Lado 1: Até os quinze anos, estive me espelhando em você

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Notas Iniciais: O capítulo tem 22k palavras, se eu revisasse hoje, provavelmente ficaria maluca 😅 vou fazer as correções necessárias depois!!

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Isso não é uma avaliação de álbum.

Ou o trecho de uma letra.

É a história de alguém.

Que pela primeira vez

Conseguiu ouvir o som do próprio coração.

Assim como as pessoas têm diferentes formas de definir o que a música representa em suas vidas, as pessoas têm diferentes formas de interpretar uma música que ouvem.

Na verdade, este é um tópico que facilmente se tornaria motivo de discussão. A existência ou não de um jeito "certo" de entender uma música não é um consenso, e certas vezes pessoas têm visões diferentes sobre suas possibilidades de significados.

Assim como imagens, os sons podem remeter a coisas diferentes dependendo do observador, mas é inegável que sempre existe algo em comum independente do modo de olhar.

Uma pintura abstrata pode gerar diferentes possibilidades de significados e sentimentos, mas se ela possui muitas formas quadradas, ou possui muita tinta verde, isso não é exatamente debatível, e muito menos subjetivo.

Claro, essa é uma discussão bem mais profunda do que isso, e dificilmente se chegaria a uma conclusão concreta. Talvez tudo que é produto da mente humana esteja condenado a ser alvo de grandes discussões e camadas complexas. Qualquer forma de arte, é nada mais que um fragmento da mente humana sintetizada em algo além de apenas pensamentos, para algo que é e ao mesmo tempo não é tangível.

Assim como qualquer outra arte, a música é assim. Por isso, quando Seele começou a compor, não foi exatamente uma tarefa fácil.

Ela nunca pensou que se identificaria como alguém que gosta de escrever sobre suas emoções. Mas foi quando ela estava tentando fazer o que ela chamaria de "a música mais superficial e industrial do mundo" que ela percebeu o quanto era inútil tentar fugir disso.

Mesmo que ninguém interpretasse desse jeito, aquela música seria produto de seu desespero e frustração. Ela sabia disso, seu subconsciente sabia disso. E se tornou uma parte além de si no instante em que aquelas palavras foram furiosamente riscadas no papel de seu caderno, em forma de versos clichês e reutilizados.

Por mais confuso que isso fosse para si no começo, eventualmente Seele entendeu que aquilo, além de uma etapa de produção da música, também era uma forma de expressão.

Quando ela sentiu que seu coração estava sangrando e entupido de coisas que não sabia como externalizar, aquela pareceu uma boa ideia, como uma tentativa de não se deixar sufocar pelo desespero. Como uma possibilidade de mergulhar em um oásis quando se está morrendo de sede no deserto.

Mas ao diferente do oásis, cuja única consequência de seu uso seria se molhar para saciar sua sede, o custo de se expressar era se permitir estar vulnerável. E, para quem não está acostumado a se permitir estar nessa posição, isso pode ser assustador.

Rasgando mais uma folha e disposta a tentar de novo, Seele também entendeu outra coisa. Ela entendeu que além da música ser uma forma de expressão, ela poderia ser a sua forma de expressão. Talvez a única que ela tenha se permitido usar em anos.

Fifteen • bronseele (hsr) Onde histórias criam vida. Descubra agora