Sinto a energia dele e olho na sua direção, mas para a minha surpresa ele não está sozinho. Quem será aquele cara?
Vejo o cara se aproximar dele e erro a batida, os outros olham na minha direção nada satisfeitos, eu olho mais uma vez para o bar e então para a frente.
Quando a apresentação acaba eu solto as baquetas e vou direto para o bar, me aproximo e o cara que está falando com ele olha para mim assustado, não, não é bem isso, ele parece ... espantado.
- Ne... nefilim.
O Nanon se vira para mim e sorri, eu me aproximo, beijo ele e agora sim o cara parece assustado. Olho para ele e para o Nanon.
- Quem é esse?
- Esse é o Mark, ele é um amigo.
- E como o seu amigo sabe sobre mim?
Ele olha fica sério e olha em volta.
- Vamos conversar em outro lugar.
Ele se levanta e passa por mim, o cara pega alguns livros que estão no balcão e vai atrás, olho para o palco e faço um sinal para o Gun, nosso baixista, avisando que estou saindo e vou com eles.
Eles param ao lado do meu carro e ficam esperando, olho para o tal do Mark, pelo jeito ele vai com a gente, suspiro e destravo carro, o Nanon senta na frente, o outro senta atrás e eu vou para o banco do motorista.
- Vamos para a minha casa, tudo bem?
Fico surpreso, acho que por ser um anjo eu acabei não considerando que ele tinha uma coisa tão humana como uma casa, principalmente por ele ter ficado comigo nas últimas duas semanas e nunca ter comentado sobre isso. Acho que nós temos que parar um pouco para nos conhecer melhor e eu tenho que mudar um essa visão que eu tenho de que ele é apenas um anjo.
- Ok, para onde?
Ele aponta e fala.
- Mahanakhon SkyWalk.
- Você mora lá?
Ele acena e eu olho para o prédio, se os ingressos para visitar o prédio já são caros, quanto será que deve custar um apartamento lá?
Eu dirijo até o prédio e entramos no estacionamento, subo três pisos para parar na vaga que é dele. Entramos em um elevador, ele tira um cartão da carteira, encosta no painel e aperta o botão do 73⁰ andar. Eu tento não reagir a isso, mas sério???
O elevador abre direto no apartamento dele. Ele tem um gosto antiquado, a primeira coisa que se destaca na sala em que entramos é um piano branco muito grande, ao lado dele, e eu acho meio comico, tem uma harpa, tudo na sala é branco, sofás, móveis, tapete, paredes, a janela como em todo o prédio ocupa a parede inteira e é toda de vidro.
Enquanto estou olhando o tal Mark coloca os livros na mesa e se senta, o que me faz pensar quantas vezes ele já veio aqui para se sentir tão a vontade.
O Nanon me olha e vem até mim.
- Tudo bem?
Não tem nada bem, aqui, mas eu nem saberia por onde começar a explicar, então apenas concordo. Ele segura a minha mão e me leva até o sofá sentando ao meu lado, olha para mim e sorri.
- Ohm, esse é o Mark, Mark esse é o Ohm.
Olho para ele que continua com aquela mesma cara de espanto.
- Ele é tão.... Normal....
O Nanon ri e eu olho para ele.
- Não se preocupe meu querido, você não é nada normal.
Eu sorrio de volta, mas não sei se não ser normal deveria ser bom, mas ele é um anjo, então....
- Como ele sabe sobre mim.
- Ele estava me ajudando com algumas pesquisas sobre nefilins.
- Porque?
Ele olha nos meus olhos e parece um pouco triste.
- Você sabe porque.
- É sobre você me matar?
O tal Mark começa a tossir.
- Ele sabe?
- Sabe.
Ele me olha assustado dessa vez.
- E você está bem com isso?
- Ele diz que não quer mais isso e eu acredito.
- Quando eu acho que essa situação não pode ser mais estranha....
O Nanon olha para ele meio irritado.
- Me conte agora, o que você descobriu.
- Como eu disse mais cedo, eu achei duas menções sobre lágrimas de anjos em grimórios antigos.
- Grimórios?
Ele olha para mim sério.
- São como cadernos de receitas de bruxas, era onde elas anotavam os ingredientes e passo a passo dos seus feitiços e poções.
- Bruxas? Tipo, bruxas?
Ele olha para o Nanon meio impaciente e o Nanon olha para mim.
- Elas são parecidas com você, só que são filhas de humanos com demônios.
- Demônios?
Ele sorri e acena.
- Os demônios são anjos caídos que se corromperam, como posso explicar? Anjos são pura luz, os demônios foram corrompidos a ponto de não ter luz nenhuma.
Eu tento assimilar o que ele acabou de dizer e ele olha para o lado.
- A lágrima...
- Sim, eu encontrei dois feitiços, os dois para proteção.
- Mas como? Anjos não choram.
- Você chora!
Ele me olha surpreso.
- Sim, você chorou, lembra? No dia que você me machucou.
Eu aponto para o meu peito e ele segue a minha mão.
- Eu não...
Ele parece confuso.
- Você passou o dedo pelo meu rosto...
- E depois coloquei na boca, era uma lágrima.
