capítulo 8

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                 MELINDA OLIVEIRA


                UMA SEMANA DEPOIS


Ricardo tem sido um marido muito atencioso nos últimos dias, sempre me convidando para o café da manhã e perguntando sobre o meu dia. Ele não me reprimiu, não me tratou mal nem me puniu, e assim vivemos em paz, cada um em seu próprio quarto. A única vez em que nos vemos é de manhã, pois durante o resto do dia evito qualquer tipo de contato com ele. Surpreendentemente, ele respeita minha privacidade e não invade meu espaço.

Se me perguntarem se sinto algo por Ricardo, direi que sim. Sinto ódio. Odeio-o com todas as minhas forças. Como posso amar alguém assim? Alguém que não me permite ter um minuto de paz, que sempre grita comigo, me coloca para baixo, nunca pergunta como estou e só me procura com palavras duras e brutais, buscando arruinar meu equilíbrio psicológico. Demorei a perceber que essa não é uma relação saudável.

Mesmo quando ele me tratava assim antes, eu tentava ver o lado positivo, achava que a culpa era minha, que eu tinha cometido erros, e corria atrás dele apenas para sofrer ainda mais agressões. O estopim foi a traição. Para mim, foi um ponto sem retorno. Tudo que mais desejo no mundo é me separar de Ricardo.

Tento não me apegar às coisas que sofro para não me perder. Só posso contar comigo mesma, e se eu ficar mal, estarei em uma situação pior.

Hoje é o dia do evento.

O dia passou e minha aflição só aumentou. Rosa me ajudou a escolher um vestido discreto, em uma cor quase nude, para não chamar atenção. Fiz um penteado diferente no cabelo, trançando uma mecha na frente e deixando o restante solto. Sinto-me bonita. Como sei que Ricardo não suporta batom, não apliquei.

Pego minha bolsa, coloco meu celular e desço as escadas. Já são 19:20 da noite. Não quero deixá-lo furioso. Quando estou nos últimos degraus, o vejo. Ele está elegante em seu terno sob medida, barba aparada e cabelos bem arrumados. Mas não sinto nada. É como se fôssemos desconhecidos. Penso que depois de tantas agressões, tanto verbais quanto físicas, e até mesmo a traição, a admiração, o amor e o companheirismo acabam, não sobrando nada.

Ele olha para o meu vestido, e já espero alguma reclamação ou agressão, mas nada é dito. Ele apenas balança a cabeça. Estou usando o colar de pérolas que ele me presenteou.
— Está pronta?
— Sim.
— Então vamos, não quero me atrasar. — Se fôssemos um casal normal, ele diria o quanto estou bonita, beijaria meus lábios e seguraria minha mão. Isso é o que um casal que se casou há um ano faz, não é mesmo?

Saio do devaneio e o sigo até a garagem. Eu mesma abro a porta traseira do carro e, sem mais nenhuma palavra, saímos para a cidade. Quando estamos chegando à cidade, o celular dele toca. Vejo que ele olha para mim pelo espelho e deixa o celular tocar até cair. Mas logo começa a tocar novamente. Ele para em um acostamento e sai do carro para atender. Como está escuro, não consigo ter uma visão completa do que está acontecendo, mas ele parece nervoso. Minutos depois, ele entra no carro e, sem dizer uma palavra, volta a dirigir.

Percebo que estamos indo para uma parte mais luxuosa da cidade chamada Diamante Negro. Reza a lenda que a cidade tem esse nome porque, em meados do século XX, encontraram um enorme Diamante Preto em uma das terras de um pobre agricultor. Com a venda da pedra, ele ficou muito rico e fez com que a pequena cidade tivesse um crescimento grandioso. São apenas histórias que os moradores adoram contar para crianças ou forasteiros.

