Capítulo único; não somos amigos.

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 Os vidros se estilhaçando assustou o metamorfo, que encolheu-se na própria cama, pausando o jogo no mesmo instante, esperou alguns segundos pelo som alto do alarme de crimes, e se surpreendeu ao não escutar nada. Mutano deixou de lado o controle do videogame e capturou o comunicador atrás de alguma pista do que tinha ocorrido, descobrindo apenas que estava sozinho na torre naquela tarde, não totalmente sozinho, visto que Ravena também se encontrava em casa, porém este fato não mudava nada, já que a empata não saia de seu quarto para nada.

 Os ouvidos sensíveis de Mutano ficaram alerta ao som de mais vidros se quebrando, estava perto de si, no entanto era o único som existente, não havia passos ou vozes, apenas os cacos de vidros se encontrando no chão.

 Mutano saiu do cômodo em silêncio, encontrando um corredor vazio e com a vidraça intacta. Caminhou por toda a torre e para sua surpresa não encontrou nada quebrado, tudo estava intato. 

 O metamorfo abriu uma fresta de uma das janelas da cozinha, transformou-se em um pássaro e voou torre a fora. Verificou cada ponto da torre e logo identificou a vidraça quebrada. Mutano não pensou ao voar rapidamente para dentro daquele cômodo, apenas seguiu seus instintos, e permitiu a mudança de seu corpo de pássaro para um leão, rugindo ao bater as patas no chão do cômodo.

 - Que porra é essa? - Ravena rosnou, seus olhos brilhavam em um vermelho vivo.

 Mutano olhou ao redor, não encontrando nada além de Ravena, cacos de vidros e os mesmos móveis que a mulher tinha desde que se mudaram para aquela torre.

 - O que rolou com o vidro? - Mutano questionou, voltando a forma humana.

 - O que você está fazendo no meu quarto? - Ravena o olhou de cima a baixo, e pela primeira vez em anos o rapaz se sentiu envergonhado por estar apenas com uma bermuda. 

 - Ouvi o barulho de vidro, pensei que estávamos sendo atacados.

 - E você vai salvar o mundo nú?

 - Não estou nú - Mutano respondeu, cruzando os braços. Ravena notou os músculos do rapaz demarcarem mais do que o normal, e segurou-se para não revirar os olhos.

 - Vai salvar o mundo estando seminu, tanto faz - a empata deu de ombros. - Já viu que não estamos sendo atacados, já pode sair do meu quarto.

 - Temos que avisar o Cyborg sobre os vidros, pensei que o latão tinha feito melhorias na torre, o Dick vai ficar furioso.

 - O Cyb melhorou, pare de culpar as pessoas - Ravena comentou, buscou sua capa com o olhar, localizando-a do outro lado do cômodo, estava se sentindo exposta demais com Mutano ali, precisava tirá-lo dali ou vestir algo que a deixasse mais confortável, invés do simples short de malha fina e a regata branca que vestia naquele momento.

 - Como o vidro quebrou então? - Mutano questionou curioso.

 - Eu o quebrei.

 - Por que? 

 - Porque eu quis - Ravena respondeu, torcendo para ser o suficiente e o rapaz verde ir embora de seu quarto.

 - Não sou o Dick, mas pode desabafar comigo se quiser, sou um bom ouvinte, senhora incrível.

 - Senhora incrível? - Ravena olhou-o incrédula, o rapaz realmente tinha falado aquilo?

 - Você acabou de destruir sua janela, é no mínimo bem forte para isso.

 - Mutano cala a boca - Ravena rosnou.

 - O que rolou para estar tão irritada? - Mutano questionou, sentando-se sobre a cama da garota, que queimou-o vivo com o olhar. O metamorfo desviou o olhar para a porta do banheiro aberta, conseguindo ver o espelho quebrado e o box parcialmente trincado. - Você definitivamente precisa ser ouvida.

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