Min Yoongi era um ômega boca suja e brigão que não levava desaforo para casa, principalmente quando esses eram direcionados ao seu alfa doce e de coração puro, Kim Taehyung.
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Taehyung nunca conseguiu entender a dinâmica da sua família por mais que tivesse tentado por quase todos os anos da sua vida. Nascido de um relacionamento entre uma mulher alfa e uma mulher ômega, ele nunca compreendeu porque a sua mãe alfa trabalhava enquanto sua mãe ômega cuidava da casa e dos filhos. Não entendia porque sua mãe alfa gritava com sua ômega e lhe dava empurrões mesmo dizer ama-la e porque sempre usava comentários como “ômegas não deviam isso” ou “ômegas tem que ser assim”. E a pior frase de todas “sou alfa, eu posso, ômega não”.
Também nunca entendeu porque levava tantos socos nos braços da mãe que lhe gritava dizendo para assumir uma postura de alfa macho, ou porque as discussões das duas mulheres se tornaram frequentes sobre “o Taehyung é um alfa com defeito e eu não criei um filho para ser assim”. Não entendia porque seus colegas de classe lhe xingava e lhe colocava apelidos ruins, porque eles o fazia chorar ou não queria brincar consigo. Não entendia porque as pessoa torciam o nariz em sua direção ou estavam sempre cochichando e apontando. Era só uma criança e ele não conseguia compreender aquela coisa errada que havia nele que todo mundo falava. Sua mãe ômega dizia que ele era especial e todo perfeitinho, e ela nunca – nunquinha mesmo – mentia, então como por que todo mundo parecia agir diferente?
Mas então, Taehyung cresceu e viu que aquilo tudo que aconteceu durante toda a sua infância podia ser explicado em uma única palavra: preconceito. Ele foi classificado como alfa muito cedo, ainda nos primeiros anos da sua vida o teste de classificação foi feito e todo mundo ficou eufórico com a ideia de um menino alfa, isso era o melhor que podia acontecer em qualquer família. Mas então, o menino alfa tão prestigiado começou a se desenvolver e todos viram que ele não entrava no modelo normativo de todos da sua classe. Taehyung era doce, falava baixo, era calmo e sorridente. Era educado e sutil. Gostava de cores suaves e desenhos com muita musica e cor, não gostava de “programas de alfa” e era péssimo em esporte. Uma vez sua mãe alfa o levou para assistir uma parada de caminhões e ele simplesmente fez um escândalo assustado com todos aqueles carros se batendo de modo grosseiro. Sangue? Se visse sangue Taehyung era bem capaz de desmaiar de tão aflito que sentia-se.
Ele gostava de flores. Ouvia músicas clássicas. Era apaixonado por moda e fazia dança como aulas extracurriculares na escola. Na faculdade, ele optou pelo curso de artes plásticas e amava pintura a óleo e fotografia. Seu programa preferido era ficar em casa deixa das suas cobertas assistindo algum filme estilo contemporâneo tomando chá e com mascara de hidratação no rosto. Cuidava das unhas, dos cabelos e ia fazia caminhadas matinais apenas para manter seu corpo sempre condicionado. Ele não falava palavrões, detestava violência e era tão doce que nem mesmo parecia ser um humano.
Kim Taehyung não se encaixava no perfil de alfa e todos acabam usando frases como “doce como um ômega”, “educado como um ômega”, para lhe descrever. E isso sempre lhe incomodou profundamente porque ele não era ômega, ele era um alfa, um alfa macho! E se orgulhava muito de ser um. Então não era para associa-lo a um ômega só porque ele não coçava o saco e falava alto. E vamos lá, ninguém percebia o quão taxativo era deduzir que todos os ômegas eram doces? Eram educados? Pelos deuses, era século 21 e as pessoas ainda coloca padrão em tudo.
