Into You - (percabeth)

We cross the line.

Março, 26. 
 

Piper ainda estava no sofá quando Annabeth voltou a entrar no apartamento, alguns minutos depois de beijar Percy. 

Se sentia meio tonta por conta das palavras que haviam sido ditas, tanto no quarto como na rua. Eram muitas informações para se absorver de uma vez só, e Annabeth já andava sobrecarregada ultimamente. Luke, Percy, Ethan, Jason, Piper, o bebê, o trabalho, o pai que resolvera começar a ligar... deuses, ela acabaria enlouquecendo daquela maneira. 

Se sentou ao lado da amiga no sofá, roubando-lhe a colher de sorvete da mão. 

—Ei! —Piper protesta.  

—Você está grávida, não morrendo de fome. —retrucou a loira. 

Ela revirou os olhos, cruzando as pernas sobre o estofado e jogando a cabeça para trás. 

—Por que não chamou Percy para dormir aqui? —pergunta, absolutamente do nada.

A Chase ergue as sobrancelhas, devolvendo o pote de sorvete para a amiga. 

—Por que não tem nada a ver? —respondeu. 

—Todo mundo sabe que vocês querem se pegar, então para de enrolar logo de uma vez. 

—Quanto da nossa conversa você ouviu? —retruca a mais velha. 

Piper fica em silêncio por um tempo, como se refletisse suas próximas palavras. Então sorri, se voltando para a amiga: 

—”Obrigada por me contar. Acredito em você, gatinho.” —ela ri. —Quando voltou a chamar ele assim? 

Annabeth desvia o olhar, afastando uma mecha de seu cabelo do rosto. 

—Aquela noite, no seu antigo apartamento.  

—Bom saber. —esfregou as mãos uma na outra. —E o que aconteceu agora, quando vocês foram lá embaixo? 

A loira deu de ombros. 

—Nos beijamos. 

—E...? —o sorriso da McLean se alargou, pois ela provavelmente estava se lembrando da noite em que a amiga se declarara apaixonada por Percy Jackson. 

—Ele disse que me ama.  

Os olhos da mais nova se arregalaram de surpresa, mas Annabeth acrescenta antes que pudesse dizer qualquer outra coisa: 

—Ele não disse com essas palavras especificamente, ok? Ele disse: “eu acho que te amo”. Acho. E achar não é ter certeza. 

Piper revira os olhos, esfregando o rosto com as duas mãos e grunhindo. 

—Às vezes, Annabeth, eu tenho vontade de bater em você. 

—Você que gosta de inventar coisas onde não tem, a culpa não é minha. 

Ela pareceu indignada, levando a mão ao peito. 

—Eu invento coisas?! Annabeth, pelos deuses! Você está passando dos limites! O cara é louco por você desde... sempre? Para de fingir que acredita nessas merdas que você inventa. 

Annabeth não fala mais nada, pois sabe que a amiga está certa. Uma coisa que a ausência dos pais a havia ensinado era a autopreservação. Ocultar, sufocar sentimentos. Negá-los quantas vezes fosse necessário para que aparentassem não existir. Era isso que fazia com Percy na adolescência, e era o que estava tentando fazer antes de se beijarem pela primeira vez em sua sala de jantar. Havia abaixado a guarda uma vez, com Luke, e não gostara de como aquilo havia terminado.