Capítulo 65

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BRUNA:

UNS MINUTOS ANTES..

EU: Sabe? Eu quero açaí.

LORO: Não, não, não.. Não, vou subir tudo isso, tá tão perto da casa do patrão.. não vou não, além do mais, tô te livrando daquela coisa horrível.

EU: Vou com ou sem você.. E horrível é essa sua cara.

Subo não dando atenção a ele, que corre me alcançando.

LORE: Não sei.. Mas tô sentindo mal aperto no peitoral aqui.

olho de cima a baixo ele e faço careta, só para zoar.

LORO: Tá me olhando assim porque? Olha esse peitoral aqui, ele até fala com tu, se liga.

Ele começa a mexer o peito imitando uma voz fininha.

LORO: Oii Bruna, vulgo patroa, eu sou o peitinho, o irmão do pintão e..

Começo a rir dele e volto a subir não dando atenção.

EU: Anda logo.

Assim que chegarmos em uma viela  chamada Rodolfo, começo a ouvir tiros para todo lugar.

Loro me puxa para uma parede e fica na minha frente, como um escudo.

LORO: Porra! Deixei meu rádio em casa.

Fecho meus olhos, penso nos meninos em casa, Rafa, rô e meu neném.

EU: Lo.

LORO: Calma.. Vamos sair dessa.

Vejo um menino se aproximando por trás, bato no braço dele e o mesmo se vira mirando.

LORO: Porra kaka, não chega assim.

KAKA: Patrão tá procurando vocês, porque não responde?

Ele pergunta ainda atirando para a decida do morro.

LORO: Esqueci o rádio.

KAKA: Porque não está atirando, caralho?

LORO: Eu.. Eu..

Um tiro bate na parede do meu lado e grito de susto e medo.

Loro me olha e pega seu fuzil, começando a atirar também.

Me abaixo no chão e coloco a mão na barriga, não posso os perder.

Começo a chorar e aquela dor chata volta, levanto meu rosto e vejo o caveira descendo atirando e gritando com os seus.

LORO: Vamos patroa.

Ele me puxa para levantar, assim que me viro, ouço um tiro e como loro tava na minha frente, caímos e o mesmo caio em cima de mim.

Ele respira ofegante mas minha atenção volta para o tiroteio.

Caveira estava gritando, vi ele atirando no cara que estava no telhado .

Peço para o loro sair de cima de mim, já que ele era pesado e minha barriga estava doendo.

EU: loro?

Ele estava respirando baixo e seus olhos estavam fechados, levanto minha mão para tirá-lo de cima de mim, e sinto algo quente, quando olho, vejo que era sangue.

Me desespero e empurro ele com cuidado, ele cai para o meu lado e geme baixo.

EU: Meu deus.. Meu deus, loro?

Ele continua com os olhos fechado, coloco ele de lado e vejo aonde foi o tiro.

EU: Edu? Me ajuda, ele está.. ele..

Começo a chorar desesperada e tiro minha blusa, começando a pressionar o ferimento.

Coloco a cabeça dele no meu colo e aperto o ferimento.

Os tiros estavam abafados, não conseguia focar no que acontecia em minha volta, só focava nele.

EU: Caveira, por favor..( choro).. Ele precisa de um médico, por favor.

CAVEIRA: Amor.. CERÇA ELES PORRA, NÃO É PARA DEIXÁ-LOS SAIR.. Amor, já vou aí, espera um pouco.. MERDA.

Ele se afasta quando um tiro atinge aonde ele estava, puxo um pouco o loro que resmunga, olho para ele que abre os olhos.

EU: Vamos tirar você daqui, vamos levá-lo ao médico.

Passo a mão em seu rosto e vejo uma lágrima cair no rosto dele.

LORO:  Na-não ch-hora.. Fi-fica fe-ia.

Do risada e abaixo um pouco, dando um beijo em seu rosto.

EU: Aguenta firme.

LORO: Na- não vou con-seguir.. Dói.. I-is..isso não va-i pa-rar ce-do.

EU: Cala boca.. Vamos conseguir.

Ele começa a tossir e sua respiração estava mais baixa ainda.

LORO: A-ai?  E-eu..

EU: CAVEIRA.. (choro).. Por favor.

LORO: Pa-ra.. M-me ouça.

Caveira se aproxima de nós e o pega no colo, me levanto com um pouco de dificuldade por conta da dor.

Caveira me olha preocupado, mas balanço a cabeça.

EU: Estou bem.. Vamos.

Ele vai andando e tinha dois carinhas armados na nossa frente, vou atrás dele com a mão na suas costas.

EU: A-amor.. E-ele..

CAVEIRA: Voce precisa ficar calma, os bebês.. Ele vai.. vai ficar bem.

Cada passo que dávamos, seu sangue saia no chão.

Soluço e aperto meus olhos, passo a mão na barriga tentando diminuir a dor.

Assim que chegamos, ele entra gritando por enfermeiros. Ele coloca ele em uma maca e ele é levado.

ENFERMEIRA: Os senhores vão ter que ficar aqui.

EU: Mas..

CAVEIRA: Amor.. É assim, não podemos ficar lá.

Abraço ele chorando, ele retribuir e beija minha cabeça.

EU: Tô brava com você ainda..

CAVEIRA: É claro que tá.

Ele se afasta e me dá um selinho, se virando para os dois vapores.

CAVEIRA: Vocês vão ficar aqui.

Ele se vira para mim e sorri de lado.

CAVEIRA: Vou ter que ir.. Mas vou voltar para pegar você.. Ele vai ficar bem.

EU: Mas ele perdeu..

CAVEIRA: Ele vai ficar bem.. Vou passar em casa para ver as crianças, fecho?

EU:.. Fechou.

Ele me dá um selinho novamente e saia deixando os caras do meu lado, me sento para esperar e resmundos de dor.

Os caras olham para mim desconfiado, mas não falam nada.

A Professora e o Dono do Morro(Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora