𝚃𝚘𝚡𝚒𝚌

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        𝙸𝚐𝚛𝚎𝚓𝚊 𝚍𝚎 𝚂𝚝 𝙳𝚞𝚗𝚜𝚝𝚊𝚗- 05h15.

Eu estava em meu carro estacionado na rua atrás da igreja como o homem disse, próximo de uma casa que eu chuto estar abandonada. Eram 05:15 A.M, o sol não era tão visível e a rua estava um deserto de silêncio e uma gentil neblina no chão. Desliguei o carro despedindo-me do aquecedor. Rose logo no banco de trás bocejou colocando sua língua rosada para fora. Ela balançou sua cabeça abanando as orelhas e espreguiçou-se no banco que já era um ninho graças a ela que sempre deitava ali. Sorri ladino, estiquei minha mão e afaguei suas orelhas enquanto olhava a rua deserta com agora mais um pouco de luz.

Bufei e descansei o braço esquerdo na porta mexendo em meu cabelo. Logo, vi uma moto começar a vir pela pista em alta velocidade. Cerrei os olhos vendo o homem (oelo corpo quadrado e musculoso que se exaltava mesmo d'baixo da jaqueta de couro) com o capacete olhando firme para frente. Suspirei e destranquei o carro em seguida.

- Rose, eu tenho que ir. Por favor, não saía! - Acariciei seu pescoço sentindo seu pelo macio - Caso algo aconteça, chame reforços. - Disse por último e ríspido e logo saí do carro apressado. Fechei, tranquei e deixei só a janela do outro lado um pouco aberta para Rose. Guardei minhas coisas, enchi o peito e manti minha postura. Andei em passos firmes para o meio da pista e esperei de braços cruzados encarando a moto aproximando-se.

O motor gritou. Ele acelerava. Não mostrei o nervosismo e continuei a encarar o corpo que vinha até mim acelerando cada vez mais a moto. Cerrei os punhos e manti minha postura. O corpo do homem pulou da moto e deixou-a deitada de lado arrastando-a no chão ainda em cima dela (Literalmente em cima). Ao aproximar-se um pouco mais, pulou do automóvel que rangeu no chão e bateu no canto logo atrás de mim. Eu não senti nada além de um vento da velocidade próximo das minhas pernas. Ouvi o som alto da moto chocando-se na parede logo em seguida, mas nem sequer pisquei.

O homem estirou-se, mantendo uma postura impecável, podia até mesmo ouvir sua respiração abafada no capacete negro cujo nem podia ver seus olhos. Respirei fundo e fui andando sem pressa até sua direção.

- F.B.I - Mostrei meu distintivo e logo guardei-o no bolso de dentro da jaqueta - Você está preso. - Peguei as algemas que estavam penduradas em meu cinto e abri-as - Em nome da lei - Parei firme - Coloque as mãos na cabeça, tire o capacete e venha até mim de vagar e eu levarei-o. Tem o direito de um advogado com cerca de algumas horas, tudo que você disser será usado contra você no julgamento. - Passou-se alguns segundos de puro silêncio, com exceção do vento forte que assobiava em meu ouvido.

Ele riu.

Aquele imbecil estava achando a situação engraçada, prazerosa. Sua risada rouca era bem audível. Bufei e trinquei os dentes.

- Eu fiz alguma... Piada? - Indaguei com as sobrancelhas franzidas.

- Acha que tenho medo da polícia? - Riu rouco - Eu não sei quem é você, mas eu não fiz nada de errado até que lembre-me.

- Ah, você fez sim - Afirmei - E não estou nem contando com a velocidade desnecessária que estava, Mr. Roosevelt. - Disse ríspido. A respiração do homem logo parou por curtos segundos, mas voltou um pouco mais tensa enquanto o seu corpo estava parado apenas na exceção do seu peito acompanhando a sua respiração.

- ... O.que.você.disse? - Disse pausadamente num tom irritado, indignado e ao mesmo tempo, de certa forma, surpreso.

- É você, não é? 𝗔𝗹𝗲𝘅𝗮𝗻𝗱𝗿𝗲 𝗥𝗼𝗼𝘀𝗲𝘃𝗲𝗹𝘁 - Sorri cínico e aproximei-me ainda mais em passos lentos, como um desfile, e era um desfile, o desfile pela minha vitória, pois eu fui o primeiro que achou esse desgraçado e iria fazê-lo sofrer. Tenho certeza que o senhor Truman ficaria orgulhoso de mim, ninguém nunca orgulhou-se de mim, ninguém nunca deu-me os parabéns ou ficou feliz por mim. Eu não tinha um pai para sentir orgulho por mim, ou uma mãe para ficar feliz com alguma conquista. Na verdade, mesmo que os meus pais ainda estivessem comigo, estariam decepcionados, acho que nunca vi algum familiar feliz pelo filho gay e de brinde autista, e mesmo que aceitassem, eu não seria capaz de dar algum agrado com minha vida de solteirão, até porque, sou tão sem sal quanto qualquer um em Londres.

ҒϴᎡᏴᏆᎠᎠᎬΝ ᏞϴᏙᎬOnde histórias criam vida. Descubra agora