Medusa - Original

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• Casal fictício original (Medusa + Julie)
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A história mundial como conhecemos hoje demandou de muito estudo e pesquisas para ser descoberta e entendida, porém, mesmo com as milhares de especulações e investigações acerca dos acontecimentos passados, ainda é possível que algum mito, lenda ou episódio tenha ocorrido de maneira extremamente diferente do que achamos. Um exemplo dessa potencial disparidade entre realidade e hipótese é a mitologia grega de Medusa, uma bela mulher que foi assediada por Poseidon e, posteriormente, amaldiçoada por Atena, ambos deuses gregos; após a maldição, Medusa teve seu destino fadado à solidão e desgosto, sendo obrigada a viver com os cabelos formados por cobras, o rosto modificado para uma forma horrenda e os olhos dotados de um poder inigualável – transformar quem quer que lhes olhasse em pedra. Depois de se isolar e se afundar em uma amargura irreparável, sem contato com nenhum ser humano e nada para distrair sua mente daquela vida miserável, Medusa finalmente teve seu sofrimento interrompido por Perseu, um guerreiro que recebeu ajuda dos outros deuses gregos para assassinar a moça amaldiçoada, que teve sua cabeça decapitada enquanto dormia.

Medusa é dona de uma lenda trágica, triste e afetada, capaz de comover qualquer um que mergulhe a fundo nos detalhes, mas e se seu destino tivesse sido outro? Medusa não merecia ter o fim que recebeu, carregado de dor e sofrimento, então por que não recriar sua história?

Em algum lugar remoto da Líbia...

Medusa descansava calmamente em um de seus divãs de couro marrom com detalhes dourados enquanto reclamava e se lamentava sozinha, enchendo a paciência das pobres cobrinhas que viviam em sua cabeça e formavam seus cabelos; todo dia era a mesma coisa, após acordar, a mulher de aparência assustadora passava horas e horas atormentando aquelas criaturas, que já não se alvoroçavam mais quando as queixas começavam. Seu palácio era enorme, carregado de detalhes em mármore branco e repleto de móveis adornados com ouro e madeiras nobres, porém ela era só. Medusa fora amaldiçoada a viver sozinha pela eternidade, nenhum ser humano ou qualquer outro animal lhe fazia companhia, a não ser as cobras atadas em seu couro cabeludo – as quais, convenhamos, não eram as melhores companheiras. Sua residência ficava embrenhada no meio de uma floresta quente e abafada, cercada por árvores que escondiam a mansão e deixavam Medusa viver no mais alto sigilo, distante da sociedade e dos possíveis intrusos. Em volta do palácio, estátuas decoravam a entrada; eram, na verdade, guerreiros, lutadores, heróis e caçadores de recompensa petrificados após tentarem se aproximar da mulher a fim de matá-la. Bastava apenas um olhar naqueles olhos verdes profundos e poderosos para a morte os alcançar. Apesar das lendas e histórias difundidas nos vilarejos espalhados ao redor do mundo, Medusa era temida mas também era uma fonte de curiosidade; homens e mulheres viajavam de todos os cantos do planeta em busca da amaldiçoada monstruosidade, alguns querendo comprovar os mitos, outros a mando de algum governante ordenando sua morte. Todos, entretanto, não retornavam para seus lares.
Medusa se enchia cada dia mais de um ódio profundo pela humanidade; todos a odiavam por algo que não era sua culpa, um poder herdado através de uma maldição. No começo de sua vida pós transformação, ela até tentava apaziguar as coisas com os humanos, tentando demonstrar que aquelas petrificações ocorriam contra sua vontade, mas depois de perceber que ninguém acreditava nela, Medusa passou a ter um enorme prazer em assassinar qualquer um que pisasse em suas terras, adorando assistir as vítimas se transformarem lenta e dolorosamente em pedra. Além daquilo ser uma vingança deliciosa contra a humanidade, ela ainda ganhava belas esculturas para decorar sua casa. Havia estátuas de todos os tipos, algumas retratavam um homem chorando, outras um guerreiro gritando em pleno desespero ou tentando dar um golpe fatal de espada em Medusa e, até mesmo, pessoas imóveis em completo choque, sem expressão facial nenhuma. Não importava a posição ou fisionomia da vítima, todas faziam Medusa gargalhar enquanto saboreava o doce sabor da morte e da revanche.

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