Ele para em frente a um lindo prédio com vários andares, muito alto. Não pergunto o porquê de estarmos ali, mas quando vejo uma loira com um vestido preto colado ao corpo, entendo tudo. Ele olha para mim pelo retrovisor, mas não diz nada. Abre a porta do carro e sai, sendo abraçado por Susana. Vejo-a dar um beijo em seu queixo e viro o rosto, não querendo presenciar mais do que isso. Alguns segundos depois, ele abre a porta do passageiro para ela, fecha a porta e então volta e se senta no banco do motorista, já partindo com o carro. Eu continuo quieta, lamentando amargamente ter vindo. Acho que ele quer me torturar um pouco mais.

A falsa olha para o banco de trás e me vê fingindo surpresa.

— Oh, não sabia que você estava aqui, Melinda. — Não digo nada e ela revira os olhos. Ela pega um espelho da bolsa e retoca o batom vermelho, de uma cor vibrante, percebendo que isso chama a atenção de Ricardo. Eu simplesmente encosto a cabeça no vidro do carro, pedindo aos céus para que essa tortura acabe logo.
Quando chegamos ao tal evento, ele desce do carro e abre a porta para sua ex, enquanto eu mesma abro a minha porta. Observo os dois entrando juntos no evento, deixando-me para trás.
Minha vontade de chorar é intensa, mas ergo a cabeça e, com passos lentos, vou entrando sozinha no local do evento. Não me pergunte por que ele me trouxe se não está ao meu lado.
Passo pelos seguranças sozinha e entro em um local que presumo ser onde haverá um jantar, vejo que é muito luxuoso. As luzes na enorme parede do painel são verdes, criando um ambiente com a mesma cor dos LEDs. É interessante notar que no painel existem três telas enormes e, no centro, acredito ser o logotipo da empresa IL. Fico ali parada, perdida em um canto, sem saber para onde devo ir. Há uma infinidade de mesas espalhadas pelo ambiente, todas com oito cadeiras cada uma, diversas taças, talheres e pratos em seus respectivos lugares, e no centro de cada mesa há um lindo arranjo de flores. Percebo que dentro de cada prato há um guardanapo e algum tipo de folheto.
O salão já está lotado de pessoas. Algumas estão em pé no centro do local, outras estão sentadas em suas mesas. Todos estão conversando e sorrindo, e eu? Bem, estou aqui segurando minha bolsa como se ela me desse a segurança que não sinto. Procuro por todo o local para ver se encontro Ricardo para ficar perto dele, mas não o vejo em lugar algum. Um garçom muito simpático se aproxima de mim.
— Boa noite, senhorita. Aceita uma taça de champanhe ou um copo de água? — Ele me oferece um sorriso reconfortante.
— Água, por favor — digo tentando sorrir. Não é exatamente sua função, mas ele sai em direção a uma porta ao lado e minutos depois retorna com uma taça de água.
— Aqui está, senhorita. Se preferir, pode se acomodar em qualquer uma dessas cadeiras e sinta-se à vontade, tudo bem?
— Sim, obrigada — sorrio para ele, e ele se afasta para servir outras pessoas. Procuro uma cadeira em um cantinho onde ninguém esteja sentado e fico ali sozinha. Aproveito para observar o local e as pessoas. É algo até proveitoso, considerando que raramente saio de casa.
Sinto que alguém me observa, consigo sentir o olhar de alguém sobre mim, mas não o vejo ou não sei quem é. Procuro por todo o salão e não encontro nada. Alguns minutos depois, encontro a pessoa que me observa, como se houvesse um magnetismo me puxando para vê-la. Anthony não precisa chamar atenção para ser notado, ele simplesmente tem esse efeito de atrair olhares de todos ao seu redor. Algumas pessoas param para cumprimentá-lo, e ele distribui sorrisos e apertos de mão a todos que vêm falar com ele. Ele está ainda mais bonito do que da última vez que o vi, usando um terno preto deslumbrante, com os cabelos longos na parte da frente jogados de lado, o que lhe confere um charme e uma aura atraentemente magnéticos. Quando percebo que ele está caminhando em minha direção, meu coração dispara e minha boca fica seca. Tento controlar essa estranha reação à sua presença. Ele para bem em frente à minha mesa e me olha com intensidade e curiosidade.
— Olá, Linda. Tudo bem? — Que voz doce ele tem, é como música para os meus ouvidos. Sabe aquele tipo de voz rouca que faz você suspirar? É a dele.
— Oi, Anthony. Estou bem. E você? — Ele procura o meu olhar e desvia o olhar para todo o salão antes de se sentar a três cadeiras de distância de mim.
— Estou bem. Vou ficar aqui te fazendo companhia até seu marido voltar, tudo bem? — Não sei por que, mas esse cuidado dele me faz querer chorar.
Percebo que o celular dele toca. Ele digita algo, guarda o aparelho e se acomoda melhor na cadeira, que parece ser pequena para acomodá-lo. Passa um garçom e ele pega uma taça de bebida. Vejo que ele leva a taça aos lábios, mas não a bebe. Ele a coloca de volta na mesa.
— Por que está sozinha aqui, Melinda? — Ele pergunta, me encarando. Solto um suspiro resignado.
— Ricardo disse que eu seria a acompanhante dele em um evento. Ele me pediu para me arrumar e esperá-lo. Fiz como ele pediu e estava tudo bem. Até ele passar na casa de Susana e trazê-la conosco, me deixando aqui sozinha. — Dou de ombros, fingindo que isso não me atingiu.
— Desculpe-me a expressão, mas seu marido é um imbecil. — Ele passa a mão pela barba e olha para longe, perdido em pensamentos.
— Eu concordo. — Digo baixinho.
— Por que ainda está com ele, Linda? — Ele indaga, e vejo dúvida em seus olhos.
— É complicado, Anthony. Há fardos que precisamos aceitar. — Afirmo, já aceitei que esse é o meu destino.
— Você sabe que não é obrigada a nada, não é? — Quem dera se fosse assim.
— Você que pensa... — Tento não deixar as lágrimas surgirem quando digo isso.
— Eu acredito que você se lembra das minhas palavras naquela fatídica noite, não é? Mas por segurança, reafirmo: se precisar de mim para qualquer coisa, é só dizer. Estarei sempre à sua disposição. Não permita que ele a quebre. Não permita que ele a machuque. — Ele diz cada palavra com tanta convicção que eu queria me agarrar a elas. Queria tanto que houvesse alguém para me livrar do meu algoz. Apenas confirmo com a cabeça.
— Obrigada, Anthony. — Quando ele vai falar algo, seu celular toca e vejo uma linda mulher se aproximar. Ele se levanta, abotoa o botão do terno e vira-se para mim.
— Vou precisar deixá-la sozinha por um momento, Linda. Chegou a hora do meu discurso. Mas foi bom te ver, e se eu terminar e você ainda estiver por aqui... — Eu olho para ele e sorrio.
— Claro, Anthony. Muito obrigada por ter ficado aqui me fazendo companhia. Significou muito para mim.
— Sempre que precisar. — Ele então se vira e vai até onde a moça o espera, e o leva para uma porta. Eu sigo-o com o olhar até vê-lo desaparecer.
Ele não faz ideia de como foi importante para mim tê-lo por perto. Vejo algumas pessoas subindo ao palco e uma salva de palmas sendo direcionada ao grupo do palco. Ouço vários discursos. E sinto vontade de ir ao banheiro.
Já se passou uma hora ou mais que estou sozinha e nada de Ricardo aparecer. Levanto-me para procurar o toalete e então os vejo. Eles estão aos beijos em um canto estrategicamente escuro. Passo por eles e acredito que não tenham me visto. Entro no toalete, fecho a porta e me encaro pelo espelho, procurando alguma imperfeição, algo que eu tenha de errado. Às vezes, sinto-me tão feia, tão ridícula. Sinto que nunca ninguém vai me desejar, que nunca serei amada. Que sempre viverei nesse casamento de fachada que só me destrói, fazendo-me perder a fé e a esperança.
Recomponho-me, não permitindo que lágrimas sejam derramadas. Minha vida é chorar, mas que seja em casa e não no meio de uma multidão de pessoas.
Saio do banheiro e eles não estão mais parados ali. Passo com a cabeça erguida, tentando transmitir confiança que não possuo.
Sento novamente no mesmo lugar em que estava. Estou em pedaços com a cena que presenciei agora pouco, e tudo que eu quero é ir embora. Chega um determinado momento em que me sinto sufocada, humilhada, perdida, então me levanto e saio para respirar.
A noite está fria e o vento gelado me recebe. Pelo menos esse vento frio me tira do fogo da traição. É engraçado como da primeira vez eu sofri, gritei, chorei, quis morrer. Dessa vez, já me sinto morta. Acho que não tenho lágrimas para derramar hoje.
Olho para o céu e, diferente de onde moro, não consigo ver as estrelas. Parece que vai chover por aqui. Fico parada na porta do prédio, olhando para cima. Não percebo a aproximação de Anthony.
— Noite bonita, não é? — Ele fala, colocando as mãos nos bolsos.
— Sim.
— Ele fez de novo. — Ele afirma, e eu não digo nada. Fico ali parada, tentando não pensar.
— Diferente de antes, agora não consegui chorar. Não quis bater neles, nem mesmo gritar. — Desabafo depois de um tempo em silêncio.
— Você está anestesiada. Mas acredito que, quando o susto passar, as lágrimas virão. — Ele fala, continuando perto de onde estou.
— Não quer voltar para dentro? O jantar já vai ser servido. — Ele pergunta, olhando no relógio.
— Esse evento foi organizado pela sua empresa?
— Não exatamente. Meu pai tem algumas sociedades e elas contam com a presença da família. Como meu pai está afastado, cabe a mim assumir todos os seus compromissos.
— Compreendo. Você não deveria estar lá dentro?
— Sim, mas não vou deixá-la sozinha aqui. — Ele diz convicto. Olho para ele, surpresa e sem palavras para expressar o que acho sobre suas ações.
Pego meu celular e vejo as horas, já passa das 22:00. Decido que quero ir embora.
— Vou ligar para o Ricardo e dizer que quero ir para casa. — Ele não diz nada, apenas confirma com a cabeça. Me afasto dele e ligo para o Ricardo, que não me atende. Ligo mais umas três vezes.
— Ele não me atende. — Digo a Anthony quando me aproximo dele.
— Aguarde um momento. — Ele fala e o vejo ir até um dos seguranças e falar algo com ele. Continuo onde estou, parada, olhando para os carros que estão em constante movimento.
Anthony retorna alguns minutos depois, com uma expressão nada agradável no rosto.
— O que houve? — Indago, engolindo em seco, sabendo que não é uma boa notícia.
— Bem... É... Como não quero que você entre em problemas, e também não conseguiria deixá-la aqui nessas situações, pedi para que minha secretária a leve para casa. — Ele me informa, mas não olha nos meus olhos. Por impulso, coloco-me de frente para ele e logo me arrependo, pois ele é tão alto, tão... tão... Acabo perdendo o que estava prestes a falar. Quando ele desvia o olhar para o meu rosto, solto um suspiro, e então ficamos nos encarando por alguns segundos. Ele olha nos meus olhos e vejo o momento em que desce o olhar para a minha boca. Acho que fico com as bochechas coradas. Desvio meu olhar para baixo. Não devo...
Com os dedos, ele levanta meu rosto para encará-lo. Meu coração está acelerado, prestes a sair correndo por aí. Quando olho em seus olhos, me perco naqueles olhos esverdeados, que parecem dizer tantas coisas. Me recomponho logo em seguida.
— Me diz a verdade, Anthony. Onde está o Ricardo? — Ele faz uma singela carícia em meu queixo, que me deixa sem ar. Ele se afasta e, com a voz rouca, diz:
— Os seguranças viram ele saindo com a Susana. — Coloco minha mão na boca e, dessa vez, eu choro.
— Não chore, Melinda. Eu não posso te abraçar e isso me mata, linda. — Ele fala incomodado, passando as mãos no cabelo. Vejo que ele mexe no celular.
— Venha, vou acompanhá-la até o estacionamento. Minha secretária Regina a espera. — Eu o sigo. Quando estamos dentro do estacionamento, em uma parte mais escura e fechada, ele me surpreende com um abraço.
— Sei que não devo. Sei que é errado pra caramba, mas não suporto vê-la chorar. — Eu me encolho em seus braços e deixo que ele me envolva. Sinto uma paz imensa. Não sinto a dor em meu peito, não sinto tristeza, nem medo. Em seus braços, me sinto segura, me sinto...
Ele passa as mãos pelas minhas costas, e ficamos assim por alguns minutos. Quando ele me solta, quero reclamar, quero pedir para ele não me soltar nunca mais, para estar em seus braços para sempre.
— Muito... Muito obrigada, Anthony. Você sempre me salvando. — Digo olhando para ele, querendo pedir para ele me levar embora, para longe, para me tirar dessa vida miserável.
Que pensamento é esse? Nem eu mesma entendo.
— Você pode contar comigo para o que precisar, Melinda. Eu te disse aquela noite e vou repetir. Precisamos de pessoas que nos levantem quando caímos, e estou aqui para ajudá-la.
— E eu te agradeço do fundo do meu coração. — Digo e, agindo por impulso, o abraço, encostando minha cabeça em seu peito. Vejo que ele se assusta, mas depois relaxa com meu aperto em sua cintura. Ele beija meus cabelos e eu o solto. Saio de lá sorrindo, pelo menos alguma coisa boa me aconteceu.
Regina estava me esperando perto do mesmo carro em que vi Anthony na fazenda.
— Regina, peço que leve Melinda para casa e diga que foi a pedido de Karen. Eu lido com ela quando você se for.
— Sim, Anthony. Vamos, Melinda?
— Sim, muito obrigada, Anthony.
— Por nada, Linda. Se cuida. E lembre-se, se precisar de mim, sabe onde me encontrar. — Confirmo com a cabeça e entro no carro com Regina. Em menos de 40 minutos, estou em casa. Sorte a minha que tenho uma chave do portão da garagem. Ela entra e estaciona o carro. Quase não conversamos, estava tão perdida em pensamentos.
— Entre, Linda. — Ela diz sorrindo amorosamente.
— Muito obrigada, Regina.
— Sempre que precisar, Linda. Eu presumi que esse seja seu nome.
— Sim. Meu nome, na verdade, é Melinda. — Digo sorrindo para ela.
— Certo, Melinda. Quer que eu te faça companhia até seu marido chegar?
— Não há necessidade, Regina. Ele não deve nem vir para casa essa noite. — Ela me olha com pesar.
— Sendo assim, uma boa noite linda.
— Mais uma vez, muito obrigada, Regina. — Saio do carro e a vejo indo embora. Fecho a garagem e corro para o meu quarto, trancando a porta. Não vou cair na bobeira de Ricardo chegar de madrugada e invadir meu quarto.
Retiro minha roupa, tomo um banho, visto uma camisola e me deito na cama. E choro até dormir.
Acordo com os raios de sol entrando pela janela e um estrondo enorme no andar de baixo, o que me deixa em alerta.
Visto um robe por cima da minha camisola e vou para a cozinha.
— Aí está você, sua vadia. Onde esteve? — Ele me olha furioso, ainda com as mesmas roupas de ontem. — Te procurei na hora do jantar e não te encontrei. — Ele diz quebrando as louças.
— Eu... hum... recebi uma carona da Dona Regina.
— Você é mesmo uma puta, não é, Melinda? Deve ter transado com algum maldito e está fingindo de santa agora.
— Eu... não... eu... pode perguntar à senhora Karen. — Lembro do que Anthony disse e torço para que ele me livre de alguma maldade que Ricardo possa vir a fazer comigo.
Acho que, devido às minhas orações, seu telefone toca. E acredito que seja algo importante, pois ele sai para atender. E eu respiro aliviada.

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