Prólogo

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      Desde pequeno, Hyunjin sempre soube que havia algo de especial em si.

      Porém não era talento para esportes, nem uma inteligência excepcional ou uma habilidade mágica.

Era sua beleza.

      Com cabelos perfeitamente alinhados e longos, uma pele impecável e lábios que compunham um sorriso que parecia ter sido feito para arrancar suspiros de quem quer que fosse, ele cresceu aprendendo a valorizar - e ser valorizado - pelo que via no espelho.

      Cada manhã era um ritual sagrado, onde acordar cedo era indispensável se quisesse ter tempo suficiente para um penteado meticulosamente calculado, as roupas escolhidas com precisão para realçar suas melhores características e a pele ter seus devidos cuidados.

      Os elogios, é claro, vinham com naturalidade. Não havia um corredor da universidade em que ele passasse despercebido, e isso o preenchia de uma satisfação profunda. Sua vida girava em torno disso: ser o centro das atenções, o rapaz mais bonito e desejado de todos.

      O mesmo acreditava que, enquanto tivesse a beleza, tudo na vida seria mais fácil. Nada nem ninguém poderia abalar o seu mundo, afinal, quem se atreveria a questionar aquele que parecia ter sido esculpido por Deus?

      Entretanto, enquanto ele se olhava no espelho pela centésima vez naquele dia, pensamentos que o assombravam a algum tempo ressurgiramem em sua mente. O reflexo perfeito que via não condizia com a expressão de angústia em sua face que remetia uma certa questão que o atormentava.

Por mais quanto tempo ele seria assim?

    O vento frio da noite balançava as árvores, e a praça estava deserta, exceto por uma figura solitária, parada à sombra de uma estátua antiga. O rapaz misterioso, envolto em um manto escuro, observava o vazio, seus olhos brilhavam apesar do tédio que transmitiam.

      De repente, passos apressados ecoaram pela praça, rompendo o silêncio. Uma mulher de aparência cansada, mas determinada, surgia da escuridão. Seus olhos, cheios de raiva e desespero, fixaram-se no rapaz. Ela parou a poucos metros dele, ofegante, como se tivesse corrido uma longa distância.

-Você me enganou!_A mulher gritava, sua voz trêmula de indignação. -Prometeu o que não podia cumprir. Eu fiz tudo o que pediu, e agora... agora estou presa a isso, presa a você!

      O rapaz permaneceu imóvel, o sorriso frio em seus lábios permanecendo impassível. Ele deu um passo à frente, sua presença carregada de uma aura que dominava o ambiente ao redor.

-Enganei você?_Ele pronuncia em um tom calmo, quase divertido, fazendo a menor a sua frente prender a respiração. -Ou você se enganou, desejando algo que sabia, no fundo, que teria um preço?

-Eu só queria uma chance... uma mudança! Não sabia que acabaria assim. Você disse que eu teria tudo dele._A mulher avança um passo, com os punhos cerrados de frustração e medo, mas determinada a conseguir o que buscava.

-E você teve. O que não esperava era o peso do que pediu. Mas, minha cara, pactos são escolhas. E você fez a sua._O moreno inclinou a cabeça, seus olhos brilhando com uma malícia silenciosa.

Poderia finalizar tudo ali.

-Por favor... me liberte disso. Eu não aguento mais. Qualquer preço, qualquer coisa..._A mulher, desesperada, acaba por cair de joelhos, o corpo trêmulo, cansada já dos joguinhos que tanto se arrependeu aceitar.

      O sorriso do rapaz se alargou. Ele se agachou à frente dela, olhando-a nos olhos com uma falsa compaixão.

-Libertá-la?_Ele murmura, como se ponderasse a questão. -Tem uma maneira, mas... pode custar algo mais. Algo que talvez não a agrade.

-O quê? O que preciso dar? Eu faço qualquer coisa!_A mesma se inclina para frente, sentindo uma esperança surgir ali.

-Sua alma ainda é sua. Se me der isso, poderei liberá-la de que lhe aflige._O maior estende uma de suas mãos, os dedos gélidos pairando no ar entre eles, enquanto observava o quão miserável a mulher ajoelhada a sua frente parecia.

      Ela hesitou, seus olhos fitando a mão estendida. Lágrimas escorriam por seu rosto, enquanto a escolha se tornava clara. Ela não queria mais viver com o fardo, com a dor de sua decisão passada, a qual achava ter sido ótima, até perceber que havia sido tola o suficiente para se deixar enganar por palavras que aliviaram seu desespero.

-Sim..._A menor sussurrou, finalmente erguendo o olhar já sem medo. -Sim, eu aceito.

      Ela levantou com certa dificuldade, estendendo a mão trêmula e tocou a dele se aproximando. No instante em que seus dedos se encontraram, um frio intenso percorreu seu corpo, e quando sentiu o toque rápido em seus lábios, pareceu que todo o ar de seus pulmões haviam sido sugados com um soco. A sensação foi tão brutal que ela não conseguiu manter-se de pé. Suas pernas cederam, e ela caiu no chão, ofegante, a visão escurecendo rapidamente.

-Boa escolha._Sussurrou o rapaz, observando-a cair, logo agachando ao seu lado. Seus olhos ainda estavam fixos nos dela enquanto a vida lentamente esvaía de sua expressão.

      Ele se levantou, observando a mulher deitada no chão, agora livre, mas por um preço que ela jamais poderia entender completamente. Com um sorriso satisfeito, o jovem virou-se e desapareceu na escuridão, deixando apenas silêncio e o corpo para trás.

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AVISOS

Mais uma fic feita em um surto
Adaptada de uma musica e escrita enquanto devia era escrever o TCC 🕊
Vai retratar assuntos delicados que podem gerar gatilhos a pessoas sensíveis
Irá conter o emoji "⚠️" quando o capítulo for sensivel e antes das cenas também
Caso não se sinta confortável lendo, é só me chamar que resumo o que aconteceu
Boa leitura♡

O Lobo e as Ovelhas || Hyunin - EM ANDAMENTO Onde histórias criam vida. Descubra agora