Oneshot -

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O som quase melodioso de gotas caindo inundavam o ambiente fechado a qual o ruivo se encontrava, a água transparente da banheira ganhava um tom vermelho vibrante que a cada segundo se intensificava, como se fosse um quadro sendo tingido calmamente. O cheiro forte e metálico já não incomodava mais seu olfato sensível, na verdade chegava a ser até um vício para si que só conseguia ter a mente calma quando cortava a pele sensível de seus braços como se fossem um mísero papel.

Tanjiro Kamado já não suportava mais aquela dor latente em seu peito, o aperto seguido de culpa e medo que retalhava seu coração, tirando as esperanças de encontrar novamente a felicidade.
Todos os dias aquelas imagens vagavam por sua mente, sonhava com aquele dia quando perdeu toda sua família, restando somente uma irmã que infelizmente fora transformada em um demônio. O garoto não conseguia evitar chorar e querer gritar a cada instante, tudo parecia ter se tornado um inferno ou na verdade havia se tornado.
Para que virou caçador? Matar aqueles monstros não iria trazer sua família de volta, não iria curar aquela dor assassina que o consumia dia após dia, se vingar de Muzan não faria nada mudar, já que tinha em mente a culpa e o sangue de sua família em suas mãos.

Mais um dia ele estava ali calando a boca daqueles demônios em sua cabeça, tingindo a água de vermelho enquanto criava cortes profundos e desajeitados sobre sua pele, criando desenhos horríveis mas cheios de sentimentos em seus antebraços, aquela era a única forma de tentar se manter em pé, o único jeito de conseguir seguir em frente para salvar sua irmã, o que sobrou de sua família.

Com um suspiro o garoto ruivo jogou a lâmina para dentro da banheira, assistindo o metal afundar lentamente até sumir naquela imensidão vermelha. Com calma ele se levantou da banheira, o sangue escorria por sua mão passando por seus dígitos até pingar na água, e ali ele sentiu seu corpo fraquejar a visão começar a falhar. Tanjiro com calma saiu da banheira pisando sobre o carpete amarelo, mas seus pés não duraram muito tempo em pé ali já que sua visão enfim apagou e seu corpo caiu sobre o chão, criando um estrondo em seguida pelo peso que bateu no piso.
A porta do banheiro foi aberta rapidamente com dificuldade já que o corpo de Tanjiro impedia a passagem, não demorou para que Zenitsu entrasse no local e levasse uma mão até a boca com a visão perturbadora que teve, já que o chão antes claro agora estava vermelho, assim como a água da banheira.

Aoi-san!! AOI-SAN!!! Socorro... Alguém me ajuda, Aoi... — Zenitsu gritou assim que conseguiu abrir enfim a porta e não demorou para que a garota chamada chegasse, levando duas mãos a boca em espanto pela visão, o corpo da menina paralisou e seus olhos se encheram de lágrimas, ela só voltou a realidade quando Shinobu enfim apareceu, empurrando a menina para longe junto a Zenitsu, se aproximando rapidamente de Tanjiro para o pegar no colo, podendo assim correr para um dos quartos médicos, deixando para trás um caminho de sangue.
Kocho cuidou sozinha dos cortes de Tanjiro, estancando cada um deles com curativos bem feitos, não deixando que nenhuma das meninas entrasse no quarto, já que nem ela que era hashira conseguiu conter as lágrimas.

Ninguém além dela sabia da depressão do garoto, mas nunca imaginou que havia chegado naquele ponto crítico, e agora mais do que nunca sabia que o garoto precisava de ajuda, mesmo que não pudesse fazer de fato muito por ele.

Senhorita Kocho... Como o Tanjiro está? — Zenitsu perguntou baixinho depois que a mulher saiu do quarto, ela com calma suspirou e só sorriu confortavelmente para o loiro sem falar absolutamente, apenas deixando o garoto para trás que não sabia ao certo como se sentir, mesmo assim não adentrou o cômodo, deixaria seu amigo descansar tranquilamente.

Shinobu mesmo que não quisesse teria que notificar ao seu mestre da situação do garoto, de que ele não estava bem o suficiente para continuar indo em missões, teria que explicar tudo e tentar manter a segurança do menino, já que querendo ou não ela o entendia, mesmo que nunca tenha tentado nada contra a própria vida.
Quando ela chegou na mansão do Ubuyashiki foi recebida pelas filhas do homem, e foi assim que adentrou educadamente o local e conversou com o homem, contando tud detalhe por detalhe, mostrando sua preocupação com o menino que sempre tentou manter um sorriso no rosto, mas que estava aos poucos morrendo por dentro. Kagaya a entendeu perfeitamente e compreendia o que Tanjiro passava, já que sabia da história toda do menino. No fim uma reunião seria convocada assim que o garoto estivesse melhor, iria conversar com todos os seus filhos para assegurar e pedir para que todos ficassem bem e para que cuidassem de seu querido Tanjiro.

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