As vezes a realidade é dura demais.

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Fechei os olhos com força, seja lá o que fosse acontecer que acontecesse rápido, mas nada veio, o que eu estranhei. Quando abri os olhos percebi que ele estava com meu celular, este que recebia uma chamada.

- Kang Seulgi? - Perguntou me olhando confuso. - Não lembro de nenhuma amiga sua com esse nome,  você fez muitas amizades aqui? - Perguntou, deixando de lado o celular que tocou até que a ligação caísse.

Suho tocou suas mãos na minha cintura e eu sentia aquele toque me congelar. Eu não tinha ação. Por mais que quisesse reagir, minha cabeça não conseguia formular um plano onde eu poderia me livrar daquilo, e eu fiz o que podia fazer. Esperar o pior.

Olhando seus olhos percorrer meu corpo eu sentia nojo de mim mesmo, não era apenas isso, eu também me sentia burra. Sempre que eu me lembrava de ter cogitado a idéia de parar de fugir e criar raízes. Onde eu estava com a cabeça quando pensei que poderia ser feliz com alguém?

Mais uma vez uma chamada no meu telefone o fez desviar a atenção. Seulgi estava insistente demais e não era culpa dela, eu queria tanto poder me explicar e me desculpar.

- O que essa garota quer? - Me olhou e no mesmo instante seus olhos mudaram de expressão. - Você ia sair com ela? - Digitou algo no meu celular e eu o vi desbloqueado quando tentei pegar de volta o aparelho. - Mesma senha hein? - Sorriu vitorioso.

Ele prendeu minhas mãos com uma das suas enquanto a outra usava para olhar as conversas que mantinha com Seulgi.

"Eu gosto de ficar com você, sua companhia me anima."

"Devo levar Tteokbokki pra gente hoje? Mal posso esperar pra te ver."

"Não posso deixar uma mulher tão linda andando sozinha."

Lia em voz alta.

- Você está me traindo Joohyun? - Seu olhar se torna raivoso. - EU FUI TROCADO POR UMA MULHER BAE JOOHYUN?!

Meu celular encontra o chão do carro trincando totalmente a tela.

Eu esperava que algo ruim poderia acontecer, mas aquela sensação de pavor me tomava e me deixava paralisada. Meus olhos eram a única reação de meu corpo, lágrimas grossas desciam deles.

- Eu disse que não iria permitir que você se envolvesse com ninguém além de mim, porque você me traí assim? - Suas sobrancelhas franzidas mostram uma falsa dor, um sofrimento fingido e mentiroso.

- E-eu não estou com ninguém. - Digo entre as lágrimas, antes de ver claramente o objeto que ele tira do bolso de seu casaco. - Não, pod favor, não! - Tento me defender em vão.

Uma dor aguda atinge a lateral de meu corpo e logo o sangue começou a escorrer pelo movimento brusco de entrada e saída de uma faca dolorosamente afiada. Não é o único golpe, mais uma vez sinto o objeto encontrar meu corpo e minhas mãos vão de encontro ao local atingido, sendo expulsas na mesma hora. Consigo contar três, quatro, cinco vezes até perder a consciência.

Não tinha mais volta. Dizem que passa um filme de toda a sua vida na sua cabeça quando você está prestes a morrer, caso isso fosse verdade eu poderia ter alguma chance, já que a última pessoa que minha mente me trouxe foi Kang Seulgi e seu sorriso.

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- Tudo muito mal por ai? - Sooyoung se senta ao meu lado e me entrega um copo descartável com café puro e quente.

- Ela não poderia ter me dito que não queria? - Pego o café olhando o líquido antes de beber. - Ela foi embora sem dizer nada, isso é pior do que qualquer situação que eu poderia esperar.

- Eu sinto muito por isso, Seulgi. - Seungwan se juntou a namorada, tocando minha mão e fazendo um carinho leve.

Fazia um mês desde o último dia que eu a vi, sendo sincera eu sentia falta de ter um lugar fixo para ir quando estava em horário de almoço, sentia falta do cheiro das flores, em conjunto com o amaciante que ela gostava de usar. Experimentei todos os da marca até encontrar o que ela usa.

Eu sentia sua falta e isso não era novidade para ninguém, o que eu não conseguia entender era como eu, Kang Seulgi, consegui me envolver tão rapidamente por uma pessoa que eu projetei. Tudo que eu sabia daquela mulher era projeção de um sonho e de toda a expectativa que eu criei sobre ele e aquilo era o maior problema de toda a situação. Me apaixonei pelo que criei.

- Eu sou tão estúpida. - Disse, bufando em frustração.

- Não é sua culpa, e ela quem perdeu. - Seungwan diz, sempre mais sensível que Sooyoung, que agora estava a olhando com olhar julgador.

- De qualquer forma, vida que segue. - E é Sooyoung quem diz. - Vamos sair para beber hoje, nada de depressão, o luto acabou.

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- I'm selfish, I know
I can't let you go
So find someone great, but don't find no one better.

- Você disse superar o luto, hm? Me explica como que ela acabou cantando Olívia Rodrigo em um bar?

Obviamente a tentativa de animar Seulgi foi por água abaixo então precisamos chamar o plano B, Moon Byul.

Assim que a queridíssima amiga chegou no local e viu Seulgi sofrendo daquele jeito, agarrada com uma garrafa de soju e cantando diversas vezes sobre como ela queria que Joohyun fosse feliz mas não tão feliz assim, Moon pegou um copo de água e jogou no rostinho lindo da amiga sofredora.

- Bora Olívia, vamos pra casa!

Seulgi estava bêbada e se negava a sair do bar, e enquanto as pessoas iam indo embora ela continuava a repetir a mesma música enquanto vez cantava, vez chorava sua perda. O dono do bar precisava que sua cliente deprimida ficasse deprimida em outro lugar, por isso Moon foi chamada.

Limpou o rosto de sua amiga com as mãos e recebeu o abraço que a Kang lhe deu enquanto ouvia a amiga reclamar sobre sua garota dos sonhos ter ido embora. Moonbyul não sabia da história, mas ainda estaria ali por Seulgi.

O casal deixou as duas e Moon seguiu para a casa de Seulgi com a dita dona da casa, lá a mais velha ouviu sobre Joohyun e sobre como
Ela era uma garota linda e má (palavras de Seulgi) enquanto ajudava a amiga a tomar um banho depois de ter vomitado todo o trajeto de sua porta até o banheiro. Ainda bem que ja estavam em casa.

A Moon ainda escolheu uma roupa confortável e ajudou a vestir a amiga antes de ver Seulgi se deitar e lhe chamar para lhe fazer companhia.

- Quero saber como vai trabalhar amanhã. - Disse se compadecendo da amiga e deitando ao seu lado. - Boa noite ursinho chorão.

Quando as Rosas Desabrocharem - Seulrene Onde histórias criam vida. Descubra agora