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Havia dois dias desde a morte de Nanon e Chimon e não se falava em outra coisa na cidade. Como não havia mais sinais de qualquer outro homicídio, a polícia trabalhava com a hipótese de os dois adolescentes estarem envolvidos com alguma coisa ilegal e o crime ser uma retaliação aos dois. Mas na verdade não havia qualquer indício do motivo dos assassinatos.

Na escola, outro assunto tinha ganhado as conversas do corredor com o mesmo vigor: a chegada de Gawin. Ninguém sabia quem ele era, de onde havia vindo e o que estava fazendo na cidade. Aparentemente, ele morava sozinho, o que era uma coisa incomum em Fairy Ville. A cidade era conhecida por ser um destino de famílias que buscavam uma escola que acolhessem os seus filhos homossexuais e não por jovens sozinhos.

Krist estava sentado na cafeteria com First e Neo, mas os seus olhos não deixavam nem um por segundo o rapaz que estava do outro lado do ambiente. Gawin parecia não ter interesse em ninguém em específico naquela escola e não falava com exatamente ninguém. Sempre que alguém tentava interagir com ele, o rapaz lhes designava um olhar de desprezo, o que era o suficiente para lhe garantir a privacidade que desejava.

"O que vocês acham que ele veio fazer aqui?", Krist perguntou pela milésima vez, interrompendo uma discussão calorosa que Neo e First estavam tendo sobre quem venceria a nova temporada de Drag Race.

"Não faço a menor ideia, e espero não saber. Ele é esquisito e a melhor coisa que fazemos é nos manter afastados dele", Neo respondeu.

"Vocês não têm curiosidade?", Krist insistiu no assunto.

"Não é questão de curiosidade. Existe um letreiro luminoso na cabeça dele sinalizando que ele é problema. Mesmo que ele não tenha nada a ver com a morte do Nanon e do Chimon, ele é problema", Neo olhou para First, em busca de apoio.

"Concordo. Fique longe dele!"

"Você acha que eu quero me aproximar dele, por acaso?", Krist rebateu.

"Pelo amor de Deus, Kitty. Você é uma das pessoas que basicamente só fala nele...", Neo disse sem muita paciência.

Krist ia rebater a acusação, mas viu que tinha recebido uma mensagem. O sangue sumiu do seu rosto quando ele viu o conteúdo da mensagem: Gostou do presente que lhe deixou no aniversário do seu pai?

"O que aconteceu?", Neo perguntou, notando que o amigo tinha ficado lívido de repente.

"Olha isso aqui..."

Krist mostrou a mensagem para Neo e First. Os dois tiveram exatamente a mesma reação. O remetente da mensagem era desconhecido e Krist nunca tinha visto aquele número antes em sua vida.

"Precisamos mostrar isso para a polícia..." Foi a primeira coisa que First conseguiu dizer.

"Você está maluco? Podem querer relacionar o Kitty com as mortes", Neo opinou.

"Mas ele está falando da morte do meu pai. As duas coisas podem estar relacionadas." Na verdade, o que Krist queria dizer era que essa era a chance de encontrar o assassino do seu pai. Se ele precisasse servir de isca para que isso acontecesse, Krist não se importava. Era melhor correr esse risco e fazer justiça ao seu pai do que se esconder.

"As mensagens podem continuar, de qualquer forma..." First instigou.

"Pessoal..."

"Está decidido, Neo. Depois da aula eu vou até a delegacia." Krist falou em tom definitivo.

Neo levantou-se da mesa, sentindo-se contrariado. Ele viu o olhar de espanto dos amigos, mas não se importou. O garoto pegou o telefone e discou o número de Mark. Alguns minutos depois, o rapaz apareceu.

THE KILLER - VERSÃO PTOnde histórias criam vida. Descubra agora