Capítulo Quinze - A Barragem Se Rompendo

2.3K 158 494
                                    





Camille

Eu não conseguia respirar.

Na verdade, até me questionei algumas vezes, diante dos milhares de pensamentos que se passavam pela minha cabeça, toda aquela loucura, desespero e medo, se eu realmente estava conseguindo respirar normalmente. Bem, eu não sabia. Eu não sabia. Parecia que eu não tinha o menor controle sobre o meu corpo, porque eu não conseguia sentir absolutamente nada além do medo.

Aquele maldito medo.

O medo que eu só senti quando descobri que mamãe foi diagnosticada com câncer.

O medo que só senti quando mamãe foi embora para sempre.

Tudo parecia estar em câmera lenta, eu caminhando em passos apressados, praticamente correndo entre os corredores daquele pitlane atrás da única pessoa que eu tinha certeza que poderia me dar as respostas para todas as minhas perguntas.

Andrea.

Fico surpresa com o fato de eu estar cada vez mais perto da garagem da Ferrari, através daqueles corredores claustrofóbicos, porque eu estou desorientada minha mente revivendo em um looping infinito aquelas malditas imagens do carro do Charles destroçado no meio da pista.

"O carro dele ficou despedaçado!"


"Ele foi resgatado inconsciente! "

"Só sobrou o cookpit, as peças do carro voaram para longe, não sobrou nada!"

Eu fecho os olhos, tentando ignorar aqueles malditos cochichos em minha volta. Eu só precisava focar em encontra Andrea. Só isso.

Por favor, Charles. Não me deixe. Por favor, não me deixe.

Eu entro na garagem da Ferrari, por entre aqueles corredores cada vez mais estreitos ignorando qualquer olhar de desconfiança e surpresa ao me ver ali. Eu tenho o 'all acess paddock' pendurado no meu pescoço, logo, não poderiam me barrar. Eu passo por alguns engenheiros, perguntando com todas as letras: "vocês viram o Andrea?" mas ninguém me respondia, porque aparentemente, ninguém ali falava além do italiano.

Piada.

Que piada!

Não sei se foi o destino ou se simplesmente Deus teve piedade de mim, mas eu encontro Andrea saindo de uma daquelas salinhas que pareciam mais um cubículo com dois celulares na mão, um no ouvido e outro prestando atenção em algo que eu não fazia a mínima ideia do que tratava. Ele está pálido, os olhos esbugalhados e a expressão de puro choque. Provavelmente vivendo o mesmo looping que eu. Eu estou parada em sua frente, mas ele parece não me enxergar.

- Andrea! - eu o chamo, me aproximando ainda mais dele. Ele pisca os olhos várias vezes, como se fizesse esforço para me enxergar. - Você tem notícias dele, sabe pra qual hospital ele foi?

Ele começa a falar italiano, e claro, eu não entendo nenhuma porra de palavra que ele diz!

- Andrea! - eu seguro os seus braços, fazendo com que ele pare de falar. - Você está falando em italiano, eu não consigo entender nada!

Ele pisca mais algumas vezes, parecendo finalmente se dar conta de si.

- Eu estou indo para o hospital agora e...

- Eu vou com você. - eu digo, sendo a pessoa mais firme do mundo.

- Não, Cami, eu...

- Andrea, eu não estou perguntando. Eu vou. Eu vou com você nem que seja pendurada atrás do carro, mas eu vou! - eu digo, cada palava com tanta firmeza que eu não sei como minha voz não saiu trêmula naquele momento.

POR TODA MINHA VIDA | Charles Leclerc & Mason MountOnde histórias criam vida. Descubra agora