23

87 8 0
                                    

Josh

Por que concordou em ir ao baile?

Josh conseguia ver Any do outro lado do salão, rindo com um homem virado de costas para ele. Era alguém que conhecia? Aquele ciúme bruto, de doer a barriga, era algo que Josh nunca havia sentido e que certamente não esperava sentir naquela noite.

— Josh! É você. — A voz feminina interrompeu o curso de seus pensamentos e Josh virou-se para ver uma linda ruiva sorrindo.

— Nour. — Inclinou-se para frente e, apropriadamente, deu-lhe dois beijos nas bochechas.

Josh sentiu o cheiro do álcool e reparou no brilho a mais que emanava daqueles olhos.

Era uma conhecida de Heyoon, mas não pertencia a seu círculo mais íntimo.

— Não esperava vê-lo aqui. Veio sozinho? — perguntou e deslizou o braço por debaixo do dele. — Vamos dançar. Comemorar que somos jovens e estamos vivos. — Sua expressão congelou tão logo percebeu o que disse.

O olhar de Nour guiou Josh de volta à época da morte da esposa, quando todos pisavam em ovos para conversar com ele e tinha que reconfortar constantemente as pessoas que não faziam ideia do que lhe dizer.

Queria apenas convencê-los de que tudo estava bem e então fazê-los sentirem-se da mesma forma.
Eventos sociais eram, quase invariavelmente, lugares cheios de falsidade, mas essa percepção havia se acentuado desde a morte de Heyoon. Sorrisos falsos, alegria falsa.

E, tendo colocado o dedo na ferida, Nour agora parecia determinada a compensar a gafe sendo excessivamente preocupada e carinhosa.

— Como você tem andado, Josh? — perguntou e passou a mão pela manga da camisa dele, demorando-se um pouco demais para um gesto amigável.

Do outro lado do salão, ele viu Any rir novamente. O homem que a acompanhava virou-se um pouco e aproximou-se dela.

Agora conseguia ver melhor e...
Droga. Era Michael Gough, que se fazia de o solteirão da cidade. Any não teria chances contra ele.

Independente de quão bom fosse seu radar, era improvável que captasse os defeitos de Michael. Superficialmente, aquele homem era encantador, mas Josh sabia que havia cem por cento de chances de que ele usasse a camisinha dela e então partisse o seu coração.

— Josh? — Nour continuava a seu lado, um pouco perto demais.

— Tenha uma excelente noite, Nour.

— Ah, mas...

Josh não ouviu o resto da frase pois estava atravessando o salão, meio cego pelo brilho e pela agitação da pista de dança e suas luzes, evitando casais rodopiantes no caminho.

A música não passava de um ruído fraco e longínquo, praticamente inaudível frente ao sangue que palpitava em sua cabeça.
Aproximou-se de Any no exato momento em que Michael se inclinava junto a ela.

— Você — ronronou ele — é a mulher mais interessante que conheci em um bom tempo. Seus peitos são incríveis. E seu cabelo também. Quero ver como ele fica em meu travesseiro.

Com a visão turva de raiva, Josh abriu a boca, mas, antes que pudesse falar qualquer coisa, Any se adiantou e puxou um fio da cabeleira loira.

— Toma — disse em tom bondoso e entregou-lhe o fio de cabelo. — Leva esse aqui e descubra. Infelizmente meus peitos estão presos em mim, então não tenho como te dar um para levar para casa.

Josh ficou imóvel. Sabia que Michael era considerado um partidão e esperava que Any caísse como patinha em sua conversa fiada.

Em vez disso, ela percebeu o que poucas conseguiam. Ela o rejeitou.
Michael percebeu a indelicadeza e estreitou a boca, mas não desistiria tão cedo, principalmente quando percebeu que Josh havia se aproximado.

Milagre Na 5° Avenida - Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora