Cap. XIV - Mortal?

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~𝐉𝐀𝐌𝐄𝐒 𝐃𝐑𝐀𝐂𝐎~
[1660s]

Saiu da casa de Lucy completamente atordoado, subo em meu cavalo e cavalgo diretamente para minha residência. Eu realmente estou preocupado com esses assuntos de família. Lucy é mortal, sua família é mortal assim como todos dessa cidade, eu não posso arriscar tudo deixando minha família vir aqui. Mas mesmo assim, não posso exclui-los em tal momento.

Mas Madeleine faria um banquete com o povo de Northfell.

Eu amo Lucy, mais sinto que é pedir demais que ela passe o resto da eternidade comigo, sendo que minha vida vai continuar depois que a dela acabar. Tenho que pensar em algo rapidamente.

Quando entro no palácio sinto um ar diferente. Sinto a presença de alguém não muito familiar, não estou sozinho. Não é Corcell e muito menos as empregadas, mas tem alguém a mais aqui.

Tiro meu terno e dou para Corcell que me observa atento e tenso. Coloco minhas asas para fora, feitas de um tecido fino de pele, elas são esqueléticas medindo dois metros e meio cada uma, elas são negras como o céu noturno e se escondem quando bem desejam. Corcell arqueia a sobrancelha para mim.

— Faz muito tempo dês de a última vez que colocou suas asas pra fora milorde.

— Estou sentindo algo. — Digo começando a caminhar em direção as escadas.

— Ou alguém.

Subo as escadas e caminho em direção ao meu quarto, e quando abro a porta com tudo, vejo ninguém menos que, Florence e Madeleine.

— Você demorou, irmãozinho. — Seus olhos vermelhos escarlate me observam logo que entro.

— Estávamos lhe aguardando James. — Florence me observa inquieto.

— O que estão fazendo aqui? Ainda mais juntos. — Digo irritado por tamanho ousadia de ambos de vir até minha residência.

Madeleine caminha por meu quarto enquanto Florence, se mantém em meu sofá.

— Sabe James, achei que fosse mais forte do que isso — Olho confuso para ele. — O amor de uma mortal não é para vampiros, James.

— Ele sabe disso, mas prefere ignorar né? — Ela me fuzila com seu olhar.

— Não vamos começar com este assunto novamente. — Levo minha atenção para Florence. — Eu te deixei no passado Florence, assim como esse assunto, gostaria que permanecesse lá. — Caminho com asas abertas em sua direção.

— Coisas mal resolvidas sempre voltam, você melhor do que ninguém deveria saber — Sinto meu sangue começar a ferver. Eles sabem como me deixar fora de controle.

— Você mudou James. Ela te mudou, você está fraco — Ela observa uma pintura inacabada de Lucy que está ao lado da lareira. — Você é um Drácula, não deveria ser tão fraco ao sentimento humano assim.

— Você não sabe o que fala.

— Eu sempre sei do que estou falando. Ela é mortal James, onde você está com a cabeça? — Madeleine diz histérica.

Rose Silver também era. — Alfineto Florence que me observa furioso. — Só que ela não aceitou quem você realmente era, não é?

— Você sabe, que ela não era uma mortal. — Ele afirma.

— Mas também, não era imortal, né? Ela morreu antes mesmo de você tê-lá para si.

Florence vem até mim ferozmente, seus olhos ficam dilatados e suas veias por debaixo dos olhos saltam. Vejo suas presas aparecendo enquanto sua fúria está a solta. Ele segura em minha gola enquanto fala em meu ouvido.

— Você não sabe nada sobre ela.

— Isso não muda o fato de que ela está morta. Vocês dois poderiam parar com essa bobagem pelas Silvers. — Minha irmã cruza os braços e nos encara.

— Ele está assim, porque sabe que estou certo. Rose preferiu te caçar ao invés de te amar — Ele me solta e se afasta com as presas ainda a mostra.

— Falem o que quiser de Rose, mas nada muda o fato de que ela está fria e debaixo da terra. — Madeleine passa sua mão pelo peitoral de Florence e o empurra contra o sofá. — Ela era inteligente e perspicaz. Preferiu a própria segurança e de sua família, por isso ela lhe caçou, Florence. — Ela ainda o observa. — Ela era inteligente, mas está morta.

— Lucy pode ser parecida fisicamente com a mãe, mas jamais me condenaria. — Ela volta sua atenção para mim.

— Ela ainda lhe deixará sozinho. Todas são assim — Ele se levanta e se aproxima novamente, ao ponto de sentir seu hálito metálico em minhas narinas. — Ela vai ser sua ruína James. — Suas enormes asas negras saem de suas costas. Eles as abre e então voa pela varanda sumindo no horizonte.

Eu respiro fundo.

— Ela é diferente, Madeleine. Acredite.

Minha irmã respira fundo e se senta no sofá. Arruma o vestido vermelho e colado sobre as pernas e me encara. Me encara com seus olhos parecidos com o de nosso pai.

— Ela sabe o que eu sou, e mesmo assim vamos nós casar. — Ela me olha incrédula.

— Ela sabe o que você é?

— Sabe.

— Talvez Florence não esteja tão errado assim, James. Ela pode ser sua ruína. Essa garota pode acabar com você a qualquer momento. — Eu observo minha irmã em silêncio, esperando que ela entenda que eu não vou mudar de idéia. — Vlad está a caminho de Northfell.

— Nosso pai já está vindo!? — Ela balança a cabeça.

— Se é isso que deseja tanto. Enfrentar nosso pai e se condenar por uma mortal, eu lhe desejo sorte James. Você vai precisar. — Me apoio sobre a lareira e passo os dedos em meu cenho. — Se Vlad souber que sua alma gêmea é uma humana, ou ele enfia uma estaca em seu coração, ou mata aquela garota.

— Não permitirei que nada aconteça com Lucy. — Eu realmente preciso pensar em uma solução.

— Eu realmente lhe desejo sorte irmão — Ela diz se levantando. — Você vai precisar.

Madeleine caminha até a varanda, assim como Florence também fez, suas asas se abrem e ela se joga da varanda. Consigo vê-la cair sobre a floresta e correr em sua direção, sumindo em meio a mata.

Talvez ela tenha razão, estou arrumando uma briga boa com meu pai. Mas eu jamais abriria mão de Lucy, mesmo que fosse pela minha própria segurança.

Preciso de uma solução e é urgente.

[...]

𝑮𝒂𝒓𝒐𝒕𝒂 𝒊𝒎𝒐𝒓𝒕𝒂𝒍 Onde histórias criam vida. Descubra agora