Vivendo em absoluto medo

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***

Ele agarrou meu rosto e, por reflexo, eu o empurrei, o que o deixou visivelmente atordoado.

"Que porra é essa?!" Ele resmungou enquanto cambaleava para trás.

Dois dos quatro, um de óculos e o outro de trança, se aproximaram e seguraram meus ombros no lugar. Tentei afastá-los, mas eles apenas agarraram ainda mais forte.

"Você sabe quem nós somos, sua putinha?" Disse aquele com trancinhas. Sua voz profunda e penetrante ecoando em minha mente, mas ficando cada vez mais alta.

Eu menti. "Não..." Eu instantaneamente me arrependi da minha resposta.

"Bill, você quer que eu foda com ela?" O de óculos disse.

"Não." Disse Bill.

Então o nome dele era Bill. Ele estava andando rapidamente em minha direção, seus dreadlocks longos, pretos e finos emoldurando seu rosto pela velocidade de seu movimento. Enquanto eles me seguravam no lugar, Bill cerrou o punho, parecendo que estava se preparando para atacar.

"Espere!" Eu gritei enquanto as lágrimas tentavam escapar dos meus olhos. Eu NÃO deixaria esses filhos da puta doentes me verem chorar.

Engasguei com minhas palavras. Bill se aproximou cada vez mais, as toxinas do álcool ficando cada vez mais fortes a cada estalo de suas botas altas de couro. Ele tinha um rosnado no rosto e agarrou a parte de trás do meu cabelo.

"Apenas pare de mentir e isso não acontecerá." Ele me deu um sorriso falso, enquanto inclinava a cabeça.

Eu me encolhi longe de sua doce respiração. Deixei escapar um estremecimento silencioso.

"Tom, Gustav" ordenou Bill.

Eles soltaram meus ombros. Bill segurou meu cabelo com mais força e me arrastou para fora. Sozinho.

"Dá o fora de mim, seu fodido bêbado nojento!" Eu gritei enquanto tentava bater em seu peito de couro.

Ele fez uma pausa e puxou para baixo, então eu estava olhando para ele.

"O que você disse?" Seus olhos brilhando com sede de sangue.

"Você me ouviu, porra, agora solte meu cabelo. Acabei de lavá-lo." Eu mordi enquanto batia a mão dele na minha cabeça. Ele soltou.

"Nunca mais pense em me tocar de novo." Eu empurrei seu ombro. "Você conseguiu isso através daqueles dreads grossos?"

"Você é ousada, eu gosto disso." Ele me olhou de cima a baixo enquanto mudava de posição.

Revirei os olhos.

"Não minta, apenas me diga seu maldito nome. Eu só quero saber quem você é." Ele fez uma pausa olhando para mim. "Eu me lembraria de ter visto você, e não me lembro."

Em um ditado.

"Angelina." Eu cuspo.

"Angelina... isso soa bem saindo da minha boca. Eu gosto." Ele comentou.

"Foda-se." Eu captei com um revirar de olhos. "Agora, deixe-me ir para casa." Eu olhei para o meu relógio. "Está tarde!"

"Tarde?" Ele zombou agarrando meu pulso lendo as horas. "São 10:30, não é tarde."

"Tenho coisas para fazer..." murmurei, um pouco envergonhada.

Passei por ele, certificando-me de prender seu braço no meu. Ele zombou enquanto se virava.

"Onde você pensa que está indo?" Ele disse.

"Casa!" Eu cuspi atrás de mim.

"Vejo você de novo, Ângela!"

"Não, você não vai!" Eu gritei de volta.

Entrei na loja apenas para encontrar os olhares bêbados dos outros. Fiz questão de zombar deles. Peguei minha bolsa e minha gasolina, voltando para a rua, certificando-me de nem mesmo olhar para Bill.

Vislumbrei o carro preto meia-noite deles com o canto do olho e virei a cabeça para olhar. A placa dizia "Tokio Hotel". Talvez esse fosse o nome da gangue deles, eu não poderia me importar menos.

Fiz meu caminho para dentro do prédio e cambaleei para dentro do elevador em uma névoa até o segundo andar. Destranquei a porta e, mesmo sem me trocar, rastejei para a cama.

***

Satan Reincarnate [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora