Capítulo 12 - Nanon

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Olho para ele caindo e não consigo acreditar no que está acontecendo, eu tinha tanta certeza de que ele estava seguro e bem, que nada ia acontecer aqui. Olho para a Namtan e ela sorri.
- Acabou Nanon, agora você vai poder voltar para a casa.
- Eu nunca vou voltar!
Eu corro até a beira do terraço e pulo, olho para ele e me posiciono com as mãos ao lado do corpo e cabeça para baixo, assim vou chegar nele mais rápido, quando o alcanço abraço ele e nos giro para eu ficar embaixo, as chances são mínimas, mas com a sua resistência, talvez se o meu corpo receber a maior parte do impacto, talvez, apenas talvez ele sobreviva, eu o seguro forte para ele não se soltar, olho para ele e vejo medo no seu olhar.
- Vai ficar tudo bem.
Ele sorri, me abraca e diz.
- Eu te amo!
- Eu também te amo!
Sinto que estamos nos aproximando do chão, não falta muito e eu não sei o que fazer, eu fecho os olhos e pela primeira vez desde que eu fui expulso eu rezo em silêncio.
"Pai, em cinco mil anos eu nunca pedi nada, nunca pedi para voltar, nunca pedi nenhum favor, nunca quis nada para mim, então se apenas uma única vez eu puder pedir alguma coisa eu peço isso, por favor, proteja ele!"
Eu fico em silêncio, mas sei que é inútil, é tarde demais.
Sinto uma dor insuportável e grito, seja lá no que eu tenha batido pegou na minha cicatriz, a dor aumenta e eu continuo gritando, então para e fica apenas ardendo, eu continuo de olhos fechados, mas eu tenho que abrir os olhos, tenho que ver como ele está.
- Nanon, por favor, olha pra mim, você está bem?
O som da sua voz... Espera, o som da sua voz?
Abro os olhos, ele parece assustado, mas fora isso parece bem.
- Você está bem?
- Você... Você...
- O que aconteceu?
- Asas...
Ele olha atrás de mim e eu viro o rosto para olhar para tras, perco o equilíbrio e quase o derrubo, seguro ele firme, olho mais uma vez e não consigo acreditar, elas estão ali batendo por vontade própria, como se sempre estivessem ali, como se cinco mil anos não tivessem se passado.
Sinto aquele puxão e sei que ele está em perigo, então fecho as minhas asas em volta dele e me viro, sinto o impacto e um grito.
Eu vou descendo com cuidado, quando estamos no chão eu o solto.
- Isso é Impossível!
Olho para cima e ela me olha com raiva, invoca a sua espada de luz, mas é tão fraca que logo se extingue.
- Vai para casa Namtan, você não percebe, mas está se corrompendo, por favor volte para casa e nos esqueça, eu nunca vou voltar.
Ele grita mais uma vez e vai embora . Sinto ele tocando nas minhas asas e é uma sensação tão estranha, me viro para ele que me olha com espanto ainda.
- Como?
- Eu não sei.
Ele se aproxima e toca o meu rosto, quando está se aproximando sinto mais uma vez uma dor muito forte e começo a gritar, o meu braço queima e parece que a pele está rasgando.
- Nanon? Nanon, por favor, o que está acontecendo, fala comigo! Nanon!
A dor fica tão insuportável que a única coisa que eu quero é me entregar e perder os sentidos, mas não aqui, eu preciso sair daqui com ele. Abraço ele com o braço que não está queimando e começo a voar, volto para o terraço, coloco ele no chão com cuidado, então caio. A chuva bate com força pelo meu corpo e a dor não para.
- Nanon, as asas, as câmeras, não podemos ficar aqui.
Eu sinto mais uma vez a pele queimando forte e grito.
- Amor, por favor, me conta o que está acontecendo, como eu posso ajudar?
Eu olho para ele e acho que esse é o preço que estou pagando ela sua vida, se for isso mesmo eu pago de bom grado, por que ele está aqui e está bem. Mais uma vez a dor me atinge e eu perco os sentidos.

Acordo e olho em volta, eu estou no meu quarto, tento me mexer, mas algo incomoda, olho para o lado e me lembro do que aconteceu.
- Ohm?
- Eu estou aqui!
Ele senta na cama e segura o meu rosto.
- Como você está?
- Estou bem, me ajuda a levantar?
Ele me ajuda e quando estou sentado fecho os olhos e me concentro, espero que os poderes tenham vindo com as asas.
- Nanon!?
Eu abro os olhos e olho para trás, eu consegui, as asas sumiram
- O que aconteceu? Cadê elas?
Eu levanto a camiseta e me viro, ele me toca e vai contornando com os dedos.
- Parece uma tatuagem.
- São as minhas asas, posso invocar quando eu quiser.
- Então você é um anjo novamente, tipo sem ser caído?
- Não tenho certeza.
Eu tiro a camiseta que está rasganda e olho para ele.
- E o que é isso?
Ele aponta para o meu braço que estava queimando, eu toco a cicatriz que tem ali.
- Impossível!
- O que é isso? Porque o meu nome apareceu no seu braço?
- Eu acho que fui designado...
Olho para ele e para o meu braço novamente.
- É impossível!
- Como assim designado? O que é impossível?
- Eu acho... Acho que agora eu sou o seu anjo da guarda...

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