Começo

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Olive

Sábado à tarde, 19:06 pleno horário de verão, onde ainda está aquele pôr do sol de grandes vibes. Ouvi-a "Thank u next" no telemóvel quando a música é suspensa por uma chamada.

~ Liv Anderson, 18 anos, solteira e boa rapariga em que posso ajudá-la? - era a criança mais chata que eu conheço, que por acaso também é minha melhor amiga, Gwen.

~ 'Tás atrasada. 

~ E quê? Queres que me teletransporte para aí? - pergunto irónica.

~ Não. Quero que te despaches. 

~ Já 'tou no carro a caminho. 

~ É bom que sim, a fila 'tá enorme e eu quero aqueles bilhetes.

Praticamente não ouvi o que ela acabava de dizer, pois de repente um gajo de skate raspa na porta do meu carro. O meu pai tinha acabo de mo dar de prenda de aniversário. Se no segundo dia de uso eu já tenho um risco, amanhã não vejo a luz do dia. Encostei-o e saí.

- Olha desculpa pra próxima és capaz de circular pelo passeio? 

-  A estrada é propriedade tua? - era alto e estava com o capucho da sweat posto.

- Não, mas o carro que acabaste de riscar é.

- Tu é que vieste contra mim. Mas não seja por isso, se a princesa precisar pode ligar e eu pago o arranjo.

- Seria ótimo. Sim. - além de ter odiado o tom de voz sínico dele, pior foi o que fez a seguir. 

- Tens uma caneta ou... - dirigi-me ao porta-luvas e peguei num marcador que tinha para lá perdido. Ele arranca a tampa com os dentes e pega-me no braço escrevendo-me o número dele na pele.

- Não podias ter escrito num papel? - questionei indignada.

- E tinhas algum? - não respondi. - Pois logo vi.

Deixou-me ali pendurada e continuou o seu caminho pela estrada. Quando entro no carro, vejo as horas no relógio digital e percebo que não tinha tempo para mais imprevistos, daí ter posto o pé no acelerador e ter arrancado. Provavelmente ia permanecer mais de 1 hora à espera no frio, por isso antes de sair visto a minha jaqueta jeans. Cheguei à bilheteira onde a Gwen esperava há já 45 minutos.

- Qual é a desculpa desta vez?

- Um burro qualquer pôs-se a brincar com o skate no meio da estrada e riscou-me o carro.

- O novo que o teu pai te deu? - perguntou extremamente preocupada.

- Sim, precisamente esse.

- Ok esta eu perdoo-te.

Ficamos a conversar durante uns 15 minutos quando fomos interrompidas por um rapaz que nos passa à frente na fila. A Gwen estica-se e toca-lhe no ombro chamando-o à atenção. 

- A fila começa lá atrás. - assim que ele se vira o meu olhar fixa-se nos seus olhos azuis, os mesmos que tinham armado uma enorme confusão comigo à instantes.

- Tu outra vez. - disse baixo.

- A felicidade é mutua.

- Vocês conhecem-se? - interroga-me.

- Não. - exclamamos os dois em simultâneo, eu exaltada, ele com o tom de voz despreocupado que me começa a parecer costume.

Felizmente a fila andou antes que aquela conversa se prolongasse, de modo a que não houvesse uma continuação desta. No entanto não me livrei do interrogatória da Gwen:

- Liv... - nome pelo qual toda a gente me conhecia - Diz-me que aquele não foi o gajo que se armou em skatista.

- Bingo.

- E porque é que não disseste que era gato? - questionou-me indignada.

- Achas que eu olhei pra ele?

- Foda-se não é preciso olhar muito.

- Cala-te lá com isso!

O meu vizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora