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(É só um teste, talvez não saia mais nada além desse cap)

Luciano corria, desviava de galhos e folhas, pisando cautelosamente enquanto sua risada era sufocada no fundo de sua garganta para evitar ser encontrado. Ouvia os passinhos desajeitados atrás de si, junto das vozes das duas crianças das quais corria, o procurando como verdadeiras detetives.

- Eu acho que não, Maria, eu ouvi ele pra lá! - Apontava com seu pequeno dedinho, a menor das duas crianças.

- Mas, Lina, eu acabei de ver ele ali! - Retrucava a maior, cruzando os braços.

Na visão de Luciano, era tão engraçado ver as duas discutindo quando estava bem em suas frentes, escondido atrás de um enorme tronco de árvore, vendo as duas olharem todos os cantos ao redor, o caçando. A menor tratou de apoiar seu pé pequenino em uma raiz de árvore, ficando em sua ponta para ter uma visão mais alta, mas ficando apenas do tamanho da amiga.

- Desce daí, menina! Não adianta de nada olhar de cima. - A maior puxou a outra, bufando e cerrando os olhos em direção ao tronco onde Luciano se apoiava para as observar. - Te encontrei!

As duas correram em sua direção, tratou de fugir como pôde, dando a volta no tronco e adentrando mais na mata. Conhecia o lugar como a palma de sua mão, afinal, cresceu ali, desde sempre corria por aquela floresta não tão pequena ao lado da casinha isolada da cidade que seus pais possuíam. As baixinhas que o perseguiam também conheciam o lugar, a mais baixinha era sua prima que viera passar alguns dias em sua casa e trouxe de brinde a melhor amiga, Maria.

Por fim, passavam os dias correndo e brincando ali, paravam apenas para o almoço e banho, gastando energias o dia inteiro sem qualquer preocupação para os assolar. Luciano, no auge de seus dezenove anos, agia como as duas crianças de cinco e sete, rindo bobo ao tropeçar em alguns galhos e se esconder atrás de mais um tronco de árvore, assim que teve a certeza de estar longe o suficiente das duas meninas.

- Procura com cuidado, Luciano é traiçoeiro. - A pequena dizia de longe, fazendo o acusado rir baixo. - Um dia ele puxou o meu pé, eu quase caí de susto!

- Você se assusta fácil, eu não. - Dava de ombros, batendo o pé em todo tronco que via em busca de assustar o moreno para que pudesse o pegar e passar o pique para outra pessoa, estava cansada de procurar.

- Hmpf, eu sou pequenininha, não vale me assustar. - Cruzou os braços, indo atrás da venezuelana e chutando um dos troncos com a garota.

- Chuta com força, Catalina! Ele não vai se assustar assim.

- Sou chiquita! Acabei de dizer!

Cansou-se de ficar observando as duas garotas de pé, iriam demorar bastante para chegar nele caso continuassem naquele ritmo, então aproveitou para descansar da correria e se sentou apoiado no tronco que se escondia, fechando os olhos e aproveitando a sensação de cair que um descanso o dava. Até o vento ele sentia! E sentia seu corpo pesar... Também sentia o frio na barriga...

Estava caindo mesmo?!

Abriu os olhos, viu uma fresta de luz se afastando com o céu que via antes, restando o buraco escuro onde seu corpo era drenado cada vez mais para baixo, o que Luciano jurou que foi o que o fez gritar como "uma mariquinha". Tentou segurar nas paredes do buraco, querendo pelo menos parar ou diminuir o dano da queda, arranhando os braços e machucando seus dedos no processo. Sua carne parecendo queimar e desgrudar de seus dedos conforme tentava e tentava, a dor o arrastava para um desespero ainda maior, deixando que suas lágrimas fugissem de seus olhos sem escrúpulo algum, para no fim, desistir ao ver que o buraco parecia se estender mais e mais. Olhou para baixo, estava tudo escuro, não via sequer um ponto de vida. Continuava caindo sem quaisquer explicações, o desespero passando e voltando em milissegundos ao perceber no que estava metido, sequer havia dito seus últimos "eu te amo" para suas meninas! E sua mãe? Sentiria sua falta? Seu pai talvez.

Once Upon A Time - BraargOnde histórias criam vida. Descubra agora