O meu vizinho

Pede-me ajuda...

Jake

Voltei para trás e avisei-a:

- Mudança de planos hoje não vou contigo.

- Tás a gozar.

- Tenho outras cenas pra fazer.

Para ser mais exato as «outras cenas» eram a minha namorada, Harper, era com ela que conversava por mensagens. Deixei-a lá na sala e liguei à minha mãe que me disse que a Harper lhe ligara a perguntar por mim, nesse instante percebi que o que ela me dissera por mensagens era verdade: iria vir viver comigo durante umas semanas enquanto os pais dela estavam em viagem. Não é que eu não quisesse mas eu sabia que a minha família em geral não gostava assim tanto dela e eu não tinha paciência para lidar com o mau ambiente que fica naquela casa.

Durante a aula de matemática fiquei com a ideia de que se a Olivia, Olive quer dizer, não era nerd pelo menos fazia-se; a gaja fazia os exercícios com um speed que me chegava a irritar, mas honestamente toda ela me passava da cabeça. Eu pelo contrário não era "burro", porém contas sempre que posso deixo para o Einstein, por isso resumindo durante a aula estive o tempo todo a brincar com a caneta ou a ver o Insta da minha vizinha. Na verdade foi útil, descobri que ela tem um gato, que o gajo que anda sempre com ela aparenta ser o melhor amigo, mas sobre o ex com o mesmo nome que eu não encontrei nada, levando-me a concluir que provavelmente arquivou tudo. ~

Ás vezes ia comparando as fotos de biquíni com a realidade (só para me assegurar que ela não é daquelas que usa photoshop. Posso dizer-vos que não usa).

Regressei a casa, vesti uns calções pretos e uma t-shirt cinzenta para poder ir ao ginásio. Enquanto estava a treinar recebi umas 7 mensagens da Harper, pelo que eu entendi ela ia chegar dentro de 30 minutos; normalmente tomo banho lá, mas como estava com pressa preferi tomar em casa e arranquei. 

Entrei no condomínio e deparei-me com a minha vizinha, ela estava de fones logo calculo que não me tenha ouvido (ou então só me ignorou mesmo), por isso tive de lhe agarrar o braço.

- Olive. - surpreendida olha para a minha mão e retira os fones. - Preciso de um favor.

- Pra começar é Liv. - soltou-se de mim.

- Tanto faz. - respondi prontamente.

- Segundo: o meu carro ainda 'tá riscado.

- Não interessa depois eu resolvo isso. - tentei despachar.

- Na boa, eu também resolvo as tuas crises depois. - suspirei fundo.

- Vá lá preciso mesmo da tua ajuda.

- Que é que tu queres? E porque é que 'tás todo soado?

- Ginásio. - assentiu com a cabeça. - Se eu namorasse contigo o que é que gostavas que eu te oferecesse? - ficou sem me responder durante uns segundos. - Ouviste?

- Hm. Sei lá uma cena romântica.

- Tipo um jantar a sós e essas cenas?

- Ya, pode ser. - disse estranhando a pergunta, voltou a colocar os fones e seguiu em frente aumentando a distância entre nós. «Estas miúdas têm um mau feitio» pensei, «só Deus para aguentá-las».

Entrei em casa, só estava a minha irmã a ver "Os Green na Cidade Grande" (não me julguem por saber). Desci as escadas para a sala olhando as horas no telemóvel e pedi à Saddie um favor:

- Podes bazar?

- Porquê? - perguntou imediatamente desconfiada.

- Preciso da casa só pra mim enquanto os pais 'tão fora.

- Sabes que isso te vai custar um preço maninho.

- Compro-te Maltesers quando sair.

- Feito. Mas e já agora queres que fique onde génio?

- Sei lá não tens amigas?

- E vou a pé queres ver?

- Saddie agora não tenho tempo pra te levar.

- Tu é que me 'tás a pedir pra sair idiota.

- Mas eu não tenho mesmo tempo.

- Então pronto leva-me à casa da Liv.

- Nem pensar, podes muito bem ir até lá sozinha.

- Não, na verdade não posso. Imagina que sou atropelada ao passar a rua, ou pior, que caio numa valeta pelo caminho.

- Oh vá lá isso nunca iria acontecer. - replico revirando os olhos.

- Nunca se sabe. - declara fazendo-me aqueles olhinhos de súplica.

- Pronto está bem, mas tem de ser rápido. 

Suspiro.