No decorrer do caminho, decido explorar mais sobre Félix e sua identidade, buscando entender melhor o contexto em que estamos.
- Então, "Senhor Félix", seria possível me contar um pouco mais sobre você? - digo ironizando com certo deboche.
- Como se eu fosse algum tolo!
- Acho que talvez não seja o momento para questionar.
- Isso soa um tanto como abuso de autoridade, não concorda?
- Talvez... - com um toque de sarcasmo, eu retruco.
- Então, você é mesmo um autêntico híbrido? - Questiono.
- Bem, acredito que isso seja mais do que óbvio...
- Imagino que deve ser um desafio, especialmente considerando o local em que vive.
- Com o tempo, acabei me acostumando... - Observo um traço de melancolia passar por seus olhos enquanto ele fala.
- A sociedade aqui é bastante seletiva... indivíduos como eu são vistos como "impuros", por conta de suas crenças. Certamente já ouviu falar da Guerra do Tufão, correto?
- Li um pouco sobre isso nos Arquivos de Procellae.
Há 150 anos, a Guerra do Tufão eclodiu, um embate que perdurou por cinco anos entre os Ykrahtis e o povo do Reino de Typhon. Essa contenda teve início devido à nobreza, que estava extraindo energia elemental de territórios pertencentes aos Ykrahtis, com o objetivo de fabricar medicamentos para uma população assolada por uma epidemia letal. Um dos conflitos aconteceu na região rural de Groel, situada no sudeste de Procellae, quando um domínio Ykrahtis retaliou. Infelizmente, esse confronto resultou na aniquilação completa desse domínio, um gesto interpretado pelos demais Ykrahtis como um ato provocativo de guerra.
Consequentemente, uma coalizão de Ykrahtis formou diversos grupos e, munidos de seu poderoso controle sobre os elementos, atacaram indiscriminadamente qualquer um que se considerasse humano ao longo dos cinco anos. Os Manipuladores Elementais, mesmo com suas habilidades, não conseguiram conter o avanço arrasador dos Ykrahtis.Os cavaleiros de Typhon, diante da entrada principal do reino, enfrentaram um considerável grupo de 500 Ykrahtis, desencadeando uma batalha feroz que se estendeu por vários dias. Em meio a essa violência, um valente cavaleiro tentou negociar a paz em prol de um futuro pacífico, uma vez que a epidemia já havia cessado e a necessidade de extrair energia elemental havia desaparecido. Contudo, essa tentativa foi em vão, culminando na morte do cavaleiro pelas mãos dos Ykrahtis, que já estavam tomados pela fúria.
Em um momento de aparente desespero, ventos impetuosos e formações montanhosas surgiram para auxiliar os cavaleiros, permitindo-lhes finalizar o conflito. Após esses eventos, apenas um cavaleiro permaneceu de pé no campo de batalha, sendo lembrado como "O Último Cavaleiro" e se tornando um símbolo de bravura e resistência para o Reino de Typhon.
Apesar desses eventos, uma nova ameaça de guerra se formou com uma nova leva de Ykrahtis, levando Typhon a tomar uma atitude compassiva e misericordiosa. O reino se dirigiu aos domínios dos Ykrahtis e forjou uma aliança com eles, buscando estabelecer uma coexistência duradoura e organizada. Assim, o Tratado de Paz entre Humanos e Ykrahtis foi concebido, finalmente pondo um ponto final à guerra.
- Após a guerra, os Ykrahtis passaram a acreditar que a tragédia era um sinal de que humanos e Ykrahtis não deveriam se misturar, levando-nos a viver a maior parte de nossas vidas dentro do nosso domínio, com apenas alguns poucos autorizados a sair. Aqueles que têm sangue das duas raças são considerados aberrações... - Félix parece emotivo ao compartilhar isso.
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O Conto de Alguém Sem Nome
Fantasy"Nas terras de Dreviaty, em uma parte isolada do reino de Griffith viviam a miséria, a dor e a angústia, tudo aquilo que os nobres deixaram para nós, aqueles que não possuíam valor e dignidade, apenas seres descartáveis que não tem a permissão de te...