Amores Trágicos

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Querida Sakura.

Você deve estar se perguntando o porquê de estar lendo essas palavras e não tê-las escutado de meus lábios, peço perdão por isso. Mas, como muito provavelmente vamos nos separar e nunca mais iremos nos ver, decidi fazer algo por mim pelo menos uma vez na vida e me declarar a você.

Eu a amo!

Sempre a amei, desde que chegou a essa cidadezinha pacata e sem graça e alegrou tudo com seu brilho próprio. Eu me vi encantado por cada detalhe de você.

Não sei os seus sentimentos em relação a mim, e por favor, eu não espero nada em troca. Só gostaria de colocar para fora em palavras o quanto tu és importante para esse louco apaixonado. Lembra-se do festival da primavera passada quando eu lhe pedi um minuto? Estava determinado a dizer o quanto a amava, mas meus planos foram frustrados. 

Sei que escrever essa carta com a intenção de pedir outra em casamento pode me deixar um ser humano sem caráter aos seus olhos, porém sou apenas um homem ardendo de amor por uma pessoa que nunca terei. Então por favor releve, irei me casar por obrigação e não por sentimento, e não poderia, pois toda e qualquer afeição romântica dentro de minha alma pertence a você. E só você.

A minha falta de atitude me colocou nessa situação e mesmo totalmente infeliz, arcarei com a palavra de meu pai.

Desejo que seja a pessoa mais feliz desse mundo, que encontre um pretendente que a exalte da maneira que merece. São meus sinceros sentimentos, mesmo com meu coração apertado de ciúmes em imaginar outro ao seu lado, não poderia desejar menos que a sua felicidade plena.

Com amor, Uchiha Sasuke







Um suspiro sofrido saiu dos lábios da jovem com olhos transbordando em ressentimento.

Ele a amava. Sasuke Uchiha a amava.

Um riso histérico escapou e novamente se pôs a ler a carta que havia chegado em suas mãos naquela manhã.

Sakura levantou lentamente da poltrona a qual estava e com passos pequenos caminhou em direção às escadas.

_ Querida? Estás bem?

Escutou a voz de Tsunade ao longe, porém não deu importância. Precisava chegar ao seu refúgio, antes que as lágrimas traiçoeiras começassem a se derramar pelo belo rosto.

E no momento que fechou a porta atrás de si, não aguentou mais segurar e chorou. Chorou porque desde que chegou a Konoha aos seus doze anos sentiu seu coração bater mais rápido ao se deparar com o jovem alto, de olhos escuros e sorriso misterioso. Não era de se estranhar que todas as jovens da pequena escola suspiravam por ele.

Sakura havia nascido e crescido em um orfanato, filha de um romance proibido e escandaloso do padre de Suna com a freira que cuidava do orfanato da cidade. Ao que lhe foi dito, sua mãe morreu no parto e seu pai a deixou onde nascera e logo se foi para outra paróquia. Sempre se sentia suja, indesejada, sem um pingo de amor e a única coisa que a deixava minimamente feliz eram suas imaginações. As grandes histórias épicas de reis e rainhas, donzelas fortes e determinadas que inventava durante dia e noite era seu escape da realidade.

Por duas vezes foi adotada. E quando foi devolvida suspirou em contentamento. A primeira casa foi dos Shimuras, tinha sete anos e o trabalho de lavar, esfregar, cozinhar e cuidar de outra criança além dela mesma quase a matou. Literalmente. Aos dez novamente foi levada para uma casa, dessa vez ao que tudo parecia ser seu lar. Mero engano, o Sr. Sakamoto se achou no direito de se impor sobre seu corpo, já que era ele quem a alimentava e teria que pagar de alguma forma. E quando numa noite de inverno ele tentou obrigá-la a se deitar com ele, no desespero lançou a lamparina acesa em sua cabeça fazendo o homem desmaiar e queimando metade de seu rosto.

Trágico é não saber amar.Onde histórias criam vida. Descubra agora