa que fizemos e que eu sou o homem da sua vida.

Dei uma risada no ouvido dele, lembrando da promessa infantil que havíamos feito quase vinte anos atrás, na época que éramos vizinhos em Araguaína.

- Você prometeu que voltaria para Araguaína para casar comigo... - ele soltou, descendo os lábios pelo meu pescoço.

Sorri, o rosto enfiado em seus cabelos, enquanto o segurava, com força. As cenas do nosso namoro adolescente inundaram a minha mente: os beijos roubados no parque da cidade, as juras de amor deitados na parte de trás da casa dele, olhando as estrelas, as escapadas escondidas dos nossos pais para que pudéssemos passar o dia juntos.

O auge da rebeldia da Maraisa de 17 anos.

- Voltei, não voltei? - sussurrei no seu ouvido, mordendo, de leve, o lóbulo da sua orelha.

- Para fazer um show aqui na cidade - ele respondeu, rápido, se ajoelhando no chão e desabotoando a minha calça justa - não para casar comigo.

- Quem disse? - devolvi, sentindo meu corpo ferver - quem disse que não voltei para casar com você?

Dei uma risadinha debochada em seguida, tentando deixar claro que era uma brincadeira.

Mas, algo me dizia que, no fundo, não era uma brincadeira.

Ao menos, eu não queria que fosse.

Aquele beijo, aquele toque, aquele olhar de admiração...

Apesar dos quase vinte anos que se passaram, meu corpo parecia lembrar de tudo, como se ele nunca tivesse ido embora.

E algo me dizia que, agora, ele tinha chego para ficar.

ONE SHOTS - Macó // @aluisa_ & @shewantsmaraisaOnde histórias criam vida. Descubra agora