Cabelos Ruivos Gritantes

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Narrador

Ela virou de lado e caiu no sono, por algum motivo aquele simples incidente tirou qualquer resquício de insônia, fazendo jus ao efeito do remédio.

Algumas horas depois Lynn acordou um pouco melhor, ainda que estivesse com metade da cara amassada pelo travesseiro e o cabelo esvoaçado de um lado só.
Decidiu que vestir as roupas mais simples era o melhor para um primeiro dia de aula, ainda que a vaidade a fizesse arrumar os cabelos da melhor forma que conseguia e passar um hidratante labial - odiava batons fortes e gloss.
Estar cheirosa era melhor do que propriamente arrumada, ela pensava. Quanto menos atenção, melhor, ela pensava também.
A melhor parte era que dava para ir pra escola a pé, de modo que não precisava acordar seus pais para nada. E era um sentimento bom, apesar do medo, porque estava feliz.
Sentia-se entusiasmada com a ideia de que, talvez, essa escola fosse diferente. De que poderia botar um sorriso no rosto e fazer vários amigos lá. Não igual em sua antiga escola, por mais que Judy fosse uma ótima amiga. Era uma moça gentil e honesta, mas como disse anteriormente: uma, sua única amizade lá.

Às 7h00 da manhã Lynn já estava no portão da escola, com as mãos nas alças da mochila e um meio sorriso no rosto.
Olhava tudo ao redor, desde os banquinhos no pátio até a árvore que faria uma sombra deliciosa ali mais tarde. De um lado tinha uma quadra bem grande e do outro o que parecia uma estufa e um jardim na frente, mas não dava pra ver muito.
Ela gostou do lugar de primeira, e devia ter ficado muito tempo ali parada, porque alguém esbarrou nela com força em meio aos muitos outros alunos entrando.

- Ei!! - Ela acordou do transe, procurando quem a empurrou. Parecia quase de propósito.

Contanto o mal amado se misturou em meio aos outros, e tudo o que viu foram mechas de um vermelho gritante e ombros largos.
Espera.
Cabelos tão vermelhos que doíam os olhos e ombros, ainda que cobertos, visivelmente largos. Era o carinha de ontem - ou hoje - de madrugada!!
O que ele fazia em Sweet Amoris? Será que, como dissera, ela havia realmente ligado para o número errado? Mas aquele era o número de Judy.
Ela afastou esses pensamentos. Não era um ficante qualquer da melhor amiga que iria arruinar seu primeiro dia de aula.

Quase uma hora depois Lynn já havia terminado sua ficha de inscrição da escola e agora estava com uma folha de ausência na mão procurando pelo irresponsável.
Resolvera ajudar Nathaniel, que como uma figura importante no grêmio estudantil e aparentemente boa pessoa, é uma ótima amizade em potencial. Agora só precisava encontrar esse tal de Castiel.
Ela perguntou para algumas pessoas que passavam no corredor até chegar ao pátio com a mesma quantidade de informações de que saíra do Grêmio: Ele se chamava Castiel e era aspirante a valentão.
Havia apenas uma pessoa lá, um carinha deitado no banco embaixo da árvore, com uma revista na mão. O mesmo carinha que a atendeu pelo número de Judy. O mesmo que a empurrou uma hora mais cedo.
E ele realmente parecia um valentão, olhando agora.
Era até meio difícil chegar até ele, mas como cumpria um favor, foi até lá mesmo assim.

- Então você era o agressor de hoje mais cedo - Ela disse, e se arrependeu segundos mais tarde.

O olhar dele virou-se para ela e pareceu penetrar todas suas seguranças, como se soubesse de todos os pecados presos às costas dela e a repudiasse por isso. Se pá', até devesse repudiar mesmo. Talvez ela estivesse com bafo?

- E você a pervertida que me ligou altas horas da madrugada - Ele se demorou um pouco em largar a revista, aquilo a deixou mais tensa.

- Não sou nunhuma pervertida! - Ela sentiu o rosto esquentar, por quê alguém como ele pensaria isso de alguém como ela? - Isso está mais para você, que estava com ela sabendo que haveria aula hoje. E como você dormiu? São pelo menos 3 horas de viajem de lá até aqui!

- Ela quem, porra? Você não tá falando nada com nada - Ele franziu a testa, já estava impaciente - Por quê não volta pra sua sala ou algo assim, invés de me encher o saco.

- Ora, Judy - Ela decidiu que não deixaria sua carranca de um velho de 60 anos a rebaixar - E não entendo como ela poderia querer alguém assim, você faz mais o meu ti...

Lynn percebeu o que estava falando no meio frase, quando sua voz começou a diminuir e finalmente sumiu. O ruivo voltou a atenção para ela, com um quê divertido nos olhos. Ele devia ter escutado o bastante para entender.

- E-Enfim, você conhece um tal de Castiel? - Sua fala saiu rápida e desesperada - Nathaniel me pediu para procurá-lo. Tenho uma folha de ausência aqui e preciso de uma assinatura. Então, você o conhece?

- ...Olha, muitas garotas me ligam de madrugada, mas é a primeira vez que alguma está com metade dos peitos pra fora - Ele se sentou no banco e sorriu meio travesso, olhando para cima - Geralmente é porque não atendo nenhuma. Senão sei que estariam.

Aquilo era o ápice do constrangimento para ela. Não se lembrava dessa parte, ou pouco se importou, parando para pensar. Aquele era seu pijama e, mesmo que tivesse de fato um decote naquela regata, estava ligando para uma amiga. Que mal tinha?
Quando voltou a reparar no ruivo, seu sorriso havia aumentado para os lados. Pelo visto era um apreciador da desgraça alheia.

- Então porquê me atendeu?

- Não se sinta especial, foi sem querer.

- E onde estava Judy?

- Já disse, você ligou pro número errado - Ele bufou, estava perdendo a paciência de novo - Nem conheço essa mina.

- E... A folha, onde posso encontrar o Castiel? - Lynn estendeu a folha perto de seu rosto, ele olhou bem para ela - Você é o Castiel?

- O próprio.

Nota da autora: O título tem o mesmo som daquele áudio de Skins, da Cassie. Achei fofo pq os dois tem o mesmo apelido ☺️🌟

Cass... Cassy - Castiel Amor DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora