Até que a vida e a morte nos separe

Capítulo 5

A manhã chegou, e o sol iluminava suavemente o quarto de Lucas. Ele se levantou ainda com um pouco de cansaço e inquietação em seu coração devido à noite agitada que teve. Decidido a compartilhar suas experiências com suas irmãs, ele foi até a sala onde encontrou Helena e Gabriela, ambas concentradas em suas práticas espirituais.

"Meninas, posso falar com vocês sobre uma coisa estranha que aconteceu comigo esta noite?", perguntou Lucas, olhando para suas irmãs com um olhar inquisitivo.

Helena sorriu carinhosamente e acenou para que ele se sentasse ao seu lado. "Claro, Lucas. O que aconteceu?"

Lucas explicou detalhadamente sobre o sonho que teve, vivenciando a vida do garoto sem rosto através de seus olhos. Ele compartilhou suas emoções e como se sentiu afetado pela brincadeira inoportuna dos amigos do garoto.

Enquanto ouviam, Gabriela e Helena trocavam olhares significativos, e quando Lucas terminou sua narrativa, elas sorriram compreensivamente.

"Lucas, o que você está experimentando é um dom especial dos médiuns, uma forma única de conexão com outras almas e suas memórias", explicou Gabriela, suavemente.

Helena acrescentou: "É um fenômeno fascinante chamado 'psicometria', onde um médium é capaz de vivenciar as lembranças e emoções de outras pessoas ou espíritos através de seus próprios sentidos e percepções. É como se você estivesse temporariamente vivendo a vida de outra pessoa."

Lucas olhou para suas irmãs, surpreso e intrigado. "Então, vocês também já tiveram experiências assim?"

"Sim, quando éramos mais jovens, tivemos algumas experiências semelhantes. Eu já vivi através dos olhos de uma cantora famosa do passado e também já fui um jogador de futebol no final da Copa do Mundo", revelou Helena com um sorriso nostálgico.

Gabriela assentiu, concordando com a irmã. "É um dom que alguns médiuns apresentam devido à sua sensibilidade e conexão com as energias do mundo espiritual. Essas experiências podem ser intensas e até mesmo perturbadoras, mas também podem nos ensinar muito sobre a vida e a alma humana."

Lucas ficou impressionado com as histórias de suas irmãs e com a ideia de que esses sonhos eram mais do que simples devaneios noturnos. Eles faziam parte de seu dom mediúnico, uma habilidade especial que o conectava com outras almas e suas vivências.

"Mas o que esses sonhos significam?", perguntou Lucas, ansioso por entender mais sobre essa faceta de sua mediunidade.

Gabriela respondeu: "Isso pode variar. Essas experiências podem nos dar insights sobre a vida de espíritos que estão tentando se comunicar ou compartilhar mensagens. Às vezes, são apenas memórias antigas que ressoam com nossa própria energia e nos ensinam lições importantes sobre a compaixão e empatia."

Helena acrescentou: "O importante é lembrar que, como médiuns, temos a capacidade de filtrar essas experiências e aprender a lidar com as emoções que elas despertam em nós. É um processo de autoconhecimento e crescimento espiritual."

Lucas sentiu um misto de curiosidade e gratidão por suas irmãs e por esse dom que compartilhavam. Ele sabia que tinha muito a aprender e que suas experiências com o garoto sem rosto estavam apenas começando. Com a orientação de Helena e Gabriela, ele se sentiu mais preparado para enfrentar os mistérios dos sonhos vívidos e aprofundar sua compreensão sobre a complexidade da mediunidade.