Vilarejo

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A música mais difícil de escrever desta sequência aqui, com toda certeza! Porque Vilarejo, pra mim, é muito mais do que uma canção. E este capítulo não existiria sem a Sara 💖. Porque quando as coisas estão mais do que pesadas do lado daqui, ela me permite abrir uma porta para um outro lugar e a gente se encontra, ainda que pela escrita, e nesse espaço só tem a acolhida mais bonita que eu poderia receber. Obrigada por tanto!


"Tem um verdadeiro amor

Para quando você for"


"Eu amo você". Três palavras que dançavam na pele, que reverberavam no peito, que construíram ou reconstruíam um mundo. Apenas três palavras, nove letras, mas que tinham um poder difícil de traduzir quando afetavam todos os sentidos, de uma vez. Odisseias, tratados filosóficos, romances, teorias, tudo já havia sido escrito sobre o amor. E nenhuma dessas obras era capaz de traduzir o atordoamento que era quase como um nascer de novo, dentro de um novo espaço-tempo, agora com um infinito delimitado por aquela declaração.

Alessandro sorriu entre as lágrimas que desciam por seu rosto enquanto a olhava. Simone tinha a expressão de absoluta serenidade ao manter aqueles olhos tão bonitos nos dele, um sorriso que não tinha tradução senão a felicidade de dizer, sem medo, sem dúvida, sem hesitação aquelas palavras, no tempo dela, do jeito dela. E mais uma vez, encantando Molon por se permitir ser ela mesma na presença dele.

O professor a olhava, segurava o rosto dela, enquanto regulava a respiração e aquelas três palavras se escreviam nele, na camada logo abaixo da pele, se assentando, se alastrando, fazendo parte de quem ele era: Alessandro Lucciola Molon, surfista, professor doutor de Direito, ex-deputado federal, torcedor fanático do Flamengo, militante e ativista pela sustentabilidade, filho de dona Marília e seu Nelson, o homem que Simone Tebet amava.

Ele a beijou, saboreando aquela declaração dela nos lábios, na língua, dizendo de volta, sentindo o meio corpo dela se acomodar sobre ele. Não tinham pressa, beijavam-se na alegria da reciprocidade, de se saberem par, de tanto que ainda desejavam saber um do outro, descobrir um com o outro. Beijaram-se sorrindo, beijaram-se namorando a boca um do outro, até que ele a segurou contra o corpo e a colocou de costas nas almofadas onde estavam acomodados.

Simone respirou fundo, soltando um suspiro quando Alessandro cobriu o corpo dela com o dele, enquanto eles continuavam se beijando. Mãos vagavam pelos lados de seu corpo, calmas e reconfortantes, como se os dois tivessem todo o tempo do mundo. E, eventualmente, o contato deles se transformou em preguiçoso e confortável, apenas aproveitando a proximidade um do outro.

- Oi... - Tebet sorriu segurando o rosto de Molon bem perto do seu.

- Oi, meu amor - ele respondeu e sorriu, adorando encontrar o riso dela, as bochechas enrubescendo.

- Vem, deita aqui...

Se pedissem à ministra para explicar o que sentia em seu peito naquele momento, não sabia. Acomodaram-se novamente um de frente para o outro, as pernas entrelaçadas, ele abraçando a cintura dela, que tinha a mão no rosto dele. Era como se finalmente aquele verso "vem andar e voa" fizesse sentido para Simone Tebet. O sol já tinha baixado no horizonte e a noite se aproximava.

- Eu quero te fazer um convite - ele disse e virou o rosto para deixar um beijo na mão dela.

- Diga.

- Desde que você falou sobre essa viagem, eu andei pesquisando alguns lugares aqui no Guarujá, mas não sei onde você gosta de ir, onde se sente à vontade.

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