Capítulo 2 - Não Namorado

10 1 0
                                    

Nunca pensei que seria tão fácil sustentar esse não namoro – não namoro é como decido apelidar nosso não relacionamento.

Apesar da última mensagem do stalker, tudo tem corrido perfeitamente bem. Ron não tem mencionado Lavender, eu não falei sobre a mensagem, mas imagino que nosso arranjo esteja funcionando para, pelo menos, um de nós.

Ron tem sido um ótimo não namorado. Eu sei disso porque temos passado bastante tempo juntos, bem mais que o normal. Trocamos mensagens, – percebemos que temos até muito em comum – almoçamos juntos vários dias por semana, andamos de mãos dadas – minha parte preferida, para ser honesta – e ele continua me acompanhando a todas as aulas possíveis. De vez em quando até em casa. Às vezes ele precisa atravessar o campus correndo para não se atrasar. Eu já disse, insisti, que não era preciso, mas o cara é teimoso.

Ok, a quem eu quero enganar? É muito agradável ter alguém ao meu lado. Em todos esses três anos nunca me senti tão segura. Antes, a universidade era meio solitária, o curso de REL é um tanto isolado dos outros, o que nunca me possibilitou pegar matérias optativas com meus amigos.

As amizades que fiz no curso são de semestres mais avançados, as do meu próprio semestre só estão interessadas nas minhas anotações.

Agora, com Ron como meu não namorado/guarda-costas, o caminho ficou até mais alegre.

A única coisa que incomoda são os olhares cobiçosos das mulheres – e até de alguns homens. Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades, algumas pessoas sábias disseram durante a história da humanidade. Não namorar Ron me trouxe certa visibilidade. Eu era como uma líder de torcida namorando o astro bonitão do time de futebol americano, sem a parte da líder de torcida, claro. Eu até ganhei alguns seguidores a mais no Instagram, – finalmente atingi 500 seguidores – todos ávidos para acompanhar nosso não romance.

Por um lado, era aterrorizante e eu vivia me perguntando onde diacho me enfiara? Mas logo em seguida penso foda-se. Nosso não namoro acabaria em alguns dias, combinamos fingir durante apenas 1 mês, e tudo voltaria a ser como antes.

Pego meu celular na mesa de cabeceira para checar as horas e sou bombardeada de mensagens:


Astoria: FELIZ ANIVERSÁRIO, MI!!!!

Harry: PARABÉEEEEENS

Ginny: Eles crescem tão rápido 🥺


Caramba, é meu aniversário!

Vinte anos nesta Terra, não é para poucos. Tiro alguns minutos para agradecer a o que quer que rege a vida humana por mais 365 dias de existência e me arrumo para mais um desses dias.

19 de setembro. Gosto de comemorar esta data, não é um dia ruim, não fico melancólica. É mais uma oportunidade para viver. Então, eu vivo à minha maneira

Aproveito a viagem de ida no metrô para responder aos meus amigos. Ginny e Astoria querem saber se planejo algo para mais tarde. Elas já sabem a resposta: não curto festas, detesto ser o centro das atenções.

O dia é agradável na medida do possível. No horário do almoço recebo uma chamada de vídeo da senhora Granger, também conhecida como mamãe. Sinto sua falta, mas seguro as lágrimas.

Não nos falamos com a frequência que eu gostaria, mas como poderíamos? Amélia Granger está há 7 meses em Moçambique ajudando algumas comunidades pobres, auxiliando na construção de casas e tentando levar um pouco de qualidade de vida a essas zonas. Eu estaria lá também se não fosse pela universidade. Sua educação em primeiro lugar, ela disse.

Finja Até Ser VerdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora