Cap.01 Duany

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Já de banho tomado fui até os corretor e não a vi nele.
Meu coração apertou. 'Será que aconteceu alguma coisa?' Fazia a pergunta mentalmente e como não tinha resposta eu comecei a andar de um lado para o outro.

Olhei para o rolex no meu pulso e já eram 7h30. Ela sempre me espera aqui na porta às 7h10, o que será que aconteceu? Desviei o olhar do Rolex ao ouvir:

— Cuidado para não cair! Ergui a cabeça ao ouvir a voz da minha governanta, a senhora  Maura.

—A tia, tô tô tuidado! Sorrio com o coração aquecido ao ouvir a voz dela.
Caminhei a passos largos para observá-la subir os degraus com medo de ela cair. Mesmo sabendo que a garotinha desde que aprendeu a engatinhar sobe os degraus facilmente, eu ainda me mantenho alerta! Chego em frente aos degraus e vejo a pequena subindo devagar degrau por degrau. O cabelinho castanho claro está preso com duas xuxinhas de joaninhas. Ela está vestindo calça jeans e blusa de moletom branca com rosa, nos pequenos pés o par de tênis rosa está parecendo novo. E nas mãos ela carrega uma caixinha. — Ti Du, eu tego!

Ela olhou-me com um sorriso lindo como todos os dias.
As covinhas nas bochechas são evidentes! Os olhos azuis tão escuros quanto os meus me analisam, tão fofinha e linda que chego a suspirar apaixonado.

O destino a moldou para que eu olhasse o reflexo do que poderia ter sido meu filho! Ela tem 1ano e 11 meses, mas fala pelos cotovelos.
Com o pescoço em pé para me encarar ela segura uma caixa na mão.

— Não era para estar ajudando sua mãe? Brinco e cruzo os braços fingindo estar bravo!

— Eu babaio!

— Trabalhou, e o que fez, senhorita Cendi? Filha de uma indígena e não puxou a pele da mãe. Cendi é o pai escrito. Pai que aliás só vi por uma foto que ela mostrou. Saio de meus pensamentos assim que ela falou:

— Eu avo um popo. Fala toda orgulhosa, empinando o narizinho.

— Um copo? perguntei rindo.

— Ti Du, eu babaio. Oh eu fazi.  Estende a caixinha. Desço os braços e pego  a caixinha e ao abrir me deparei com algo único. Peças montadas em forma de uma casa.

— O que é isso? Perguntei ao ver como as peças estavam bem colocadas.

— Pedio! Fala sorridente.

— Prédio, parece mais uma casinha! Ela faz um biquinho com os lábios vermelhos e as bochechas ficam vermelhas.

— Pedio, eu fazi! Fala com a voz brava.

— Tudo bem é um prédio! Me dou por vencido.

— Eu sabo….! Faz uma embolada com as palavras que ainda está aprendendo tentando me explicar algo. Me fascino por eu entender muito bem o que ela fala, mas também está naniquinha cresceu aqui dentro e me procurava todos os dias para falar comigo.

— Você já me viu, agora pode descer com cuidado para não cair. —  finjo que ela pode ir. Ei onde vai? A pequena passa em minha frente. Prendi o riso e segui até a porta do meu ateliê. Ela fica esperando eu abrir.

— O que quer aqui dentro? Eu já disse que é para você descer!

— Babaia!

— Babaia?— Perguntei rindo,  tentando entender  o que ela tanto quer trabalhar? Cendi puxou a minha calça e assim que eu a olho ela está com os bracinhos erguidos. Sorrindo eu a pego no colo.

— Você engordou, está mais pesada?

— Eu dordo.— abraça meu pescoço e beija meu rosto. —Soudade…
Kkkk…

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