Sensualizer. Esse nome cintilava em meio à luzes e buzinas de carros. A boate era movimentada e a porta quase não parava fechada. Frank acabara de chegar na cidade e não havia lugar para ficar.
Pelo que tinha ouvido, Sensualizer era hotel também e aparentemente não teria outra opção senão ficar lá. Juntou as forças, pegou as malas, chamou um táxi e se foi para aqueles lados hostis.
Para a o alívio de Frank, não era necessário pedir uma "dama" para poder passar a noite.Sentiu-se aliviado ao entrar no quarto, estava quieto e fresco, o barulho da parte de baixo era abafado. Abriu as janelas para o ar entar, estava calor e Frank estava muito feliz, os negócios iam bem e se desse certo, na manhã seguinte fecharia um acordo que mudaria sua vida.
Mas tudo dependia de como estaria, era um importante vetor para sua empresa, e o fechamento daquele acordo seria a transcendência de toda a sua carreira.
No bordel havia um restaurante, estava faminto pelas centenas de horas que passara dentro do vagão do trem e de mais algumas horas no carro alugado, então desceu até lá.E o que viu foi pura baixaria. Casais praticavam seus atos carnais livremente, as vistas para que quem passasse pudesse ver. Corado pelo que via, Frank pediu qualquer coisa barata, comeu e bebeu o mais rápido que pode e antes de pagar a conta, pediu uma sobremesa, e se possível que fosse a mais barata que tivessem, enjoado a ponto de nao ficar ali, pediu que o doce fosse entregue em seu quarto. Pagou o homem e saiu para fora angustiado e em pura indignação.
Uma vez do lado de fora, ele puxou um cigarro do maço de cigarros do bolso do terno e deu a primeira tragada, olhando para todos os lados. Muitos letreiros brilhavam no escuro e as ruas eram atacadas por carros enraivecidos. Frank sentia-se exausto e queria espairecer.
Fumou quatro.
Estava tenso e ansioso pelo dia seguinte.
Dando uma ultima olhada à porta que dava ao restante, subiu as escadas ilumidas por luzes coloridas, as pressas. Frank esperava chegar ao quarto e encontrar a sobremesa em sua porta, à sua espera, e depois esperava tomar um bom banho e dormir a noite toda.
Assim que tocou na maçaneta, percebeu que a porta já estava aberta, e Frank não gostou disso. Quando entrou, encontrou uma moça, de longos cabelos negros, que olhava pela janela.
Os cabelos eram tão longos que cobriam boa parte das costas, pareciam as molas do relógio da igreja que ele ajudava à arrumar quando era criança. Ele observou-a. Suas curvas estavam escondidas pelo belo vestido de pura seda vermelha. Se pudesse, Frank a observaria por horas, estava espantado e estasiado por algo que ele nao podia elaborar do que se tratava. Ainda virada para a janela, olhando o movimento, ela falou, e falou com a mais doce voz, sedutora:
- Eu estava olhando você, esperando você entrar. Acho que você fuma de mais, isso não faz bem querido.
- Oras bolas, mas quem é você?- questionou ele, impressionado e bastante irritado.
- Meu nome é Scarlett e eu sou a sobremesa, foi você quem me chamou aqui.
- Como assim te chamei aqui?
- Pediu sobremesa. Aqui na Sensualizer, sobremesa no quarto não quer dizer necessariamente um doce no prato, querido. Se quisesse realmente um bolo, deveria ter especificado seu desejo ao chefe.Frank sentia-se um tolo. Antes tivesse perguntado sobre, mas se sentia tão tentado à comer um doce, que mal pensara nas palavras que compora sua frase. Mas também nao podia imaginar os códigos do lugar, acabara de chegar. Ninguém o avisara, nem sequer um "não chegue perto da Sensualizer, você provará do hidromel e ficará preso por anos lá dentro". Estava envergonhado e não sabia como despensa-la de uma forma que não a magoasse e não lhe causasse problemas.
- Ahn... Moça, acho que você deveria ir embora, sabe, não quero seus serviços. Não hoje, nem amanhã e nem depois.
- Pode não me querer, mas não posso sair. Terei de ficar aqui, se não for um incômodo para você.
Ela ainda estava virada para a janela, os pés estavam descalços e as penas nuas. Eram belas pernas, pensou Frank.
- Bom, tudo bem então, pode ficar à vontade, eu vou... Ahn...
- Não sabe o que fazer, não é ?- ela se virou, revelando seu mistério. Seu rosto era estranhamente familiar. Seus olhos eram negros como os cabelos e seus lábios eram pequenos e carnudos. Tinha os seios fartos, era uma mulher muito linda, Frank não sabia ao certo quantos anos ela tinha mas devia ser jovem, talvez tivessem a mesma idade, difícil saber. Frank nao sabia mesmo o que fazer.
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Sensualizer
Short StoryO dia amanheceu. O sol clareou pela janela, os pássaros cantaram e a brisa quente soprou. Frank acordou. Por um instante não se lembrava de nada, mas depois de um tempo sentado na beirada da cama, lembrou da inesquecível Scarlett.