"Long live the walls we crashed to..."

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Olá, leitores vorazes.
Peço milhões de desculpas pela imensa demora, mas finalmente estou de férias para dar um final digno a essa história.
E tbm usei esse tempo para me desapegar de algo que eu amei tanto escrever.
Esse é oficialmente o último capítulo de "All of the Stars". Porém, não irei deixar vocês sem epílogo, o qual eu prometo publicar bem mais rápido agora que estou livre.
Boa leitura para vocês.
Att: Maria Clara



"And when we go crashing down, we come back every time. We never go out of style, we never go out of style…"

Taylor Swift

Wednesday


"Algumas vezes, os pensamentos e crenças são irreais. Desde uma decisão extremamente importante à um simples comentário quando se olha no espelho, a mente nos sabota, nos prega peças. Nos impede de ver uma realidade por um medo irracional instaurado no fundo de nossas almas.

Morte, assassinatos, mistérios, crimes, necrotérios, tudo isso me manteve saciada por um bom longo tempo. O cheiro de formol, o sangue escarlate como o ponto mais crítico do sol poente, expressões de choque e terror, a adrenalina e serotonina de ser a responsável por solucionar aquilo que todos ansiavam saber.

Entretanto, aprendi que há coisas mais importantes do que me afundar em mistérios grotescos e assassinatos brutais. Eu o fazia pelo mais puro e incontrolável medo da solidão que me olhava de volta ao meu reflexo, seja numa água parada e insípida, ou num vidro reflexivo dentro de meu santuário espaçoso e aconchegante.

Estar sozinha nunca foi um problema para mim. Eu me permitia pensar isso, usar cada palavra como um mantra para que eu não ligasse para o sentimento aterrorizante, amargo e ruim que tomava meu ser, como a sensação infinita de um remédio ruim. Eu dizia que não era um problema para não ter que enfrentá-lo de frente. Outra enganação. Eu dizia que não me importaria se ficasse sozinha, mas a verdade é que eu já estava.

Errada outra vez, Viper.

Você não estava sozinha, você não está sozinha, e nunca estará. Eu demoro a aprender, é fato, mas eu aprendo. 

E hoje, em um dia nublado, tão apreciado por mim, eu estou sentada em minha varanda, olhando para a torre do relógio, imponente, certeira. Observei a vista por um tempo. A brisa suave e gélida, o farfalhar das folhas, a água corrente de algum lugar próximo. Um corvo pousou em meu parapeito. Meu velho amigo, cujo me trazia mistérios em cartas com um fitilho vermelho em seu bico. Dessa vez, era um fitilho amarelo. 

Ao abrir o pequeno pedaço enrolado, com uma caligrafia que cada dia mais se tornava perfeita, uma simples mensagem fez o meu inóspito, irreverente e antipático coração começar uma sinfonia coordenada por cada palavra escrita ali. O pequeno desenho de um bolinho no final da carta me fez soltar um breve e imperceptível sorriso. 

Babycakes…

E assim, colocando o sobretudo negro, a mochila levemente gasta e as luvas de um tecido bem mais fino do que o habitual, Viper de La Muerte saiu pelas ruas da cidade. Dessa vez, não para resolver um mistério. Mas sim para se resolver consigo mesma. E com seu coração.


Fim.

"

 Meus dedos tamborilavam levemente nas teclas. Um toque suave, quase imperceptivelmente, apenas um sopro de interação. Era assim que eu me despedia de mais um romance. Mesmo sabendo que não haveria mais o que escrever, que a tinta não colocaria em meras palavras tudo aquilo que eu havia construído em minha mente sombria, eu me recusava a me afastar do calor que agora era parte da máquina de escrever, decorrente dos meus movimentos incessantes com os dedos.

All of the Stars - WENCLAIRWhere stories live. Discover now