Como Consertar Meu Coração.

4- A única coisa que ele fez, foi me machucar.

Tive que deixar aqueles pensamentos muito longe de mim. E eu sabia que cada minuto de sono era uma vitória, então, eu precisava dormir cedo.

Fechei meus olhos e pensei em como estava cansada. Eu precisava de um descanso ou de um dia só para mim. Contudo, eu não tinha muito do que reclamar, pois me lembro de quantas vezes pedi a Deus o que estou vivendo hoje.

Não posso reclamar! Apesar de cansativo, eu amo tudo que eu faço. Principalmente o meu estúdio de dança, que cobra demais de mim, mas é gratificante.

Rolei de um lado para o outro, até conseguir dormir. Eu sabia que tinha dado meu melhor hoje e amanhã teria que me esforçar para isso também.

[...]

5:30 da manhã e eu estava de pé. Já tinha tomado um banho e lavado meus cabelos e me arrumado para a escola.

Se á um mês atrás alguém me dissesse que eu acordaria 5:00 da manhã, eu riria até morrer, mas quando se aprende que, se você não muda coisas simples da sua vida, você não conseguirá ir muito longe.

Eu vesti o uniforme da escola, que era uma calça moletom verde e uma camiseta branca de mangas cor verde. Calcei uma sandália, para variar, esqueci o all star, e deixei meus cabelos soltos mesmo.
Passei um pouco de corretivo, blush, rímel e gloss. Eu realmente precisava daquela fase que eu não precisava usar nenhuma maquiagem para não me sentir melhor, mas ainda não a tinha encontrado. Meu rosto tinha espinhas e cravos e por mais que eu usasse todo produto sequer, não resolvia aquele problema.

Fiquei sentada um pouco, vendo as notícias do mundo todo em sites de jornais, o que particularmente eu amava, e tomava café. Lavei algumas louças e deixei o café do meu irmão pronto, que dormia até as 7:30.
Deixei a roupa da academia já pronta e dei umas olhadas nas coreografias que eu tinha que pegar e nos passos que eu tinha que criar.
Eu já tinha que me atualizar de todos eles.

Quando deu 6:50 AM, peguei minha mochila e saí de casa. Preferi ir caminhando, porque o dia hoje estava nublado e perfeito para uma caminhada.

As nuvens escuras decoravam o céu em tonalidades pretas e azuis, bem grossas. E algumas manchas coloridas, indo do violeta ao vermelho, uma beleza extraordinária. Eu amava o céu e gostava ainda mais de observá-lo.

Eu estudava em uma das escolas mais populares de Chicago, e não era muito longe do apartamento em que eu e meu irmão morávamos.
Era uma escola boa, devo dizer. Particular, cheia de pessoas inteligentes, as regras deveriam ser obedecidas e cheio de alunos populares.

Antes de tudo isso acontecer, eu tinha uma melhor amiga como qualquer outra pessoa. Mas ela me traiu com o meu namorado.
Os dois estavam se pegando e quando me viram, eles não fizeram nada, a não ser continuar o que estavam fazendo.

Eu amava o James mais que tudo nesse mundo. Ele era a primeira pessoa que me vinha a cabeça a qualquer momento, seja ele qual for. E a única coisa que ele me fez, foi me machucar. Eu jamais o perdoaria por isso.

Nunca.

[...]

Tive que me consolar, quando descobri que o professor de ciências biológicas havia passado um conteúdo resumidamente na lousa e que teríamos que estudá-lo e explicá-lo na próxima aula, o melhor que pudéssemos.

O que significava que eu não tinha muito tempo e que iria atrasar minhas aulas no estúdio.

Suspirei, derrotada.

Eu comia meu lanche em silêncio, enquanto escutava Elastic Heart da Sia em meus fones de ouvido. Essa música mexia comigo.

Senti alguém sentando ao meu lado abruptamente, o que me fez arregalar os olhos.

- James. - Sussurrei. Ele tinha passado meses longe, eu o vi poucas vezes, e ele não fazia questão de vir atrás de mim. Então por que agora? Logo agora que estou tentando não pensar mais nele a nenhum custo.

- Amor. - Ele disse, com a voz grossa, rouca e puxada. Ele sempre fazia isso quando estava beijando meu pescoço ou mexendo no meu cabelo. - Rebeca, quero conversar sério com você.

Refleti por uns segundos. Nós, depois de alguns meses, depois daquele dia, nós nunca tivemos uma conversa.

- O que você quer, James? Pelo amor de Deus! Quando você irá perceber que não faz mais parte da minha vida? James...- Sussurrei, com medo de começar a chorar. Ele precisava ouvir aquilo e mais do que nunca, eu precisava falar. - Você me destruiu. Eu te dei tudo de mim, fiz de você o meu mundo e na primeira oportunidade, você me traiu com a minha melhor amiga! - Olhei em seus olhos. Aqueles olhos que eu tanto amava observar. - Me diz o que eu fiz pra merecer isso de você, James? Você não me amava? Não achava que era pra sempre? Então porquê não me chamou, não me disse que não me amava mais, que não me queria mais, ao invés de me trair para todos verem, James? Me explica...- Chorei. Como aquelas palavras doíam de serem ditas.

Não sei se tudo que eu disse o abalou ou não, mas vi em seus olhos alguma coisa.

De uma coisa eu tinha certeza: eu jamais o perdoaria, mesmo que ele estivesse disposto a correr atrás do meu perdão para sempre. Eu jamais o perdoaria.

- Eu... me desculpa, moranguinho. - James abaixou a cabeça e não me olhou. - Eu me arrependo até hoje daquele dia, do quanto eu te fiz sofrer, e do quanto você saiu magoada. Queria ter uma chance de te explicar, mas...- Ele negou com a cabeça, a levantou e se levantou.

- Não tem o que ser explicado, James. - Falei.

- Têm sim, você que não sabe disso. - Falou. - Quero que saiba que jamais desistirei de você e jamais deixarei você namorar outra pessoa que não seja eu. - Ao dizer isso, ele me olhou profundamente e saiu.

Fiquei arrepiada dos pés a cabeça quando ele disse aquilo, então olhei para os meus pés.

O que ele tinha acabado de falar tinha sido uma ameaça? Eu não podia levar aquilo como uma ameaça, ou podia?

O sinal tocou e eu tive que me retirar para voltar a sala de aula. Quando me sentei na cadeira, olhei para o fundo da sala e Tother estava lá, sentada olhando para o nada. Tother era minha melhor amiga. Mas ela jogou isso fora.

[...]

- Bye, Jordan. - Falei. Eu estava fazendo dupla com um colega quando o sinal tocou, anunciando a última aula.

- Tchau, Rebeca. Até amanhã. - Ele piscou para mim e saiu. Jordan é muito gato, sério. Ele me lembrava um pouco do cara gato da academia, mas não tanto.

O cara da academia tem uma beleza peculiar, uma beleza dele mesmo. Estaria mentindo se dissesse que não estava ansiosa para vê-lo novamente hoje e constragê-lo igual ontem. Morrendo de ansiedade para isso.

Antes de ir embora, passei na biblioteca e peguei um romance qualquer, e ir embora para casa.
Para minha sorte, quando cheguei em casa, meu irmão já estava preparando o almoço, na companhia de dois garotos e uma garota loira.

Passei igual um vulcão para o meu quarto, e só quem deu para dar uma olhada foi na garota loira, então quando voltei para cumprimentá-los, levei um choque terrível ao ver quem estava sentado, com uma cerveja na mão, ao lado de outro garoto e a garota loira.

- Oi. - eu disse, observando-o.

•••
Seguinte...