Maya Sanches. 🕸️
Eu e minha mãe acabamos de chegar no morro, estamos completamente exaustas. Por sorte, nós conseguimos a ajuda de um amigo antigo do meu pai para fazer a mudança, de qualquer forma, achei humilhante.
Posso estar sendo arrogante, eu sei.
Acho que a primeira coisa que eu queria fazer era sair correndo à procura da Camila, mas sei que preciso ajudar minha mãe.
Mas sem duvidas, um abraço dela agora, curaria um pouco dessa dor tão profunda que reside tão forte em mim.Nós conseguimos retornar a nossa casa antiga no Complexo. Minha mãe falou com uma pessoa – que eu não faço ideia de quem seja – para pedir ajuda, disse que precisávamos voltar para o morro. E finalmente, tivemos um pouco de alívio, pois conseguimos voltar para nossa antiga casa.
Fiquei por bons dias pensando nessa facilidade toda que fica bem acentuada quando o assunto é o morro, como? Tão fácil assim?
Prefiro esquecer isso, porque de problema eu já estou definitivamente cheia.— Mãe, pode descansar um pouco agora, eu começo a arrumar aqui, se eu precisar de ajuda prometo que chamo, viu? — Eu falo, completamente preocupada, consigo ver o cansaço nos olhos de minha mãe. Ela tentando se mostrar forte para me manter forte também, me machuca demais.
— Você tem certeza meu amor? eu não quero que você fique sobrecarregada.. Tem realmente muita coisa pra arrumar. — Ela expressa com a voz doce que sempre me acalma. Me enche de amor.
Dona Gia era cabeça dura! Dificilmente aquela ali desiste do que quer, viu? Se eu tenho uma inspiração, é essa mulher.
— Claro que tenho, por favoor, siga o pedido de sua filha e vai descansar dona Gia! — Empurro sem força suas costas até o caminho do quarto, fazendo com que ela me deixasse ali para arrumar. Tento parecer bem humorada para acabar com o clima estranho.
Ela vira para mim e me encara.
— Tudo bem minha filha.. Sei que não adianta te contestar agora. O quarto já está arrumado então vou descansar um pouco. — Logo ela sai, me fazendo perceber que estou ferrada no meio dessa bagunça.
Bom, pelo menos convenci ela a descansar, a mamãe aqui é foda, né?
Minha mãe começou a vender doces depois que meu pai morreu, ela sempre gostou de confeitaria, então acabou tornando isso uma forma de ganhar dinheiro.
Não ganhamos muito, mas nós nos viramos.
Sem dúvidas quero começar a ajudar ela em casa a partir de agora, sei que as coisas vão se complicar. É a hora de eu mostrar ser uma pessoa que ela pode contar.[...]
Depois de arrumar toda a bagunça fui checar se minha mãe estava bem. E ela estava, estava dormindo como um anjo. O meu anjo.
Decidi sair um pouco, eu queria relembrar os velhos tempos, e de quebra, ver minha morena.
Logo quando saio de casa dou de cara com um vapor, vejo o fuzil nas mãos e me tremo todinha. Oh pai, cuida da tua filha aqui?
Tinha me esquecido o quão cagada eu ficava quando via qualquer vapor andando pela favela. Vou precisar me acostumar.
Eu ando um pouco e chego até uma sorveteria, queria tomar um sorvete de flocos, o meu favorito. Mas não posso, estou sem grana.
E isso se tornou algo normal a um tempo, estar sem dinheiro, o tempo todo, dinheiro nem para uma casquinha, isso sim, humilhante.Isso que é foda, eu quero conseguir uma vida melhor, pra mim e para a minha mãe.
Já que não vou fazer nada, vou chamar Camila pra vim me ver, to louca para matar a saudade que ta tão grande que eu não consigo nem expressar, acho que ainda não to conseguindo acreditar que vou ver ela depois de tanto tempo. Loucura, né?
Eu sabia que a Camila ainda morava no Vidigal, nós mantínhamos contato pelo telefone. Mas depois da morte do meu pai ficou tudo tão complicado, acabei me afastando de todo mundo.
Mas quando contei que estava voltando para o Complexo ela surtou, disse tantas coisas, que ia me mostrar tudo que não teve a oportunidade de mostrar naquela época.
Enfim, de qualquer forma, apesar de curiosa, não sei se é o momento de entrar em mais problemas ou conhecer eles.
De longe já vejo uma pessoa correndo animada pra perto de mim, ela vem tão rápido que fico assustada. Nunca muda.
Logo me envolve em um abraço.
— Maya, eu não acredito, você ta aqui mesmo? — Dou risada respondendo – Sim, eu estou, em carne e osso. – Ela me solta e lança um olhar bravo. — Você devia ter vindo me ver antes sua cachorra. Porra, eu to malucona de saudade de ti pô. Tu não tem nem noção da minha neurose cara, papo reto, agora eu não te perco mais.
— Eu sei, eu sei meu cheiro — Murmuro em um tom brincalhão. — Senti tanta saudade sua, todos os dias. Mas você entende né, tudo que eu tava passando?
— Claro que sim May, eu sempre entendi, sem caô, sempre vou estar do seu lado e tu sabe disso. — Me da um beijinho na bochecha e logo depois me puxa.
— Vem, vou te apresentar a favela, sei que você ja morou aqui, mas tanta coisa mudou depois que você saiu, depois que o Grego entrou no comando.. — Diz pensativa.
— Grego? quem é? Coroa não está mais no comando? — Falo completamente surpresa.
— Ta não pô. Morreu em uma invasão.— Murmura com tranquilidade.
Ela fala com uma naturalidade que me assusta.— Enfim, isso não me importa. — Falo receosa.
É a verdade, ou talvez não, talvez eu queira saber mais sobre, mas da pra entender, né? Sou uma fofoqueira das boas.
— Você não ia me mostrar o morro? Então vamos, quero saber de cada detalhe, e depois você almoça la em casa, fechou? — Digo em um tom completamente animado.
— Fechou amoreco.
— Aí to tão animada, vamos, vamos Maya, deixa de ser lerda e anda rápido. Que hoje o dia vai ser divino. — Apressada demais, não aguento essa garota.To brincando, aguento sim, meu amor todinho essa maluca.
[...]
É isso meus amores, esse é o capítulo de hoje.
Eu sei que esse início ta chatinho e muito calmo, mas é necessário para o desenvolvimento da história.
Eu imploroo pra vocês falarem o que está achando! 💗
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Nosso Destino.
FanfictionEm "Nosso Destino", a luta pela sobrevivência na favela revela o lado obscuro da ambição. A escassez de recursos força pessoas comuns a cometer atos impensáveis, enquanto a paixão e a rivalidade se entrelaçam em um jogo perigoso. Quando os limites...