Bom sinal, mau sinal

526 65 56
                                    


— É uma longa história, e eu não gosto de ficar voltando nela. — Mina se levantou e ficou sentada assim como elas. — Pra ser clara, eu tenho um tumor na cabeça. Ele é muito raro e não tem como operar porque as chances de dar certo são pequenas.

Nayeon e Sana ficaram chocadas. Era muita informação pra elas.

— São muito, muito, pequenas? Não dá pra arriscar? — Nayeon perguntou com cautela.

— Tão pequenas que eu posso morrer na mesa de cirurgia. — A Myoui disse fria. Tentava não demonstrar nenhuma emoção ao falar daquele assunto. Segurava e impedia que qualquer lágrima quisesse fugir de seus olhos. Perder tempo chorando, se lamentando ou esperneando por ter aquele destino não ia adiantar nada. — Então ter alguns meses de vida ainda é melhor do que morrer no hospital sem aproveitá-los.

Mina logo foi cercada por quatro braços. Sana e Nayeon estavam a cercando como se tivessem que protegê-la para sempre. E aquele abraço era muito reconfortante. Ela fechou os olhos e respirou fundo.

— Seus últimos meses serão os melhores. — Sana murmurou.

— É, nós vamos dar isso a você. — Nayeon completou.

Mina sorriu. Lembrou daquele jantar onde as duas não paravam de se alfinetar, e agora pareciam quase melhores amigas.

— Somos uma família.

— Somos.

Sana tinha os olhos marejados. Nayeon já tinha o rosto molhado. Mina encarou as duas quando se separam e deu risada.

— Calma meninas, sem drama. Eu ainda estou aqui! — Foi ela dizer isso, que Sana desandou a chorar.

— Isso não é justo, Mina! — Sana reclamou com a voz embargada.

— Shhhhhh... — Mina levou as mãos até os rostos de cada uma. — Sem choro.

— Tudo bem. — Nayeon disse com um bico enquanto limpava a cara com o tecido da camiseta que usava.

— Vão me prometer que isso vai ficar entre nós três. — Agora a japonesa estava bem séria.

— Mas... — Sana tentou contestar.

— Sem mas. Eu ainda não estou pronta pra contar isso pra Chaeyoung e pra Momo. Prometem? — Levantou uma sobrancelha.

Nayeon e Sana se olharam. Não deveriam concordar com aquilo. Mas negar o pedido de uma moribunda? Nunca. Seria covardia.

— Prometemos. — Disseram em uníssono.

— Que ótimo! Me sinto mais leve. — Mina falou estranhamente bem humorada, encostando a cabeça na almofada do meio e encarando o céu azul bem limpo da manhã. — Agora, vamos voltar pro assunto vidas amorosas. Eu quero saber tudinho desses rolos de vocês!

[...]

A revelação mudou por completo o jeito de Sana e Nayeon ao decorrer do dia. Quando Momo voltou e todas tomaram café juntas, elas tiveram que disfarçar. Mina ficou lá a manhã inteira, batendo papo com elas e brincando com o sobrinho. Logo depois do almoço, ela e Momo saíram com Yoshi.

— A gente não devia ter aceitado guardar essa bomba. — Sana comentou como quem tem um segredo de estado pra esconder. Ela e Nayeon estavam arrumando a barraca. Já que o combinado com Tzuyu foi se encontrarem só de tarde, Sana resolveu ajudar Nayeon que hoje estaria sozinha vendendo as frutas.

— Concordo. Mas pra você não vai ser tão ruim, imagina pra mim? Não sei nem como consegui olhar pra Momo escondendo um troço desses dela!

— Não vai ser tão ruim uma ova! Eu sou praticamente uma irmã pra ela! E agora que ela se apegou a Mina, não quero nem ver como vai ser... — Sana se sentou no murinho logo ali atrás. O movimento estava fraquinho.

Uma Troca de Favores [NaMo]Onde histórias criam vida. Descubra agora