Capítulo 11. Caminho Árduo

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POV Christopher

Combinei com Herrera de esconder por mais algum tempo sobre minha recuperação. Afinal, bastavam os Diestro descobrirem sobre as memórias para tudo ir por água abaixo — além de colocar minha vida em risco novamente. Na verdade, arquitetamos um plano para tentar mascarar ainda mais o retorno das minhas lembranças. Deixaríamos escapar próximo de um residente sobre minha amnésia, com certeza é um assunto muito considerável para alguém manter segredo. Com sorte, a notícia se espalharia como brasa num palheiro, até chegar nos ouvidos de Gastão. Dessa forma, todos finalmente entenderiam o motivo de eu não atender pacientes nem fazer cirurgias, e eu poderia investigar sobre meu atentado sem levantar muitas suspeitas.

O mais árduo seria esconder meus sentimentos de Dulce Maria. Ela realmente conseguiu penetrar meu coração de gelo, onde julguei que ninguém entraria de novo. Depois de Paola, jurei não ficar tão vulnerável, à mercê de outra pessoa, para não experimentar aquela dor excruciante de novo. Mas aos poucos, Dulce encontrou um espacinho dentro de mim, se abriu, revelou seus segredos... Eu precisava protegê-la. Nem que para isso, tivesse que magoá-la.

Tomei um banho rápido antes de irmos para o hospital a fim de já colocar em prática nosso esquema. A todo momento fiquei imaginando o que diria para Dulce Maria, como terminaria nosso relacionamento. Se é que poderíamos chamar de relacionamento o que tínhamos.

— Você tá mais quieto que o normal — Herrera comentou enquanto dirigia. Olhei meu reflexo no retrovisor, meu cenho franzido, semblante cansado.

— Só pensando no que vou falar.

— Para a Dulce? — Assenti, observando o horizonte. — Vai mesmo fazer isso?

— É necessário. Não posso ficar quebrando as regras do hospital assim.

Herrera parou o carro no semáforo e virou para mim.

— Ah, para com essa merda. Eu sei muito bem que você gosta dela.

— Claro que não. Era apenas carência por estar sem memórias — tentei disfarçar.

— Eu vou te dar um soco.

Dei meu maior olhar frio em sua direção, mas não surtiu muito efeito. Herrera apenas me encarou de volta com uma sobrancelha erguida. Nesse momento, a luz verde do semáforo já havia acendido e começamos a ouvir algumas buzinas dos carros parados atrás de nós.

— Tá, tá... Eu admito que gosto dela. Feliz? — respondi rabugento.

— Obrigado — voltou a dirigir antes de continuar. — Dulce Maria é uma moça muito boa para ser tratada desse jeito.

— De qualquer forma, vou terminar com ela — Ele me espiou de canto, abriu a boca para retrucar, mas o cortei. — Herrera! O que você acha que aconteceria se Gastão pensasse que ela está envolvida na investigação? E se alguém cortar os freios do carro dela também? Eu não posso deixar Dulce se machucar por minha causa! — pronunciei um pouco exaltado, depois respirei fundo para murmurar — Não posso...

O clima ficou meio pesado, então Herrera, como sempre, tentou aliviar.

— Awn, que bonitinho, o Vampirão tem sentimentos!

Em outra época, com certeza xingaria o rapaz. Entretanto, há algo diferente dentro de mim após toda essa avalanche de acontecimentos. Por isso, apenas dei um sorriso torto, confirmando sua constatação.

Ao estacionarmos no hospital, porém, toda a preocupação retornou.

— Como vou fingir amnésia? Qual expressão eu costumava ter perto de vocês que sabiam do meu diagnóstico? — Me olhei pelo espelhinho do quebra sol, imaginando como as pessoas me viam antes. — Acho que preciso parecer meio bobo, avoado.

Um Novo Começo com Você - VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora