CAPITULO II

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ESPINHOS DA REALEZA - 02

          Acordo com o barulho de grandes marchas - o mesmo barulho de todos os dias. Dessa vez algo estava errado, Anastasia não estava em pé segurando meu vestido do dia e esperando o meu acordar, dessa vez, só o meu vestido estava pendurado e nenhum sinal de Anastasia por perto

Me levanto indo para o botão ao lado da porta, e o aperto

Volto e vou até o vestido. Cada detalhe é lindo, o tule azul claro e a saia com um tom mais escuro, a parte de cima aparentava ser toda confortável e o azul dele me passava paz. Paz, essa é a palavra que eu precisava

– princesa Margareth? – uma criada chega, Lili. Mais…cadê Anastasia – quer ajuda com o vestido? –

– sim…por favor –

Lili vem em minha direção e me ajuda a colocar o vestido

– Lili…–

– sim? – diz enquanto fecha cada botão –

– cadê Anastasia? –

– infelizmente,não posso lhe dar essa informação –

Fecho meu rosto. O sorriso que estava em meus lábios se desfez

– o'que meu pai fez com ela?! –

– nada princesa, fique tranquila. Mais acho que ela não vai estar disponível hoje –

– me conte agora! – me viro pra mais velha ao sentir que o vestido já está firme – eu sou a princesa e logo serei sua futura rainha, então me conte! –

Vejo no olhar de Lili preocupação

– porquê a senhora não dá uma passada lá na cozinha?!  –

Eu entendi a indireta dela, eu entendi que ela queria que eu fosse até o lugar dito

– tá…– solto meu cabelo – me dê licença…–

Saio do quarto indo até a cozinha central do andar de baixo

Temia o'que poderia ter acontecido com Ana, e se ela tivesse se ferido? Não, se ela realmente tivesse se ferido, estaria na área hospitalar

Me viro entrando na cozinha e vendo todas as criadas cozinhando o almoço. Em um passo, todas as mulheres e o cozinheiro me olharam

– bom dia – digo olhando a todos –

Procuro Ana pelo local. Ao lado, vejo sua prima aos choros, me dirijo a ela

– bom dia Carmem, poderia me informar onde está Anastasia? –

– bom dia princesa –

– por que está chorando? –

– estou apenas cortando cebola. Eu…eu não vi Anastasia por aqui não…–

– claro…imaginei – sorrio leve ainda com um pingo de preocupação no rosto –

– CARMEM! – a mesma se vira pra voz. Cozinheiro – ajude me a pegar os ovos das galinhas –

– droga – a mesma diz olhando para cebola que estava a cortar –

– vai lá, deixa que eu termino pra você – digo pegando a faca –

– não preci –

– é uma ordem! – a interrompo. A mesma assente e  vai na direção do chefe –

Anastasia havia me ensinado uma técnica de cortar cebola sem chorar. Usar limão abaixo dos olhos, foi isso que eu fiz. Apunhei um pouco de limão em meus dedos e coloquei por baixo dos olhos, comecei a cortar a cebola

Lá estava eu, encarregada de várias coisas, e com diversos problemas cortando uma simples cebola. Era engraçado. Uma risada leve eu dei

– do que ri Carmem? – uma voz leve surge atrás de mim. Me viro – ah… –

Meu sorriso se desfaz

Vejo de longe Anastasia correr até a garota na minha frente

– Margareth, perdão, princesa, essa daqui é minha filha –

Ainda desconfortável com a presença de quem não conhecera, continuei onde estava

A garota aparentava ter minha idade, seus cabelos eram morenos longos, seus olhos eram verdes, verdes esmeralda…sua pele…meu deus que pele…digo o mesmo do sorriso que ela abriu pra mim. Retribuo o sorriso

– prazer, sou a Sina – a mesma diz ao se curvar –

– Margareth, receio que deve me conhecer já –

– minha futura rainha, porque eu não a conheceria? – a mesma diz num tom brincalhão –

Solto uma risada leve

– Ana, eu estava a sua procura, acordar sem você por perto é horrível –

– me desculpe, senhorita. Podemos conversar? –

– Claro –

Anastasia se coloca à frente da porta, dando passagem pra eu passar. Me retiro andando pelo corredor. Escuto barulho da porta se fechando e logo Anastasia está ao meu lado

Limpo minha mãos suadas sobre o vestido

– algum problema – se refere a minha ação –

– minhas mãos estão suando, olha só como transpiram! – mostro as mesmas para a mais velha –

– aqui está quente por conta da cozinha, limpe aqui  – a senhora estende seu avental para mim e eu limpo minhas mão –

– obrigada –

– desculpa por não ter te avisado sobre Sina –

– sem problemas, sua filha é bem admirável. Seu rosto é tão bonito, que sinto que a conheço de algum lugar – solto uma risadinha –

– isso eu acho completamente difícil, Sina perdeu a casa por causa dos soldados do norte…por isso, veio pra cá…–

Agora entendo a preocupação de Anastasia

– entendo, bom, ela será bem vinda! –

Vejo um sorriso se abrir no rosto da moça ao meu lado

– e muito obrigada pelo vestido, nunca me senti tão confortável como estou agora –

– nada senhorita, tenho que ir agora, com licença –

Vejo caminhar de volta à cozinha

– obrigada mãe…– digo com orgulho e um pouco de rejeição da parte dela –

A mesma se vira pra mim com um sorriso, vejo seus olhos marejados diminuírem com seu enorme sorriso generoso. A mesma se vira continuando seu caminho

E eu, começo o meu

~ESPINHOS DA REALEZA~Onde histórias criam vida. Descubra agora