Bouchon.

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Esther

Se eu dissesse que não estou nervosa, estaria mentindo, é óbvio que estou. Impossível não estar.

Tamaya me enviou uma mensagem dizendo estar próxima ao meu condomínio, que eu deveria estar pronta, porque não podíamos nos atrasar. O que me deixou mais curiosa do que antes.

Meu dia passou lento demais, a hora não passava, o relógio parecia não querer sair do lugar. Porém, a coisa mais impressionante, e estranha ao mesmo tempo, foi que, eu e Tamaya trocamos mensagens o dia todo, inclusive, ela mesma me enviou um bom dia.

Mandei todos as capturas de tela para Ada. Precisava da minha amiga para saber como agir diante dessa situação maluca em que estávamos novamente.

Estou com o pé atrás, desconfiada e não colocando muita sede ao pote, não quero me afogar de novo e sofrer. Não posso deixar que isso aconteça comigo de novo.

Minha amiga disse que sou louca, mas que se diverte com as minhas loucuras. E que está do meu lado, independente das minhas escolhas. Claro que contarei todos os detalhes a ela, assim que eu voltar do nosso jantar.

Me surpreendi muito quando Tamaya me fez esse convite, considerei negar, não mentirei, no entanto, seria burrice deixá-la ir sem conhecer um pouco mais sobre ela. Mesmo sabendo que os riscos são muitos, eu quero me arriscar e saber onde isso dará depois da noite de hoje.

Já deixei claro para mim mesma que não colocarei expectativas desse encontro. Até porque estamos indo apenas jantar, conversar, talvez uns beijos de sobremesa? Talvez. Não sei qual é o plano de Tamaya, exatamente por isso, não quero me expor tanto, para a decepção não vir com tudo.

Difícil? Sim. Impossível? Também. Mas precisava tentar. Não queria continuar levando tantos golpes da mulher que está me deixando fora de mim.

Ando de um lado para o outro, mordendo o meu lábio inferior, ansiosa por saber que faltam apenas dez minutos para as 20h da noite. Tamaya havia sido específica na mensagem: nada de atrasos. Acredito eu, que isso inclui ela também nesse "nada de atrasos".

Soltei o ar por minhas narinas, agitada. Já não sabia como ficar dentro do meu próprio apartamento. Não sabia se ficava em pé, se andava, se ficava sentada ou se apenas ficava parada, quieta enquanto aguardava.

Fui em direção ao meu quarto, para poder me olhar no espelho, averiguar mais uma vez se a roupa estava adequada para essa noite. Parei em frente, virando, analisando cada detalhe do meu vestido vermelho, meu salto prateado com pedrarias pequenas e brilhantes nele todo. Não havia feito nada de especial em meus cabelos, o tempo era pequeno, não pude sair mais cedo do trabalho, apenas lavei e escovei eu mesma. Fiz uma maquiagem leve, porque o meu intuito, era que o meu vestido destacasse. Aproveitei que estava em meu quarto e retoquei o meu batom, uma cor nude, mas que deixava a minha boca cremosa e volumosa.

Ouço meu interfone tocar, e mais do que depressa me apressurei em atender. Era o porteiro avisando que Tamaya estava aqui, me esperando. Peguei meu celular que estava sobre o balcão da cozinha, minha bolsa preta de mão, apaguei todas as luzes e fui em direção ao seu encontro.

Minha barriga parece que explodirá dentro do meu próprio corpo. A sensação de que algo pode sair errado, ou que tudo isso não passa de uma mera brincadeira ou que ela esteja me usando para depois me ferrar, ainda não sai da minha cabeça. Não consigo confiar cem por centro em Tamaya, mesmo caindo em tentação sempre que ela se aproxima de mim, é algo que ela ainda não conquistou. E não sei se um dia irá conquistar ou se chegaremos até essa etapa.

Odiosa fascinação [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora