Benedita Dias
Doia-me tanto a cabeça que tive de fechar mais um pouco os olhos.
Lembrar-me de nunca mais Beber Álcool na minha vida.
Anotar isso, na lista de coisas que não deveria voltar a fazer, se tivesse mesmo uma era mais fácil. Sento-me, mas sou impedida.
Morri? Ou fui raptada? Não, era um braço? Podia ser pior, podia ser uma corda. Não sejas parva Benedita, só dizes merda. Espera o quê?
Abro os olhos com violência e tento mover-me, mas foi inútil, olho para mim, estava vestida com uma t-shirt três vezes superior ao meu tamanho, estava descalça. Por isso era importante? Não sei, mas naquele momento era importante.
O meu cabelo cheirava a um champô novo, demasiado bom e caro, para ser meu ou da Carolina.
Conheci instantaneamente aquele teto, conhecia muito bem aquele quarto, muito mais do que gostaria de facto. Olho para a janela e pôr debaixo da mesma, lá estava algumas frases soltas da minha primeira música.
Mexo-me novamente e o João Félix mexeu-se por cima de mim, engolo a seco sem saber o que aconteceu e como tinha ido ali parar. Que raio, porque fui de inventar de beber álcool?
Que raiva!
Mexo-me novamente e quando olho para o Félix ao meu lado, reparo que ele estava virado para mim, não deveria ter feito aquele movimento.
Ele abriu os olhos, mas não disse nada, apenas manteve o olhar fixo ao meu.
- O que faço eu aqui? - Pergunto calmamente.
- Antes que comeces a disparatar ou a dizer alguma coisa idiota, ouve. - disse a sentar-se. - Tu chegaste com a minha irmã e a Mariana, parece que foi a Mariana que vós trouxe da festa. A Mariana disse-me que vocês as duas tinham bebido demais, e trouxe-vos, ela foi se embora depois de adormecerem, passou um bom bocado e como estava acordado ouvi barulhos no corredor vi-te desamparada, podia jurar que estavas acordada, mas aparentemente não, quase caíste das escadas se não tivesse te agarrado, trouxe-te para aqui, e dei-te banho, ainda estavas com o vestido, mas fizeste o favor de o tirar.
- Porque me deixaste fazer isso? - digo a bater-lhe no braço já sentada.
- Dito pelas tuas palavras... - Ele fez uma pausa e preparou-se. - " Está aqui algo que já não tenhas visto?". - disse a imitar a minha voz. - Dei-te banho, tu começaste a dizer factos aleatórios, sobre galinhas e o seu tempo de voo e relâmpagos e sei lá mais o quê. - Olhei para ele com vontade de rir, mas contive-me, mantenho o olhar severo e frio. - Tu molhas-te e depois de algum tempo disseste se tunha falado a sério quando disse que eras gorda. Disse para nunca mais dizeres isso. - Ele parou por aí.
- Não aconteceu mais nada? - Pergunto.
- Não! - Mente, ele vira os olhos na direção oposta.
- Estás a mentir. - digo e ele nega. Olho torto para ele.
- Está bem! Tu pediste para te beijar. Disseste que precisavas de mim, eu disse que me irias odiar caso o fizesse, tu começaste a provocar-te acabaste por dizer - Fez novamente uma pausa demorada, para imitar a minha voz. - Vou odiar-te por gostar de ti, deveria odiar-te, mas gosto. Por isso beija-me e cala-te. Podes escolher-me pelo menos desta vez? E eu beijei-te. - Deixo sair um sorriso
- Isso é a coisa mais ridícula que já ouvi! - digo, e ele olha para mim com um olhar agora vazio. - Porque iria pedir-te para me beijares? Que sentido isso faz?
- Quando estás bêbedo, é o que acontece. - disse a sair da cama.
- O que acontece? - Pergunto ainda sentada.
- Acontece o que queríamos que acontecesse se tivessemos sóbrios. - Engolo a seco e deixa-me sem reação. Ele entrou na casa de banho, voltou com um comprimido na mão. - Toma, é para as dores de cabeça. Vou correr! - disse, depois de pensar muito interrompo a sua saída.
- O que aconteceu depois do beijo? - Pergunto.
- Nada! Deixei-te sozinha para te secares, vestiste uma roupa interior da minha irmã e eu dei-te essa t-shirt, quando dei por mim, estava enrolada aí na cama, tive dó de te acordar, em princípio, deitei-me no chão, mas tu disseste para dormir contigo que não irias aproximar-te, só que depois abraçaste-me e eu adormeci. Depois acordaste e ai já sabes. - disse a atar um dos ténis.
- Porque guardaste aquelas frases? - Aponto para a parede.
- Porque eu amo-te, nunca amei ninguém como te amo a ti. Podes odiar-me agora, amanhã, e depois, mas eu vou amar-te mesmo que me detestes. - Ele recompôs-se e abriu a porta do quarto.
- Félix? - Olho para ele e ele aproxima-se de mim.
- Tinha saudades tuas. - disse a beijar os meus lábios, deixando-me sem reação, ele saiu disparado sem deixar-me responder.
Saí da cama e ainda o vejo sair de casa a correr, caminha em direção a trilha.
Arrumo a cama dele, e agarro no meu vestido e nas sandálias pretas que usei na noite anterior.
Deixo um bilhete a Carolina e vou para casa.
Quando entro na minha casa recebo uma mensagem.
"CONCERTO beneficente?"
"Bom dia também para ti Filipe, ou já desaprendeste as boas maneiras?"
"Désolé, Bonjour mademoiselle Días"
(Desculpa, Bom dia, menina Dias""Bonjour Filipe, o que desejas?"
"Falei com uma instituição aí em Portugal, de crianças com dificuldades e deficiências e gostaria de saber se aceitas fazer um Concerto Benificente para angariar dinheiro para ajuda nas consultas e tratamentos? É uma coisa pequena, pode ser gravado na instituição mesmo e der transmitido no teu canal para o mundo tudo, faremos uma conta e pronto, o que me dizes?"
"Sabes que não recuso, pedidos desses"
"Boa, a 3 meninos que iriam adorar-te...
"Eu falo com alguns rapazes"
"TU ÉS DEMAIS"
"Sei!"
"Podias criar uma canção nova"
"Até quando?"
"Sexta? É o dia do concerto"
"Já está tudo marcado?"
"Sabia que não irias recusar, não recues agora"
"Está bem, não vou recusar nada, podias é ter-me avisado mais cedo"
"Até avisava, mas tu estavas de férias!"
"Ah pois, está bem, mais alguma coisa?"
"Não é tudo, bisous!"
- Algum problema?
- Tenho que escrever uma música nova até sexta. - digo.
- 3 dias?
- É 3 dias. - digo e assusto-me.
- Não desesperes maninha, tu consegues, boa sorte. - disse e saiu de casa. Vou para o meu quarto e tento alguma coisa, mas nada saiu. E agora? O que eu faço?
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João Félix | Only You | Acabada
Genel KurguDurante cinco anos namoras-te com ele, mas devido a um desentendimento acabaram. Viraram inimigos. Após anos no estrangeiro regressas a casa, após teres acabado a digressão Mundial, mas como o reencontro poderia correr? Amigos em comum, um passado...