9 - A hipótese do amor.

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Lari me encarou, mas eu não podia contar para ela que eu estava intrigada pela forma que o primo dela agia comigo.

- Nada não. - Eu disse e olhei para a tela da tv. - Você conhece ele muito bem, em?

- Ah, eu conheço aquela peste desde criança, sabe? A minha mãe nunca foi muito... é, muito boa em ser mãe, sabe? Ela só bebia, se prostituia e esquecia de mim em casa, mesmo pequena e meu pai, ele morreu quando eu tinha um ano de idade. - Ela disse, sem olhar para mim. Eu fiquei pensando em como ela conseguia contar aquilo para mim, sendo que ela mal me conhecia. - Então, a mãe do Adrien me salvou e me adotou. Nós crescemos juntos e a minha tia, ela é como uma mãe para mim e o Adrien como um irmão.

- Oh. - Foi o que eu disse, sem esboçar nenhuma reação no meu rosto. - Você é uma ótima pessoa.

Ela sorriu e fez um beicinho engraçado.

- Obrigada. - Ela agradeceu e se levantou da cama, indo até a minha estante de livros de fantasia e romance. - Ai nossa, são todos seus?

Eu fiz que sim. Eram tantos livros, e eu já tinha lido quase todos eles.

- Me empresta esse? - Eu fiz que sim e me levantei também, vendo que ela estava com A hipótese do amor em mãos e queria lê-lo. - Esse é sucesso do booktok.

- Sim, só que eu não consegui gostar sabe? Não me julgue, pelo amor de Deus! - Eu disse. Aquele livro não tinha me emocionado em nada. - Assim ( spoiler ) A Ol é ingênua demais e eu não senti aquela química do casal, sabe? Não consegui gostar e eu queria muito ter sei lá, mas não consegui. Muito sem sal.

- Não! Calma, você acabou de me dar um spoiler? - Lari ficou incrivelmente vermelha e eu tapei a minha boca. -  EU VOU TE MATAAAR! - Ela disse e me tacou a primeira coisa que viu na frente.

- AAAAH! - Eu quase cai para trás, quando senti o impacto do travesseiro na minha cabeça. - Você me paga. - Taquei de volta nela que acertou nas suas costas. - Não tenho culpa se o roteiro todo é sem sal.

- Sem sal é o seu rabo. - Lari resmungou e abraçou o livro, com carinho. - Eu vou ler ele e tenho certeza que vou gostar. - Neguei com a cabeça. Tsc... tsc. - Você é tóxica!

- Vai lavar a bunda. - Resmunguei. - Deixa eu assistir minha série. - Me sentei de volta na minha cama e peguei a vasilha que estava com o purê. - Tomara que aquele molho de abóbora que a Ol come te mate envenenada.

- Vaca. - Ela resmungou de volta e se sentou numa cadeira que eu usava para sentar e estudar. E abriu o livro. - Pelo menos a capa é bonitinha.

- As aparências enganam. - Cantarolei.

Ela me mostrou o dedo do meio e eu estalei a língua em deboche.

Como eu consegui uma amiga tão rápida?

[...]

10:39 da manhã e eu estava em sala de aula. Eu estava lendo Minha esposa por contrato no Kindle e tomando meu suco de caixinha nada saudável que eu era extremamente viciada. Sim, eu comprei um Kindle faz algum tempo.

Nada daquela sala atraia a minha atenção, a não ser aquele livro. Era perfeito.

A professora de inglês estava dando sua aula, na verdade, ela preferia mais ficar falando da sua vida do que realmente dando aula, o que me deixava nervosa.
Todos os alunos, até os barulhentos participavam da aula. Ou seja, quando é para falar da vida alheia, todo mundo participa.
E bom... Tother permanecia no fundo, rodeada de garotos e sorrindo. Aquela voz que me irritava, que revirava meu estômago.

Sempre que dava, ela tentava forçar simpatia comigo, uma coisa que eu não aceitava de forma alguma.

E embora eu estivesse concentrada no livro, minha cabeça sempre insistia em estar nas nuvens.

Pensei em como Ester, Dana, Josh e Daivy eram ótimas pessoas e Larissa também. E em como Adrien era uma pessoa misteriosa para mim.

Fiquei pensando nisso até a aula dar por encerrada. Então, a representante da sala se levantou.

- Gente, preciso da atenção de todos vocês...- Ela disse, pegando um papel e uma caneta. - Bom, como todos sabem, vamos a um passeio na sexta-feira ao Millenium Park, na aula de geografia. - Eu levantei a cabeça e comecei a prestar atenção. O millenium Park era quase a maior obra mais linda de Chicago, perdendo para o Bien. Era simplesmente a coisa mais linda, cerca por obras de arquiteturas e ruas que pareciam a um centro, ou uma praça. - Queria saber se todos podem ir e se ambos vão ajudar com o dinheiro para comprarmos lanches e pagar o ônibus para nós levar até lá!?

Todo mundo fez que sim e alguns começaram a entregar 10 dólares para ela. Eu peguei no meu casaco 20 dólares e dei para ela, que insistia que iria voltar o troco, mas eu não quis.

- Pode ficar. - Eu disse e ela se deu por satisfeita.

- Até sexta, então! - Ela falou e saiu da sala.

Eu só conseguia escutar o burburinho das conversas vindo de quase todos da sala, que estavam ansiosos para conhecer o Millenium Park. Eu não tanto, porque já havia ido lá algumas vezes, mas toda vez que eu ia, era como se fosse a primeira vez.

Era uma coisa de tirar o fôlego. A arquitetura e o design do lugar eram esplêndidos. O millenium é uma das poucas áreas verdes que temos em Chicago. Algumas pessoas plantam árvores e tem árvores que dão frutos que todo mundo que quiser pode colher. É demais!

[...]

- Oi. - Eu disse, abrindo a porta do carro e entrando. Mais um dia de aula e meu irmão foi me buscar na porta da escola.

O lado bom era que eu não ia enfrentar um sol quente; e o lado ruim era que toda garota que o via, ficava dando em cima dele, só porque ele é um arquiteto famoso e já passou na TV algumas vezes.

Isso me deixa irritada, porque elas conhecem ele como "O GAROTO QUE CONSTRUIU O BIEN," e não o garoto incrível que ele é!

- Cansada? - Ele perguntou e eu fiz que sim com a cabeça. - Fiz estrogonoff de frango. Sei que você ama.

- Ai só você mesmo pra me salvar. - Fiquei feliz e encostei minha cabeça na janela do carro, como sempre eu costumava fazer. - Vou ligar o rádio.

Liguei o mesmo e fui passando algumas músicas até parar em Flaws, do Callum Scott. Eu também amava aquela música, e não vou negar que toda vez que eu escutava ela, eu me lembrava do...

AH NÃO! O Que você está fazendo de novo, Rebeca?
"Jamais dizer seu nome novamente?" Lembra?
Era só uma música que nós dois costumávamos escutar juntos e que nós tínhamos como música de casal.

Será que se ele escutasse ela, ele lembraria de mim? Se lembraria do que ele perdeu por um beijo? Não foi só uma namorada que ele perdeu! Ele perdeu alguém que se importava com ele, que o tinha como seu mundo.

- Pensando nele de novo? - Alex perguntou e eu, por mais que quisesse negar, eu fiz que sim. - Você precisa conhecer pessoas novas, dar chances a outras pessoas.

- Seus conselhos são sábios e severos, mas eu os aceito. - Tentei dar risada.

Alex piscou o olho para mim e sorriu amigável. Eu conhecia cada traço do seu rosto e o que ele queria dizer. Não precisava de muito para saber que ele queria ter um poder e apagar todas as boas lembranças boas que eu tinha com o... é, ele mesmo.

- Eu quero você e todas as suas imperfeições. - Ele cantarolou, enquanto dirigia.

- Você quer a Larissa e todas as imperfeições dela...- Cantarolei de volta e ele negou com a cabeça.

- Não existe o "nós" entre nós dois. - Revirei os olhos. Eu não acreditava em nada palavra que eles diziam.

- Olha, posso ser burra do amor, mas ainda sou uma leitora amadora que sabe reconhecer um bom clichê  quando vejo um. - Minha vez de piscar o olho. Alex negou com a cabeça.

- Você tem dezoito anos. Não sabe o peso da faculdade ainda e de conseguir um emprego depois que sair dela. Relaxe. - Olhei para ele. - Quando o amor bater na sua porta, deixe ele entrar.

•••
Seguinte...

Como Consertar Meu Coração.Onde histórias criam vida. Descubra agora