CAPÍTULO ÚNICO

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Ele não fez nada.

Era isso que se repetia na cabeça de q!Cellbit enquanto continuava no seu escritório, agora mais bagunçado e escuro. Era como um pesadelo, em que ele se sentia observado e perseguido enquanto as pessoas ao redor morriam.

E ele não fazia nada.

Seu melhor amigo, quase irmão, ainda estava desaparecido, e ele não tinha sequer um rastro para seguir. Os códigos continuavam atacando, e as mensagens, os alertas para que fossem embora continuavam. Sua desconfiança nos membros da ilha só aumentava... Nada estava dando certo, ele não saia do lugar.

O rapaz se levanta da cadeira, coloca a senha na porta e sobe para o andar da primeira base que construiu. q!Cellbit ouve o ranger leve do elevador e segura o punhal da sua faca, a marcada de um passado terrível. Ele colocou a mão na maçaneta e se preparou para atacar qualquer que fosse a coisa que estivesse ali.

Ao abrir a porta, ouviu um grito baixo de uma voz conhecida, e abaixou a faca imediatamente. q!Roier tinha a respiração um pouco acelerada, mas se acalmando gradativamente quando percebeu q!Cellbit parado na porta. O gatinho acende a luz e vê o outro encostado na parede, coçando os olhos.

— Hola, gatinho... – Diz o moreno, com a voz rouca, como se estivesse sem beber água há dias. A cauda de q!Cellbit se acalma e as orelhas voltam para cima.

— ¡Ay, guapito! – Responde, com a voz baixa e se aproximando do outro rapidamente. Ele põe uma das mãos no rosto dele, com cuidado. – Usted me asustó, ¿estás bien?

q!Cellbit analisa seu guapito com calma e atenção, uma coisa que faz com poucos. Ele vê sua roupa puída, que se assemelhava a antiga roupa do seu filho, vê o cabelo desgrenhado com a faixa que costuma usar torta e vê um traço que nunca tinha visto antes, além de todo o resto. Seu olhos estavam quase apagados, vermelhos e inchados, olheiras enormes agora estavam evidentes. Parecia que ele havia passado noites sem dormir, chorando.

A boca do gatinho se entreabre, e ele sente seu coração errar a batida, sentindo uma dor tão grande pelo outro que não conseguia descrever. Aquilo era alvo que ele deveria lidar, ele deveria ter que receber aquilo, era para ele ter que lidar com noites sem sono e todo o peso daquilo que acontecia.

Ele sentiu culpa.

— No, no yo sólo... – Ele coça a nuca e abaixa o olhar. – ¿Podría dormir aquí? ¿Sabes, en ese lugar dijiste que podía si lo necesitaba? – "Não, não eu só... Posso dormir aqui? Sabe, naquele lugar você disse que eu poderia se precisasse?"

— !Claro, claro, guapito! Tienes un lugar aquí siempre... – Ele passa o braço nos ombro do outro e o leva até seu escritório secreto.

q!Roier não fala nada, apenas o acompanha, de cabeça baixa. Era estranho ter que ver ele tão quieto, sendo que sempre falava tanto. Como se ele se apagasse a cada segundo. Era compreensível, depois da morte de Bobby, seria estranho se não acontecesse, mas q!Cellbit não deixava de sentir como se fosse errado.

Eles pegam o elevador e vão até o escritório, onde o loiro destranca a porta e a abre para que q!Roier passe, ele não se preocupa em esconder o código dele, apesar de achar que ele nem sequer prestou atenção. Ao passar pela porta, q!Cellbit leva ele até o sofá, sentando-o tranquilamente.

— ¿Por qué estamos en esta oficina? Podría haberme quedado en el piso de arriba, aquí hay que trabajar, Cellbo – "Por que estamos neste escritório? Eu poderia ter ficado no andar de cima, aqui você tem que trabalhar, Cellbo." – Ele diz com a voz mansa que têm usado desde que chegou ali.

— Por qué quiero mantener un ojo en tú, guapito... – q!Cellbit diz, se sentando ao lado dele no sofá, bem próximo dele. Ele novamente passa o braço entorno do outro. – ¿Quieres hablar sobre lo que está pasando?

guapoduo oneshot - razão.Onde histórias criam vida. Descubra agora