O Mark se levanta e nós olhamos para ele.
- Você colocou a lágrima na boca, tipo engoliu?
- Na verdade era só uma lágrima, então eu só chupei do meu dedo.
Ele começa a andar pela sala.
- Pode ser isso Nanon, a proteção, a sua lágrima está protegendo ele, a lágrima de um anjo, foi isso que ela quis dizer.
- Ela quem?
- O serafim que te atacou, a espada deveria ter matado você, mas não fez ao invés disso uma grande explosão de luz nos jogou longe.
Ele olha para o Mark.
- As bruxas deixaram algum detalhe? Porque elas precisam da lágrima em um feitiço se ela está protegendo ele sem isso?
- Não há nada sobre isso, talvez seja diferente por ele ser um Nefilim.
- E a luz que ele vê?
- Não há nada sobre isso, mas pense no que você acabou de dizer para ele, anjos são pura luz, talvez ele veja apenas a sua luz, as vezes a resposta mais simples é a correta.
Sinceramente essa conversa está começando a me irritar, quanto mais eles andaram conversando sobre mim?
O Nanon aponta para mesa.
- E esses livros?
- São textos em aramaico, não consigo traduzir, então trouxe para você ler.
- Ok, eu vejo isso mais tarde.
O cara me olha com aquela cara que está me dando vontade de dar um soco na cara dele, como se eu fosse uma aberração ou um experimento científico.
- Além da audição e da resistência, você descobriu mais alguma coisa?
É sério isso?
Ele olha para mim assustado.
- Me desculpe, é que a sua espécie é fascinante.
- Ok, isso já foi longe demais.
Eu me levanto e olho para o Nanon.
- Onde eu posso ficar até vocês terminarem aqui?
Ele me olha surpreso e aponta.
- No final daquele corredor fica o meu quarto. Está tudo bem?
Eu olho para ele sem acreditar na sua falta de noção e vou para o corredor.
- O cara é esquentado.
Eu juro que vou matar esse idiota! Eu abro a porta e entro no quarto que assim como a sala é todo branco, o que é estranho porque ele só usa roupas pretas. A cama é muito grande, maior do que qualquer uma que eu já tenha visto, ela tem cabeceira com um gaveteiro simples de cada lado, tem também uma poltrona com uma pequena mesa ao lado e um grande tapete.
Tiro a minha blusa e me deito na cama, fecho os olhos e fico esperando.
- Você acha que ela vem atrás de você?
- Não, eu acho que ela vem atrás dele.
- Não é melhor matar ele de uma vez e acabar com isso?
Eles ficam em silêncio.
- Ok, entendi, me desculpe.
Eu tento bloquear, não quero ficar escutando eles falando de mim.Sinto o seu beijo suave e acordo.
- Você está bem?
Olho nos seus olhos e ele parece realmente preocupado.
- Estou.
Ele me beija novamente e começa a tirar a minha camiseta, mas eu seguro a sua mão.
- Espera, me explica do que se trata tudo isso.
- Tudo isso?
- Toda essa conversa com esse cara.
Ele me olha sério e então suspira.
- Eu estou preocupado com a ameaça do serafim, ela não pode me fazer mal, se fosse fácil matar um anjo eles não nos expulsariam do céu, nos matariam, mas eu acho que ela vem atrás de você, ou pior, ela pode falar de você para outros anjos caídos ou demônios, por isso eu preciso entender sobre essa história de lágrima e o que aconteceu aquele dia, para saber o quanto você é vulnerável.
- Por isso aquele cara está pesquisando?
- Sim, mas é muito complicado, não existe nada que seja realmente confiável, a maioria são lendas e mesmo elas na maioria das vezes não significam nada.
Eu fico pensando sobre isso.
- Nós temos uma biblioteca que talvez possa ajudar.
- Nós?
- Sim, na vila dos nefilins.
Ele me olha surpreso e acho que falei demais, ele disse que não me mataria, mas será que isso se aplica aos outros nefilins?
- Onde fica?
- Antes, você vai machucar eles? Pegar o coração deles ou algo assim?
Ele fica me olhando e então sorri.
- Eu não vou a lugar nenhum sem você, então para que me serve um coração?
Sinto que ele está sendo sincero, então fico aliviado.
- Eu vou conversar com o meu bisavô e se ele permitir eu levo você lá.
- Tudo bem.
Eu coloco a sua mão de novo sobre a minha camiseta.
- Agora, que tal testar se essa cama é forte.
Ele sorri, volta a tirar a minha camisa e me beija, ele está ficando mais resistente aos beijos, quanto mais tempo passamos juntos, menos os beijos o afetam, ele diz que a sensação de voar é cada vez mais forte, mas a mente dele já não fica mais nublada, que é como ele chama o que acontecia.
Ele tira a minha camisa, a calça e então fica em pé ao lado da cama e começa a tirar a própria roupa, quando está completamente nu para e olha para todo o meu corpo.
- Você é realmente a criatura mais perfeita de toda a criação.
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A lenda
Fanfiction"Apenas o coração de um filho dos céus pode levar um anjo caído de volta para casa." O que será mais forte, a vontade de voltar para casa depois de 5000 anos ou o amor?