You are my [fallen] angel

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Olá, sacaroses!! Como vocês estão?
Disse que escreveria uma one-shot nova e aqui estou!! Na verdade, tenho escrito essa história desde antes de publicar "Final case", mas só tive vontade de terminar agora.
Espero muito que gostem, porque sinto que essa foi a coisa mais linda que eu já escrevi na vida.
De toda forma, boa leitura!!

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     "O que estamos fazendo aqui?" Nikolai perguntou assim que pararam em frente à antiga construção.

     Gogol confiava no homem ao seu lado mais do que seria moralmente adequado ou saudável para se confiar em alguém, todavia nunca teria pensado que Fyodor o traria até aquela grandiosa catedral.

     Quando Dostoyevsky sugeriu (lê-se anunciou) a viagem para Moscou, Nikolai se imaginou conhecendo todos os melhores pontos turísticos, óbvio, mas não esperava chegar perto da catedral mais importante da Rússia. A ideia de pisar em solo religioso, no geral, fosse qual fosse, nunca chegou a ser cogitada.

    Invadir uma igreja não estava previsto para entrar na lista dos crimes que queria [e iria] cometer. E, mesmo assim, sua devoção e lealdade ao único Deus no qual acreditava o trouxera até ali.

     Não sabia há quanto tempo estavam parados em frente aos portões escuros. As paredes trabalhadas de granito finlandês e mármore se misturavam com a neve branca no chão, causando uma enorme dor de cabeça.

     As cúpulas douradas não melhoravam a visão de Nikolai sobre o lugar. Só conseguia pensar em como aquele começo de noite acinzentada era perfeito para estar em qualquer outro local, menos ali.

     Odiava ter que ficar à mercê dos flocos que insistiam em cair suavemente, umedecendo suas roupas. Aquilo era o suficiente para deixar alguém resfriado, mas Fyodor não parecia se importar com nada disso. Gogol se questionou internamente se o outro homem tinha noção de como sua saúde era frágil, por conta da anemia.

     Em algum momento durante os longos minutos de espera silenciosa, Dostoyevsky se aproximou vagarosamente dos grandes portões. Seus passos eram tão lentos que ele quase parecia assustado de chegar mais perto da catedral.

     Permitiu a si levar as pontas dos dedos até o material escuro, que era gelado ao toque mesmo sob a luva clara de lã. Quando ele falou, o homem de cabelos brancos precisou se esforçar muito para discernir se realmente tinha o escutado ou se era apenas sua mente lhe pregando peças.

"Nikolai?" Chamou fraco, como se com medo da própria voz. Levantou a cabeça para encarar os olhos coloridos, um tanto longe de si, esperando uma resposta.

"Sim, Dos-kun?" Tinha um tom suave, mas não conseguiu impedir de deixar transparecer o incômodo em estar ali.

"Você acredita em Deus?" Gogol engasgou no ar, em surpresa. Não importava a forma como aquilo havia sido perguntado, era assustador. E o era porque nunca se sabe quais as verdadeiras intenções de Fyodor com alguma coisa.

O questionamento era simples, com uma resposta mais simples ainda. Bastava dizer "sim" ou "não" e as coisas se resolveriam. No entanto, nada nunca termina tão fácil assim, e Nikolai realmente precisou pensar no que dizer, dessa vez.

Por um lado, havia chances de que Dostoyevsky estivesse falando do mesmo Deus no qual ele acredita. O Criador de tudo, inclusive e principalmente do lugar onde estava pisando agora (muito contra seu querer, diga-se mais uma vez). Nesse caso, a resposta seria um "não" sem hesitações.

Por outro lado, se o homem dos olhos roxos estivesse se referindo a qualquer outro ser, e não necessariamente o Deus Cristão, então Gogol precisaria dizer que "sim". Acreditava, porque aquele alguns passos a sua frente era seu Deus. E ele seria devoto de Dostoyevsky até que a terra o consumisse.

You are my [fallen] angel - Fyolai - One-shotOnde histórias criam vida. Descubra agora