único: como meu amor por você, gatinho!

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Roier sorria orgulhosamente, seus olhos tremendo em seu globo. Sangue manchava suas roupas, o branco de seu uniforme brilhando em vermelho rubi.

Caídas em sua frente, estavam duas pessoas. Uma delas era uma garota, cabelos ruivos e lisos, pele branca e expressão de terror em sua face morta. Ao seu lado, tão ensanguentado quanto ela, estava um garoto de cabelos escuros e pele escura, olhos arregalados, embora já estivesse a muito tempo sem vida.

O que os dois tinham em comum? Ah, claro… Eles dois ousaram chegar muito perto de sua paixão, seu amor, seu querido, seu gatinho!

Cellbit era um ano mais velho, cabelos loiros e lisos, pele branca e sardenta, olhos azuis esverdeados — mais belos que quaisquer pedras preciosas na percepção de Roier —, e uma expressão sempre calma.

Roier o amava.

Ele era perfeito! Tudo sobre ele, cada vírgula sobre ele!

Eles não se falavam — ainda —, mas Roier sentia seu coração disparar todas as vezes que o via andando pelos corredores, às vezes sozinho, às vezes com aqueles… Amigos dele.

Não que Roier fosse ciumento, haha.

Haha.

Afastando esses pensamentos, o garoto se ocupou em puxar os corpos mortos para longe, cantarolando baixinho uma musiquinha que sabia que Cellbit gostava.

Após garantir que os corpos estavam bem colocados, ele deixou um papelzinho perto dos cadáveres presos pelo pescoço nos fundos da escola. Ali, perto da grande árvore, estava uma cartinha conjunta sobre como eles estavam frustrados, depressivos e, infelizmente, acabaram com suas vidas em conjunto… Que triste.

Roier trocou suas roupas, pondo fogo em seu uniforme sujo e limpando sua bagunça. Ele estava se acostumando a isso mais rápido que o esperado, antes o que ele levava horas pra terminar agora era rapidamente finalizado.

De humor revigorado, o mexicano saiu dali e voltou as áreas comunais da escola com um sorriso doce em seus lábios, falando com todos.

Até que, em um descuido, ele esbarrou em alguém.

— Oh lo sient—

Sua voz morreu em suas cordas vocais, sua boca secando enquanto seu coração disparava. Em sua frente, caído e rodeado por vários livros, estava seu gatinho, Cellbit.

Roier sentiu as pernas ficando fracas, sua boca se abrindo e fechando.

Calma, eu preciso me acalmar, ele pensou, respirando rápido e forçando um sorriso gentil.

— ¡Jaja, lo siento por eso, gatinho! ¿Estás herido? ( Haha, sinto muito por isso, gatinho! Você está ferido? ) — Roier soou amigável, entendendo uma mão para ajudar o outro a se levantar.

IDIOTA, POR QUE ESTA O CHAMANDO ASSIM? BURRO, BURRO! ELE VAI NOS ODIAR! ELE VAI NOS ODIAR! ELE VA-

— N-não, eu tô bem… Obrigado! — Cellbit disse, um sorriso tímido em seus lábios, o mesmo aceitando a mão.

Roier sentiu seu coração disparar, sua alma flutuando para fora de seu corpo. Cellbit estava segurando em sua mão.

ELE ESTÁ ME TOCANDO, HAHA.

Apesar da euforia, as paranóias começaram a encher sua cabeça quando viu o loiro se abaixar para pegar seus livros, todos espalhados pelo chão e, talvez, amassados.

Oh, ele havia estragado tudo!!! Desse jeito Cellbit NUNCA seria seu amigo, depois seu melhor amigo, depois seu amante e depois—

— No tienes que ser tan amable, quiero decir que te hice caer e incluso tiraste tus co—

Cellbit colocou o dedo indicador sob os lábios de Roier, sorrindo amigável. — Shhh, você fala demais.

Roier sentiu seu rosto corar, sua pele queimando. Ele desviou o olhar, abrindo e fechando a boca. Ele estava ofegante, estava tão próximo dele! Tão, tão próximo!

Ele queria beija-lo, queria ser um com ele. Ele queria ele.

Os pensamentos ficavam cada vez mais doentes, mais intensos. Roier precisava sair dali, ou ele estragaria tudo!

— YO… TENGO QUE IRME, ADIÓS.. ( Eu… EU TENHO QUE IR EMBORA, ATÉ. )

Sem esperar uma resposta, o outro saiu correndo para longe, deixando o loiro sozinho no corredor vazio.

Cellbit, sozinho, ficou olhando para onde Roier fugiu e, de forma discreta, um sorriso se formou em seus lábios.

Seus olhos estavam recheados de um brilho insano, seu sorriso se tornando cada vez maior.

Ele ergueu a mão até a altura de seu rosto, rindo sozinho.

— Eu toquei nele… Nos lábios dele… — Ele repetiu para si mesmo, seu rosto corando enquanto ele olhava para seus dedos. — Haha, tão doce…

Ele sorria sozinho, mordendo o lábio ocasionalmente para conter seus instintos. Queria agarrar Roier, prende-lo para sempre em sua casa e fazê-lo lhe amar, mas precisava manter as aparências.

— Pelo menos ele não viu nada… — Cellbit agarrou um dos cadernos entre os livros caídos e, ao abri-lo, seus olhos brilharam ainda mais. — Tão lindo…

Era uma bela coleção de fotos de Roier em todos os ângulos possíveis.

Quem se importa que pra isso ele teve que segui-lo algumas vezes? Quem liga que ele teve que invadir a casa de Roier para conseguir uma foto onde ele estava dormindo pacífico?

Quem liga?

Roier corria para longe, rindo sorrindo em meio a um misto de euforia e ansiedade, suas mãos suando.

Ele havia tocado em sua mão, em seus lábios!

Quem liga?

Mesmo que os dois estivessem alheios, acreditando na ilusão que eram inocentes, que o alvo que sua obsessão era puro, apenas um pensamento cruzava a mente dos dois.

Ele vai ser meu.

ámame, gatinho !Onde histórias criam vida. Descubra agora