𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝟎𝟏

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Aviso prévio; O que está prestes a ler contém insinuações, atos sexuais e palavras de baixíssimo calão. Desde já, agradeço seu apoio ao ler e comentar na minha história, saiba que isso faz sim, uma grande diferença. Divirta-se e Boa leitura.

    Era uma tarde ensolarada, os pássaros voavam de uma árvore para a outra pelo grande pátio do orfanato, cantarolando felizes

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Era uma tarde ensolarada, os pássaros voavam de uma árvore para a outra pelo grande pátio do orfanato, cantarolando felizes.

Eu estava debaixo de uma árvore, sentada ao seu pé sobre a grama e com as costas apoiadas em seu tronco grosso. Naquele dia, enfim poderia descansar um pouco e ler o meu livro favorito. Sem rezas, sem afazeres ou lições disciplinares e escolares. Ser uma das crianças mais velhas não era fácil, quase toda a carga cai sobre meus ombros e de outras duas garotas com quase a minha idade. Embora fossemos em três, eram muitas crianças pequenas, a sede do orfanato em si, era um grande casarão antigo e particularmente, acabado. Mesmo dividindo os afazeres com as outras mulheres que lá trabalham, ainda sim era um pouco pesado. Minhas mãos já calejaram um pouco de tanto lavar roupas e louças, sem falar das minhas costas que às vezes doem por carregar grandes trouxas pelo casarão. Descer e subir escadas com aquele peso era de fato cansativo demais às vezes. Sem falar das noites mal dormidas quando se tem uma ou duas crianças doentes, a virose sempre atinge mais de uma. Não entendo muito o porque que eu e as outras moças temos de ser as responsáveis pelos mais novos, as mulheres nas quais deveriam ser as responsáveis mal fazem a comida para nós, não lavam roupas ou limpam o chão, é basicamente tudo com a gente.

A diretora, antes muito boa e atenciosa, que governava nosso lar para crianças órfãs como uma verdadeira "super mãe", agora está enferma em um dos vários quartos da mansão. Fora ser tão velha que perdeu até mesmo sua consciência, quem dirá a autoridade. Agora quem manda em todas nós é uma mulher que se distingue como cuidadora, mas ela é terrível. Formulou ideias, castigos, princípios, regras a seguir e limites absurdos demais. Aquela mulher é o diabo!

Assim como todos, eu temo ela, mas principalmente, temo que descubra o meu segredo. Às vezes vejo coisas que passei a evitar e ignorar depois de um longo tempo de medo, criaturas medonhas e totalmente deformadas, algumas com formas semelhantes a humanos, mas que tão pouco era um. Cheiros e sons horríveis me atormentavam e ainda me atormentam por noites, gritos de socorro e piedade me faziam chorar algumas vezes debaixo das cobertas. E o pior de tudo era saber que só eu ouvia, só eu sentia o cheiro e o medo. Se soubessem que eu consigo ver, ouvir tudo isso, me 'nomeariam' como impura, possuída ou maluca, assim como aconteceu com um dos garotos a dois anos atrás. Me lembro perfeitamente da madrugada na qual ele correu pelos corredores escuros gritando desesperadamente por ajuda. Dizia que coisas impossíveis de existir queriam pegá-lo, nojentas e repugnantes, nas quais eu também via, mas que sempre guardei para mim mesma desde pequena. Ficava aterrorizada até mesmo de contar sobre para minha melhor amiguinha.

Não consegui dormir o restante daquela noite, todas as crianças foram para minha cama, ficando todas amontoadas e abraçadas, escondidas debaixo do meu cobertor, debaixo dos meus braços. E embora tivesse mais duas garotas adolescentes, elas ainda eram mais novas e eu sempre senti a necessidade de cuidar delas e de todos, - talvez esse seja o principal motivo por não ter sido expulsa mesmo já tendo ultrapassado meus dezoito anos, - tal madrugada parecia ter sido mais longa do que o normal, várias perguntas vieram à tona dos pequenos a cada grito que o garoto dava, não sabia responder a nenhuma, não sabia inventar tantas mentiras para tantas respostas que me eram exigidas, então a única coisa que soube dizer foi;

Qᴜᴇɴᴛᴇs •| 𝑴𝒂𝒉𝒊𝒕𝒐 - 𝙹𝚞𝚓𝚞𝚝𝚜𝚞 𝙺𝚊𝚒𝚜𝚎𝚗Onde histórias criam vida. Descubra agora